Hoje foi dia de Consulado Itinerante em Hamburgo. O que é isso? Hamburgo, Bremen e todo o Norte da Alemanha pertencem à jurisdição consular da Embaixada Brasileira em Berlim: isso quer dizer que qualquer pessoa daqui precisa ir até a Capital alemã para solucionar suas questões burocráticas ligadas ao Brasil. Então, para evitar o deslocamento (e o gasto), umas duas ou três vezes por ano, a embaixada organiza um dia de atendimentos em Hamburgo (e em outras cidades também) e leva seus serviços aos brasileiros espalhados pela Alemanha. Eu precisava renovar meu passaporte, prestes a vencer, e aproveitei a oportunidade (veja aqui as regras para renovar seu passaporte no exterior). Ai que começa a história.
Definitivamente, estou desacostumada com o Brasil e a ver um monte de brasileiros juntos. Claro que tenho amigos brasileiros aqui: mas exceto por um jogo de futebol (a fatídica derrota para a Holanda, na Copa), nunca tinha visto tantos de uma vez só. Como são (somos!?) barulhentos! Essa foi minha primeira impressão. E desorganizados (apesar dos esforços dos voluntários em organizar filas e listas de chegada). Embora eu tenha levado 100% dos documentos prontos para fazer o passaporte (é só ler as explicações de cabo a rabo!), acabei na lista errada (a de quem tinha os documentos incompletos) e esperei quase duas horas por um atendimento que levou, de fato, três minutos.
O tempo de espera não foi chato, preciso dizer. O Joatan foi comigo e já na HBF de HH (Estação central de trens de Hamburgo) encontramos a Rebecca, sempre parceira pelas andanças pela segunda maior cidade da Alemanha. Já na escola que funcionou como sede do consulado, havia marcado de conhecer a Melize – mais simpática ainda pessoalmente. Então, as horas passaram correndo com uma conversa animada, troca de experiências e receitas alemãs e brasileiras.
Mas esse comentário todo é basicamente um post introdutório a fim de contextualizar observações mais ‘antropológicas’. Mas isso vem em seguida. Por hora, basta uma lista de sugestões: slots para a marcação de hora via internet; senhas de papel e não listas malucas; uma caixa de som com microfone pra poupar a voz das voluntárias que se descabelavam pra ser ouvidas no meio da barulheira sem fim dos brasileiros... e uma quituteira vendendo coxinhas, risolis, pastel e brigadeiros na porta (da pra enriquecer! Ehheeheh).
No geral, o dia de sol congelante de Hamburgo (terminei com as bochechas mordidas por que congelaram e eu não percebi que me machucava) foi, enfim, divertido. Mas não sei como seria voltar para o Brasil nesse minuto. Saudades da família e dos amigos são imensas e deixam o coração apertado, mas tem uma série de ‘coisinhas’ que não fazem a menor falta...
Para ilustrar esse post, um print screen do site da Embaixada Brasileira em Berlim: nada pode ser mais horroroso e amador! Vergonha total!!!!
sábado, 27 de novembro de 2010
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Considerações sobre preconceito em Portugal e na Europa
Existe sim preconceito contra brasileiros em Portugal, como existe preconceito contra imigrantes em toda a Europa. Cada país discrimina os que estão em número maior: Em Portugal são os brasileiros, na Alemanha, os turcos, na França os africanos, em geral. Não diferente da forma como o Sudeste vê o Nordeste ou como o Florianópolis discrimina gaúchos e Argentinos. Quanto maior o volume de imigrantes de um certo país ou região, mais perceptível esse grupo se torna na sociedade e suas maneiras e costumes diferenciados acabam por ter ênfase.
O assassinato de um brasileiro em Portugal, vítima de um preconceito descabido, me deixou chocada e triste. O sentimento de desconforto com o diferente é latente, mas quando ganha vida e se transforma em violência, mostra sua face cruel. Esse caso noticiado pela mídia foi absurdo e mesquinho... Nada justifica tal atitude e espero que as autoridades portuguesas encontrem o responsável e que ele seja severamente punido. Nenhum tipo de discriminação pode passar impune: seja no Brasil (leia-se Mackenzie, Uniban e tantos outros), na Alemanha, em Portugal...
Mas é preciso fazer um contraponto! Não se pode julgar uma nação por um ato: não se pode chamar os alemães de nazistas só por serem alemães, por exemplo . Os portugueses, todos os que tive a chance de conhecer, são pessoas maravilhosas e sempre que estive na 'terrinha' fui muito bem recebida. Conheço mais de Portugal hoje do que a maioria dos portugueses, posso dizer com certeza. E tenho laços que vão além do turismo: ganhei uma família portuguesa, que não poderia melhor!
