Alvo fácil: bolsa aberta, para trás, em um transporte público lotado
Viajar o
mundo tem suas técnicas e muitas delas aprendi a duras penas: errando! Já
carreguei malas enormes e cheias de coisas inúteis pensando em “talvez eu
queira usar isso ou precise daquilo”. Mas com o tempo e a experiência de ter
percorrido mais países do que os dedos permitem contar, algumas coisas muito
simples se tornaram regras. Pode até parecer óbvio, mas observar essas
regrinhas pode fazer toda a diferença. Por que um calo no pé, uma câmera
roubada ou uma indigestão podem transformar qualquer viagem de sonho em
pesadelo.
Calçado: O melhor calçado para viajar é um tênis
(velho) confortável. Havaianas podem ir na mala para os dias desesperadoramente
quentes, mas ainda assim é preciso avaliar. Os destinos europeus geralmente são
“limpos”, mas há cidades em que ratos, cães, gatos e toda a sorte de animais
vive pelas ruas. Assim, calçados abertos facilitam o contato com excrementos e
podem ser uma porta aberta para doenças. Sapatilhas e botas baixas podem ser
úteis, mas mesmo um corpo jovem e em forma pode sentir o impacto na coluna e
nas articulações depois de dez ou doze horas de caminhada. Quem inventou solados
com sistemas de absorção de impacto não sabia o bem que estava fazendo para
quem tem a síndrome do pé na estrada.
Água da torneira: Pergunte aos locais sobre a água. Se as pessoas
da cidade bebem água da torneira, você pode arriscar também. Mas desconfie de
qualquer sinal de hesitação na resposta e prefira água mineral. O problema não
está geralmente no tratamento da água, mas nas condições dos canos que fazem a
sua distribuição e na (falta de) higiene das caixas de armazenamento. Em Roma,
por exemplo, existem fontes de água potável pela cidade inteira. Todo mundo
bebe e se refresca nelas sem medo. Então, vá sem medo. Mas pense que, na
dúvida, é melhor gastar uns trocados a mais com água e uns a menos com remédios
para diarreia.
Remédios: Aliás, leve sempre uma farmacinha
junto. Nem sempre é fácil explicar para o vendedor da farmácia que não fala uma
palavra de inglês o que se está procurando. Já tentou pedir gaze em grego? Só
consegui na terceira tentativa. Na farmacinha é bom ter spray antisséptico, curativos
(para os calos!), remédio pra dor de cabeça, um digestivo e um para diarreia.
Eu levo sempre omeprazol também, por que a comida mais apimentada de alguns
países pode afetar estômagos mais sensíveis. Claro que para as emergências é
preciso acionar o seguro de viagem, mas coisinhas simples podem ser resolvidas
rapidamente com um pouco de planejamento.
Bolsa: A melhor bolsa para fazer turismo é o modelo
carteiro com zíper. Aquelas com uma alça que atravessa o tronco. Regule a alça
um pouco mais curta, de forma que a bolsa fique na altura do ventre, use SEMPRE
para frente e aproveite as férias. Isso vale para homens e mulheres. Assim, dá para ficar com as mãos livres – o que
garante fotos melhores! – e evitar furtos. De um modo geral, a Europa é segura,
mas batedores de carteira estão em todos os lugares onde há aglomeração turística.
E nunca, nunca deixe a bolsa aberta nem por um minuto. Mochilas nas costas também podem ser perigosas. Existem vários golpes em que uma pessoa distrai você e a outra rouba objetos da mochila.
Taxi: Os principais destinos turísticos costumam
oferecer uma infraestrutura de transporte eficiente. Usar trens, metrô, ônibus
pode ser tão interessante quanto visitar um ponto turístico. É uma forma de ver
e entender como as pessoas vivem, é a chance de ter contato com a vida real do
lugar. E mais que isso: é uma forma muito eficiente de evitar ser enganado.
