sábado, 7 de janeiro de 2012

Três formas de ver Berlin: roteiros grátis e passeios diferentes pela capital alemã


Esse é o primeiro post de 2012 e tive que me segurar para não falar da festa da virada ou de resoluções para o ano novo: foi só esperar uns dias para que todos esses assuntos ficassem “fora de moda” e pronto, cá estou eu pronta pra estreia. Então, a pauta do dia é Berlin e como conhecer melhor as suas mil facetas. Nós recebemos visitas por aqui nesse fim de ano e, com isso, acabamos tendo a desculpa de fazer um pouco mais de turismo por essa cidade tão cheia de coisas. Na verdade, Berlin é legal por isso: tirando meia dúzia de lugares obrigatórios, mesmo para quem mora aqui ela nunca se torna repetitiva. Então, esse post é pra falar de três Berlins diferentes e que podem ser uma pedida muito legal para quem quer conhecer a cidade de um jeito barato e cheio de curtição.

A primeira coisa a fazer quando se chega na cidade é providenciar um ticket para o transporte coletivo.  Nada de tentar dar uma de espertinho que pega mal, muito mal, como fizeram essas criaturas aqui. Eu pessoalmente recomendo os tickets semanais, se a estada for um pouco mais longa ou os coletivos diários, para até cinco pessoas. Você vai precisar deles de qualquer forma, a não ser que esteja hospedado no centro do centro do centro. Ser apanhado no transporte sem o ticket correto ou validado (tickets do dia precisam ser carimbados nas máquinas  próprias para isso) rende uma multa de 40 euros. E não tem desculpa.

Instruções à parte, é hora de falar sobre as opções de turismo na cidade. Uma eu fiz, outra o marido fez e a terceira, amigos que hospedamos fizeram e nos deram o feedback (e as fotos! Danke, Josi e Danilo!): e que fique claro que não temos qualquer ligação com as empresas que fazem isso. Fica a dica porque os produtos são legais mesmo: todos  passeios a pé pela cidade, mas com temas diferentes. O primeiro, um roteiro mais tradicional, pelos principais pontos turísticos. Depois, um roteiro para conhecer a arte de rua da cidade. Para fechar, um  volta guiada pelos bares underground da cidade.

Berlin em três horas e meia

Quem chega a Berlin logo descobre que a cidade é, na verdade, a conturbação do que já foram várias cidades independentes. Há muito o que se ver e, sem organização, pode-se perder muito tempo indo de um lado para o outro quando muito do que se pode visitar fica perto. Uma boa dica é acompanhar um grupo guiado. Esse aqui, que o Joatan, meu marido fez, é gratuito, mas espera-se que os participantes contribuam com algum tipo de gorjeta no final: de 3 a 5 euros por pessoa é a média.

O passeio (em inglês) dura cerca de três horas e meia e cobre os principais pontos do centro da cidade, repleto de explicações históricas, arquitetônicas e contextualizando os monumentos e prédios  visitados: é uma forma de ver – e viver – Berlin com os olhos um pouco mais abertos e entender porque a cidade é tão diferente de qualquer outra no mundo. Vale dizer que o guia passa por lugares como o Memorial aos JudeusMortos na Europa, mas não há tempo para visitar os museus.  Anote os mais interessantes para voltar no dia seguinte com mais calma. Curiosidades que estão fora dos guias tradicionais, como o estacionamento que hoje cobre o espaço onde ficava o búnquer onde Hitler se escondia e foi morto estão entre as paradas.

O búnquer de Hitler: hoje um estacionamento cobre a área onde as lideranças nazistas se refugiavam durante a guerra

Arte de rua

Mesmo em poucos minutos, é impossível não perceber que tinta spray e colagens são parte do cenário urbano de Berlin. Mas antes de sair dizendo em tom pejorativo que a cidade é toda pixada, vale separar o joio do trigo. Há muita arte nas ruas de Berlin: intervenções de artistas conhecidos e anônimos  por todas as partes. Para quem gosta do cenário mais alternativo, este é o passeio perfeito. Percorre galerias, ruas, becos por onde você nunca andaria sozinho e explica quem fez o quê e porquê. E nada de achismos: os guias são, na maioria, estudantes de arte e conhecem a fundo as peças que vão apresentando, complementando as explicações com imagens de livros.