Também preciso falar que senti vergonha por ser brasileira muitas vezes por lá: cada vez que via alguém fazendo algo errado (jogando lixo no chão, não recolhendo o coco do cachorro na calçada, ouvindo música alta sem fones no trem, usando roupas vulgares, falando aos berros no telefone por horas seguidas em locais públicos, etc e tal...), era sempre brasileiro!
Verdade seja dita: se você decide morar em outro país, é você que precisa se adaptar às regras desse novo país. Se quiser viver do mesmo jeito que no Brasil e não está disposto a se adaptar, a assimilar novas culturas e novas formas de pensar, fique em casa. Nesse ponto, Portugal é muito mais tolerante que a Alemanha: há muito mais espaço para os brasileiros na sociedade de lá do que há para os turcos – ou mesmo os brasileiros – aqui na Alemanha.
No mais, boa educação funciona em qualquer parte do mundo: por favor, com licença e obrigada são a três primeiras palavras que você precisa aprender em qualquer idioma. No caso de Portugal, nem isso: você usa as mesmas que já aprendeu em casa. E caso não tenha aprendido, não vá para lugar nenhum do mundo para fazer feio. E respeito: esse vale dentro da sua casa e em qualquer lugar do planeta...
O assassinato de um brasileiro em Portugal, vítima de um preconceito descabido, me deixou chocada e triste. O sentimento de desconforto com o diferente é latente, mas quando ganha vida e se transforma em violência, mostra sua face cruel. Esse caso noticiado pela mídia foi absurdo e mesquinho... Nada justifica tal atitude e espero que as autoridades portuguesas encontrem o responsável e que ele seja severamente punido. Nenhum tipo de discriminação pode passar impune: seja no Brasil (leia-se Mackenzie, Uniban e tantos outros), na Alemanha, em Portugal...
Mas é preciso fazer um contraponto! Não se pode julgar uma nação por um ato: não se pode chamar os alemães de nazistas só por serem alemães, por exemplo . Os portugueses, todos os que tive a chance de conhecer, são pessoas maravilhosas e sempre que estive na 'terrinha' fui muito bem recebida. Conheço mais de Portugal hoje do que a maioria dos portugueses, posso dizer com certeza. E tenho laços que vão além do turismo: ganhei uma família portuguesa, que não poderia melhor!
Também preciso falar que senti vergonha por ser brasileira muitas vezes por lá: cada vez que via alguém fazendo algo errado (jogando lixo no chão, não recolhendo o coco do cachorro na calçada, ouvindo música alta sem fones no trem, usando roupas vulgares, falando aos berros no telefone por horas seguidas em locais públicos, etc e tal...), era sempre brasileiro!
Verdade seja dita: se você decide morar em outro país, é você que precisa se adaptar às regras desse novo país. Se quiser viver do mesmo jeito que no Brasil e não está disposto a se adaptar, a assimilar novas culturas e novas formas de pensar, fique em casa. Nesse ponto, Portugal é muito mais tolerante que a Alemanha: há muito mais espaço para os brasileiros na sociedade de lá do que há para os turcos – ou mesmo os brasileiros – aqui na Alemanha.
No mais, boa educação funciona em qualquer parte do mundo: por favor, com licença e obrigada são a três primeiras palavras que você precisa aprender em qualquer idioma. No caso de Portugal, nem isso: você usa as mesmas que já aprendeu em casa. E caso não tenha aprendido, não vá para lugar nenhum do mundo para fazer feio. E respeito: esse vale dentro da sua casa e em qualquer lugar do planeta...
domingo, 14 de novembro de 2010
Joelho de porco: nada pode ser mais alemão!
Joelho de porco é uma comida tipicamente alemã. Existem dezenas de receitas diferentes e nomes diferentes para o prato também: Eisbein, Haxe, Hachse, Hechse, Haspel, Hämmche, Bötel, Knöchla, Stelze, Schweinshaxn, Adlerhaxe, Gnagi... A receita mais tradicional é de Berlim: cozido e servido com chucrute (Sauerkraut). Li várias e resolvi inventar uma receita própria. Ficou bom... Mas é um daqueles pratos que você prepara só pra provar que pode e dificilmente vai se meter a fazer novamente. Não que seja difícil: pelo contrário, fácil demais. O complicado é digerir o negócio... :)
A receitinha aqui em casa foi feita com cerveja. Usei uma Mönchshof Weinachtsbier, que tem um sabor mais acentuado e isso ficou marcante no prato. Acredito que uma Pilsen tradicional deixaria o sabor mais leve e destacaria a carne, que por si só é bastante saborosa. Mas isso não interferiu no resultado final: foi aprovada :). Como não segui receita especifica, fica difícil dar a medida exata dos ingredientes, mas por alto, é mais ou menos assim...