Porque podem até existir taxistas bacanas no mundo, mas a má fama da categoria
tem lá suas razões. Com minha eterna cara de turista (mesmo no Brasil!), sou o
alvo preferencial. Evito sempre os taxis, mas quando tenho que usar, fico de
olho. Primeiro, sempre vejo o mapa da cidade em casa. Depois, costumo traçar o
caminho no Google maps para ter ideia de direção e distância. Depois, pergunto
o preço – ou quanto daria, mais ou menos, de A a B. Alguns Apps permitem
simular o preço de uma corrida também e dá para perceber se o valor pedido está
dentro do esperado. Em alguns casos, vale negociar uma tarifa fechada. Por fim, quando tenho internet 3G, deixo o
taxista ver que estou acompanhando o percurso pelo GPS do celular. Pode parecer
paranoia, mas depois de ser enrolada várias vezes, essas táticas de “guerrilha
urbana” têm me safado de maiores chateações.
Roupas básicas: Esqueça o modelito da moda, os saltos, os
enfeites todos. Roupa de viagem tem que ser prática e confortável. Assim,
prefira peças quem combinem entre sim, com cores bem básicas. Uma calça – ou bermuda
– geralmente encara mais de um dia de jornada. Uma camiseta por dia tá de bom
tamanho. Um casaco leve (conforme a temperatura). Se for viajar no inverno, leve
apenas um casaco bom. Ninguém vai reparar que roupa se está usando e é muito
comum na Europa as pessoas usarem um mesmo casaco o inverno inteiro.
Moeda local: Depois da implantação do Euro, viajar pela Europa
ficou muito mais fácil sem a preocupação de cambiar moedas a cada troca de
país. Mas muitos destinos populares no Velho Mundo têm sua moeda própria,
embora seja comum encontrar restaurantes, hotéis e mesmo atrações oficiais que
aceitem Euro. Mas isso é uma furada. O câmbio desses locais é uma piada e pagar
em euro significa, geralmente, pagar 20, 30% mais caro. O ideal é fazer um
cálculo do quanto se planeja gastar e fazer o câmbio apenas uma vez, para não
pagar muitas taxas. Para quem usa cartões de débito europeus, o saque nos
países fora da zona do Euro pode ser até mais barato que a taxa da casa de
câmbio. Mas meu preferido mesmo é o Visa Travel Money (não, eles não patrocinam
o blog! Ehhe), que pode ser usado como cartão de débito nas máquinas da
bandeira Visa e permite saques com taxas justas, em moeda local, no mundo
inteiro.
Bateria e cartão extras para a câmera: Tudo bem que o celular hoje em dia
quebra um grande galho e todo mundo acaba tirando muitas fotos de viagem com
eles, uma vez que as câmeras têm cada dia mais resolução. Mas eu nunca viajo
sem uma câmera na bolsa. Uma não, duas na verdade. Uma maior, com um pouco mais
de resolução e uma bem portátil, para “roubar” fotos onde nem sempre é possível
sacar a câmera grande. Mas isso é exagero meu. A dica mesmo é investir em duas
coisas: um cartão de memória extra e uma (ou duas!) baterias de reserva. Por
que em alguns lugares é impossível parar de fotografar. E mesmo que eu saia do
hotel com a bateria da câmera carregada, corro o risco de ficar sem ao longo do
dia. Assim, sempre tenho uma bateria extra (carregada, claro!!) na bolsa. E
outra coisa: esqueça a síndrome do filme, quando a gente tinha que pensar muito
antes de apertar o botão. Fotografe muito, faça mais de uma foto da mesma cena,
tente diferentes ângulos e regulagens da câmera (mesmo das pequenas!). Quando
se faz uma única foto, não dá para chorar depois se ficou tremida ou se a ponta
da torre foi cortada. Afinal, não tem como prever se a gente vai ter a chance
de voltar ao mesmo destino...