Galerias e intervenções: o passeio mostra Berlin em seu lado mais colorido e vibrante, como nessa obra de El Bocho (Foto: Danilo Nascimento)

O passeio termina na famosa East Side Gallery, um trecho preservado do muro onde estão pinturas que se tornaram ícones da arte de rua depois da reunificação alemã. Com ou sem guia, o local precisa ser visitado: é interessante por seu valor artístico e histórico. Em alguns pontos, ainda apresenta o segundo muro e da pra ter uma ideia de como era o espaço entre as duas Alemanhas, a chamada terra de ninguém.  Ah, para esse passeio alternativo, vale a mesma regra do primeiro: gorjetas em torno de 5 euros por pessoa são esperada, embora não obrigatórias.

Um dos clássicos da East Side Gallery: o beijo dos líderes comunistas Leonid Brezhnev e Erich Honecker pintado originalmente pelo russo Dmitri Vrubel (o nome da pintura é: Mein Gott hilf mir, diese tödliche Liebe zu überleben)

Pelos bares underground

Se você chega em uma cidade como Berlin logo vai se sentir motivado a conhecer a noite: a atmosfera convida para incursões em bares e clubes. Para quem não sabe onde ir, para quem veio sozinho e quer companhia para a balada, ou mesmo para quem quer apenas fugir da lista tradicionais de clubes apresentada pelos livros de turismo, há um passeio perfeito. Esse não é de graça: custa 10 euros por pessoa, mas dá direito a algumas bebidinhas pra embalar o percurso. O roteiro inclui uma série de bares e difere a cada noite: são cinco locais, onde se passa cerca de 40 minutos e os preços dos ingressos, quando cobrados, já estão incluídos no pacote.

Na noite em que fizemos isso, começamos por um bar muito simpático chamado Yesterday, que é na verdade o ponto de encontro da aventura. Uma decoração psicodélica e muito rock na trilha sonora. Na sequência, visitamos um bar onde a maior atração é uma mesa de pingue-pongue onde dezenas de pessoas circulam em volta, em fila indiana, para dar seu quique na bolina. Depois, o melhor da noite: um bar gótico que foi criado – de acordo com a guia – por um dos integrantes da banda Rammstein. O lugar se chama Last Cathedral: é tão temático que chega a ser kitsch, mas nem por isso menos divertido. Esteja preparado para ouvir muito metal pesado.  As duas últimas paradas foram em clubes, com pista de dança e tal. Como eu não gosto de música eletrônica e o maridão não dança, acabamos não curtindo muito. Mas teve gente que achou a melhor parte: vai muito do gosto de cada um.

Gótico kitsch: a decoração do Last Cathedral beira o exagero, mas o bar é bacana (Foto: Josiane Raguzzoni)

Nesse passeio, o curioso é que os drinks inclusos no preço não são sempre servidos nos bares visitados. São, na verdade, pequenos shots, organizados pelos próprios guias durante a jornada: nada de muito especial, mas interessante pelo contexto. O bacana de fazer um passeio assim é que, depois de uns goles, todo mundo vira amigo e a noite fica bem mais engraçada mesmo para quem saiu sem qualquer perspectiva. Ah, só para os não-fumantes fica um aviso. Apesar de já ser lei na Alemanha a proibição de fumar em lugares fechados, essa prática não chegou ainda os bares do roteiro. Cheguei em casa completamente “defumada”, cansada, meio embriagada, mas feliz o bastante pra recomendar o tour aqui no blog!

Um comentário:

  1. Quero fazer!! Pelo menos o primeiro (apesar de j'a conhecer vários dos lugares) e o terceiro hehehe alguem topa?

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