Ingredientes:
1,5 kg de joelho de porco (Parece muito, mas o que se come são cerca de 40%, já que o restante é pele, gordura e osso).
1 garrafa de cerveja (500 ml)
Louro, alho, páprica doce em pó, pimenta e sal a gosto.
Preparo:
Temperei os joelhos e coloquei em salmoura na cerveja por cerca de 20 minutos. Depois, acomodei em um saco de assar (tipo assa fácil – eu nunca achei aqui na Alemanha e sempre peço que alguém traga pra mim do Brasil), coloquei o líquido dentro do saco também e fiz um cortezinho na parte superior para o vapor sair. Então, forno, a 180 graus, por três horas. Não precisa virar. É só deixar assando que fica uma beleza.
Acompanhamentos:
Preparei batatas cozidas. Cozinho com casca e sem sal e, depois, descasco, salgo e passo na manteiga com cebolinha verde, alho e salsinha para temperar. Também servi couve roxa (Rotkohl, de conserva mesmo!) e Meerrettich (raiz-forte) como tempero.
Pra sentir o gostinho do Brasil: receita de coxinha de frango deliciosa
Ontem foi dia de coxinha aqui em casa e ficou muito boa. Já tinha feito antes, uma única vez, mas o resultado não tinha sido tão bom. Esta semana, o Joatan achou uma matéria na Folha de São Paulo com uma receita que, dizem, é da melhor coxinha da cidade. Bom, ensinaram direitinho, mas deixaram algum detalhe de fora, porque, seguindo essa receita ao pé da letra, a massa não ficou igual ao vídeo e precisei de algumas adaptações de última hora. De qualquer forma, o vídeo original tem dicas ótimas: como ver a textura pra saber se a massa está pronta e como enrolar as coxinhas. Vale a pena assistir antes de por a mão na massa!
Também fizemos – a quatro mãos – umas adaptações no recheio, considerando que não se acha catupiry em lugar nenhum da Europa. Usamos os ingredientes locais e mesmo assim, foi uma das coxinhas mais gostosas que já comi na vida! Quer fazer também, segue ai a receita reduzida pela metade, que mesmo assim rende 20 coxinhas – o bastante para alimentar quatro famintos ou cinco pessoas com fome :)! Por fim, vale dizer que a mesma massa serve para fazer bolinhas de queijo: é só mudar o recheio por cubinhos do queijo que você preferir e modelar em forma de bolinhas. Todo o procedimento é o mesmo.
Aqui ta o vídeo que a Folha publicou:
Ingredientes para a massa:
400 gramas de farinha de trigo
1/2 litro de água (eu usei a água onde cozinhei os peitos de frango, para dar mais sabor)
75g de manteiga (ou margarina)
1/2 colher (sopa) de sal
Ingredientes para empanar:
1 ovo
250 ml de leite
Farinha de rosca (Paniertmehl)
500 ml de óleo para fritar
Preparo:
Aqueça a água (ou o caldo, no caso), derreta a manteiga e o sal. Quando começar a ferver, acrescente a farinha de trigo e mexa vigorosamente com um batedor de bolo para não criar pelotas. Vá mexendo sempre até a massa ficar em um tom meio transparente e não grudar na mão. Precisei de ajuda pra isso, já que a massa é muito mais pesada do que aparece no vídeo original. Também troquei o batedor de bolo por uma colher de pau bem forte no meio da função. Essa é a parte mais trabalhosa, mas fica uma beleza! Assim q ficar pronta, espalhe em uma travessa para que a massa esfrie e você possa modelar as coxinhas.
Ingredientes para o recheio:
400 gramas de peito de frango (usei Puten e ficou ótimo também)
2 dentes de alho
200 gramas de requeijão (Schmelkäse, vende no Lidl, Rewe, etc)
100 gramas de queijo ralado pra pizza (Emmentaler, gouda ou outro q preferir. Uso aqueles saquinhos que vem prontos :) )
Salsinha (Petersile, pode ser sequinha mesmo. O Real sempre vende)
Sal, páprica e temperos de sua preferência.
Preparo
Cozinhe o frango e desfie. Reserve a água do cozimento para fazer a massa, como já foi explicado. Em uma frigideira, refogue o alho em um fio de azeite, acrescente o frango desfiado, a salsinha e tempere como preferir. Eu usei primenta preta, páprica doce, um pouco de tempero em pó tipo caldo de frango. Deixe esfriar. Quando frio, misture as 100 gramas de queijo ralado e as 200 gramas de requeijão.
