quinta-feira, 5 de maio de 2011

O paraíso sem bananas, mas cheio de surpresas!

A Melize, do Na Alemanha Tem, é mais do que mais uma blogueira que eu conheci na Alemanha. Ela é uma pessoa gente boa pacas, simpática e amiga. Daquelas peças raras de bom coração que aparecem no mundo... E, pra coroar isso tudo, eu ganhei um sorteio que ela fez no blog dela!!! JURO que não foi marmelada! Ela sorteou em um site que não permite maracutaia, em parceria com a historiadora e escritora Neusa Arnold-Cortez, um Kit da DDR e o livro de estreia da autora: Paraíso sem Bananas. Recebi em casa uma caixa toda chique, repleta de itens peculiares: mostarda Bautz´ner, Russisch Brott, Mint Kissen, chá de morango com creme da Goldmännchen (que to curiosa pra provar) e ainda um pendurico de cheirinho falando “Nascido na DDR”. AMEI tudo.


Também gostei do livro da Neusa e escrevi um pouco sobre ele. Ai vai meu comentário pseudojornalístico, mas sem qualquer pretensão de ser uma crítica literária. Melhor entender assim: eu ganhei um presente e decidi comentar com os meus amigos o que achei. :)

Por dentro do muro que ainda cerca os alemães

Se eu encontrasse, na livraria, um livro chamado O Paraíso sem Bananas, eu não saberia do que se trata. Primeiro, porque o livro fala de um espaço/tempo que não tem qualquer conotação de paraíso. Segundo, porque eu não fazia a menor ideia de que, na antiga Alemanha Socialista não havia bananas. Assim como eu não sabia que não existiam laranjas à vontade e não tinha a menor noção de como funcionavam as escolas ou como as crianças eram incentivadas a participar de grupos de jovens em apoio ao sistema.

Esses aspectos do cotidiano socialista – e outras histórias dos 40 anos em que os soviéticos eram o grande irmão dos alemães orientais – estão contados no livro de estreia da historiadora Neusa Arnold-Cortez, brasileira, radicada em um cantinho alemão nos arredores de Koblenz. Curiosa pelas histórias do tempo em que a Alemanha eram duas, a autora entrega um livro sem pretensões: não se trata de um documento histórico, nem de um relato jornalístico e menos ainda de um romance. E é justamente o ser despretensioso que torna o livro descompromissado e agradável.

A linguagem é coloquial e simples, bem simples. As histórias que ela colheu dos ex-moradores da DDR são permeadas por relatos em primeira pessoa. Essa mistura de focos, onde muitas vezes a própria cozinha da casa de Neusa é o cenário, torna o leitor mais um conviva à mesa, parte da conversa. Nas entrelinhas, é possível perceber muito da própria autora: que fala que suas impressões sobre a antipatia alemã foram mudadas depois de seus anos vivendo no novo país, mas ainda escapam as observações sobre a dificuldade de abrir caminhos e estabelecer relações de amizade e confiança em uma terra em que poucos falam sobre si mesmos.

No fim das contas, o livro é uma conversa informal, sem preciosismos literários ou tentativas de doutrinação. O Paraíso sem Bananas é divertido como seu título: uma leitura rápida e repleta de personagens interessantes que deixam as páginas com gostinho de quero mais. Cada um deles merece um romance inteiro para contar suas vidas, suas histórias e suas experiências. Mas para fazer um alemão falar para tantas páginas, vai ser preciso muitas garrafas de Rotkäppchen Sekt.

Ps.: Pra quem quiser ver um pouco mais sobre a vida socialista, aqui tem uma reportagem incrível de um jornalista americano que decidiu passar um mês em Cuba vivendo sob as regras socialistas aplicadas aos cubanos, incluindo racionamento de alimentos e um orçamento de 15 dólares.

3 comentários:

  1. Nossa, AMEI seu blog =))) bom trabalho!!

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  2. nao sabia que o Russisch Brot era da DDR. Eu adoro comer de vez em quando!

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  3. Agora eu é que tenho que escrever: amei, amei, amei!
    Obrigada Ivana por disponibilizar o seu tempo, a sua competência e o seu espaco para divulgar o sorteio que realizamos no Blog da Mel e informacoes concisas e inteligentes sobre o meu pequeno e despretencioso livro - "klein, aber fein".
    Beijos e tudo de bom!
    Ps. Sonho em conhecer Bremen, quem sabe ainda vamos tomar um café juntas?

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