Montagem das coxinhas
Unte as mãos com óleo ou margarina para a massa não colar. Pegue uma porção com o tamanho aproximado de uma bolinha de golfe. Faça uma bolinha e depois achate. No centro da massa, coloque uma colherinha do recheio. Junte as bordas e modele a coxinha com o cuidado para não deixar nenhum buraco por onde o recheio possa sair e a gordura da fritura possa entrar.
Misture o leite com o ovo. Depois de modelar as coxinhas, coloque uma a uma nessa mistura e deixe por 1 ou 2 minutos (mais ou menos o tempo que você vai levar para modelar a próxima coxinha). Então, tire do leite e passa na farinha de rosca. Aproveite para dar mais uma modelada, acertando o formato. Modele todas as coxinhas e coloque lado a lado em uma travessa. Você pode congelar as coxinhas nesse estágio, se quiser.
Para fritar, coloque o óleo em uma frigideira pequena e alta – ou em uma panela pequena – de forma que as coxinhas possam fritar submersas em óleo e dourarem dos dois lados simultaneamente. Frite até ficarem em tom marrom-dourado e coloque para escorrer em uma travessa forrada com guardanapos. Aqui em casa, comemos com pimenta Sambal ou Tabasco. Delícia garantida! Podem perguntar para os vizinhos... :)
sábado, 6 de novembro de 2010
Receita de Natal: sem as frutas secas tradicionais, o melhor Stollen do mundo, de chocolate, nozes, castanhas e marzipã, é o meu!
O melhor Stollen do mundo – entre os que eu já provei, claro! – é o meu! Ehhehehe Sim, verdade e sem falsa modéstia. Pra quem não sabe, Stollen é uma espécie de panetone – um pão cheio de frutas cristalizadas, castanhas e, algumas vezes com recheio de marzipã – que se come no Natal. (Saiba mais em alemão ou em inglês) Aqui na Alemanha não é comum ver panetones à venda. Existem, claro, mas como artigos importados. A tradição é mesmo comer Stollen.
Como estou em uma fase que não sei pra onde a vida vai me levar (se vou embora, se fico na Alemanha, na Europa ou pra que canto do mundo sigo), ando empenhada em aprender as receitas típicas daqui e, de preferência, com ingredientes que eu possa encontrar mundo a fora. Por que assim, mesmo que eu vá embora, posso levar um pouco da Alemanha comigo e, em especial, o Natal daqui: que é perfumado, lindo, gelado.
Pra ser perfeito, só falta a família reunida. Mas não se pode ter tudo na vida.
Bom, voltado ao Stollen. As revistas de mulherzinha – que eu adoro comprar porque é uma forma não tão chata de estudar alemão – estão cheias de receitas. Desde o mais tradicional Stollen, com frutas cristalizadas, uva passa e marzipã, até outras criações, com pasta de papoula.
Esse ai é o mais tradicional deles, com a receita pra quem quiser se aventurar:
Achei uma outra receita bacana em uma dessas revistas em que o Stollen é enrolado como um rocambole – o que evita que todas as frutinhas parem no fundo dele (a página da revista com a receita tá no final desse post). Como o meu namorado não é muito fã de frutas secas, lembrei dos ‘chocotones’ do Brasil e fiz uma mistura: Stollen enrolado com chocolate ao leite, chocolate amargo, avelãs e recheio de marzipã. E eu juro: é o melhor que já provei nesse mundo!!!! Vai ai a receitinha (que não é nada difícil!)
Stolen de chocolate com avelãs e receio de marzipã
Ingredientes para dois Stollen de 30 centímetros:
Para a massa:
500 gramas de trigo (Na Alemanha, tipo 405)
125 ml de leite
1 cubo de fermento biológico fresco (aqui são 42 gramas. Não sei o tamanho dos cubos no Brasil)
100 gramas de açúcar
125 gramas de manteiga ou margarina
4 colheres de licor de amêndoas (opcional)
Para o recheio:
200 gramas de avelãs picadas grossamente (deve ficar ótimo também com castanhas do Pará)
100 gramas de chocolate meio amargo em barra (picado grosseiramente)
100 gramas de chocolate ao leite (picado grosseiramente)
150 gramas de massa de marzipã (opcional, mas por aqui é fácil achar: Marzipanrohmasse)
Para a cobertura:
2 colheres de manteiga ou margarina
Açúcar de confeiteiro pra polvilhar
Preparo:
Em uma bacia, coloque metade do trigo e faça um buraco no meio. Coloque cerca de 1/3 do açúcar e esfarele o cubo de fermento sobre o açúcar. Aqueça o leite a uma temperatura em que possa tocar nele (muito quente vai matar o fermento) e despeje cuidadosamente sobre o fermento esfarelado. Deixe o fermento levedar por cerca de 15 minutos. Acrescente o restante do trigo, o açúcar e a manteiga (ou margarina) derretida. Amasse como se fosse um pão, embora a massa fique bem mais mole. Se precisar, acrescente mais trigo até obter uma textura consistente o bastante para abrir com rolo, mas não dura demais. Deixe crescer por cerca de 40 minutos. Depois de crescida, divida a massa em duas partes e, em superfície polvilhada, abra com a ajuda de um rolo até que ela forme um retângulo com cerca de 30 centímetros de largura, uns 50 de comprimento e cerca de 2 a 3 milímetros de espessura.
Para o recheio, misture as avelãs e o chocolate picado e divida em duas partes, já que a receita é para montar dois rolos com cerca de 30 centímetros cada. Divida também o marzipã e faça uma ‘cobra’ com ele. Para enrolar, coloque na ponta o marzipã e comece a enrolar em volta dele como se fosse um rocambole. Vá colocando a mistura de chocolate e avelã por toda a superfície da massa e enrole com cuidado. Cuide para que as extremidades laterais não fiquem sem recheio. Na última volta, deixe sem nada, para dar acabamento. Deixe o rolo pronto descansar por cerca de 20 minutos. Leve ao forno pré-aquecido em 180 graus por cerca de 40 minutos. Repita o procedimento para o segundo rolo. Quando tirar o Stollen do forno, passe manteiga ou margarina e polvilhe com açúcar de confeiteiro.
Ai em baixo vai a página da revista com a receita original. Vale dizer que há um erro quando a espessura da massa descrita no item 3: são 2 milímetros e não 2 centímetros obviamente.
Na revista veio ainda uma terceira receita, de Stollen de queijo Quark com papoulas. Não fiz e nunca provei, mas fica para ilustrar a variedade dessa delícia natalina tão típica da Alemanha.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Melancolia de outono
No ano em que cheguei aqui, no comecinho do outono, fiquei impressionada com o colorido ouro-avermelhado as árvores. Olhava em volta encantada e perdi a conta de quantas fotos fiz para mostrar as folhas de plátanos e carvalhos pelo chão. Agora, no meu terceiro outono em terras alemãs, troquei a visão romântica por uma certa angústia: as folhas despencando e pintando o chão em novas paletas de cores significam tão somente que os dias ficam cada vez mais curtos e o frio mais intenso. É lindo ainda, mas agora dói.
As cores das folhas fizeram com que eu elegesse o outono a minha estação favorita, logo que cheguei. Então veio o inverno longo – quase infinito -, os dias de pouca luz e nenhum sol. Às vezes, a neve como recompensa: branca e linda em sua chegada, lamacenta, úmida e escorregadia nos dias que seguem. Certamente mudei minha predileção: agora, favorito mesmo é só o sol, tão raro neste quase fim da Alemanha.
O outono traz ainda o fim do horário de verão, que deixa de fazer sentido a um certo ponto, mas divide o ano entre dias longos e alegres e os meses melancólicos e depressivos. Faz menos de uma semana que isso aconteceu e sinto uma espécie de peso: é como se as nuvens cinzentas e carregadas se transformassem em um volume a ser carregado pelos próximos seis meses. E o dia curto me deixa com a sensação de ter sido roubada. Nesta época do ano, não há luz antes das 8h30 e às 17h, a noite cai sem piedade. Logo vai ficar pior: o amanhecer fica adiado para depois das 9h e a escuridão insiste em chegar antes que o relógio marque 16h. E assim vai, até que a primavera, tão esperada, devolva o verde à paisagem.
Antes disso, porém, as folhas ainda precisam terminar de cair e muitas manhãs terão o zunido dos varredores de folhas. Não é preciso nem olhar pra fora pra saber que é outono. Assim como não é preciso ver pra saber que, no inverno, os pequenos tratores vão roncar nas manhãs mais branquinhas para abrir caminho por entre a neve nas calçadas. Pra quem mora por aqui, o varrer das folhas é parte da rotina. Pra quem esta longe, pode ser curioso e por isso mesmo fiz o videozinho ai de cima (gravado de dentro da minha janela, claro, porque mesmo o outono exige casacos e sapatos fechados nem que seja só para dar uma espiadinha...).