Fazer
compras em um supermercado na Alemanha é uma experiência bem diferente do Brasil. Até mesmo os produtos mais básicos diferem. Enquanto no Brasil aparecem
sacos de arroz gigantes e em profusão, na Alemanha o espaço é das batatas. Por
aqui, nada de feijão ou farinha: esses são artigos que só se acha em mercados
africanos, asiáticos ou especializados em comida importada.
Mas algumas
coisas fazem a experiência de ir ao mercado aqui única, a começar pelo cheiro.
Esse eu não explicar e nem descrever, mas cada vez que entro no mercado sei que
estou na Alemanha. Nas prateleiras também existem coisas muito peculiares que
só se encontram por aqui (ou em Blumenau (SC)! Mas como eu digo sempre,
Blumenau é mais alemã que a Alemanha, então não conta!). Fiz uma listinha das coisas esquisitas peculiares que se vê por aqui:
Mett – Esse foi um dos meus primeiros sustos na
Alemanha. No Brasil, a gente aprende desde a terceira série que a carne de
porco tem que ser bem passada ou pode transmitir esquistossomose e outras
doenças. Por aqui as enfermidades tropicais não fazem parte das preocupações e
os alemães comem carne de porco assim, crua. É a versão do bife tartar feita
com carne suína, moída e temperada. Se come com pão, no café da manhã e é tão
popular que toda a cantina de universidade vende. Confesso que tive nojo na
primeira olhada, mas provei e aprovei. Hoje em dia até faço em casa.
Rollmops – Como eu cresci em Blumenau, Rollmops lembra a
minha infância. Não que eu comesse isso: mas o embrulho no estômago que me dava
de ver os enrolados de peixe cru se desfazendo em um vidro cheio de vinagre no
balcão da vendinha da esquina. Por aqui é uma comida comum e feito com arenque
(no Brasil se usa sardinha) e está disponível em potes de todos os tamanhos,
com cebola, sem cebola, com temperos diversos. Nunca provei. Não planejo
provar.
Sülze – É uma gelatina salgada feita, geralmente, a
partir do cozimento da cabeça do porco com as carnes da carcaça do crânio.
Parece uma descrição horrenda, mas depois de superar a textura estranha, o
sabor é bom. É um caldo de carne (de porco), temperado com especiarias e que
endurece em volta de pedaços de carne. Há ainda a versão fatiada, para comer no
pão, com variações de frango ou até vegetais. Eu gosto bastante, mas nunca
achei outro entusiasta para me acompanhar na degustação.
Ovo cozido – Já contei aqui no blog que, na Páscoa, os
alemães não costumam comer ovos de chocolate. A tradição é procurar e saborear
deliciosos ovos de galinha cozidos. E eles são vendidos o ano inteiro, com as
cascas coloridas. Em casa a gente sempre teve milhares de pudores com os ovos
(no bom sentido!) e achava que em qualquer meia-hora fora da geladeira eles se
transformariam em um foco de salmonelas, mas por aqui a visão é diferente. Ovos
cozidos não são refrigerados e tem
uma validade bem longa.
Chocolate pro pão – Alemão adora Nutella e suas marcas
genéricas. Tem até uma que era fabricada já na época da antiga AlemanhaOriental, a Nudossi. Eu acho mais saborosa, menos doce e com mais avelã, mas há
quem prefira a receita tradicional. Mas tradicional mesmo por aqui não é nada
cremoso: são fatias finas de chocolate para colocar no pão. E na versão branca
e preta. Alguém se habilita a provar!?
Suco de Sauerkraut – Essa é, sem dúvida, a pior coisa comestível
que se vende no país. Achei que provar fazia parte do aprendizado e por isso
divido a história para que ninguém mais faça isso. O suco de chucrute nada mais
é que o caldo que sai quando se espreme o repolho que azedou em um pote com
sal. E olha que eu gosto de chucrute, mas o suco é intragável.
7 comentários:
Fico com o chocolate e os ovos cozidos, talvez a carne de porco, o resto só sendo alemão...
Vou aí comer um Sülze contigo!
kkkkk
Adorei!
Como sou de Joinville, nada aí é muito estranho pra mim (ta bom, talvez o suco de chucrute, eca!).
Mas rollmops serviam até no hospital (meu marido ficou internado uma semana em Heidelberg), faz parte do dia a dia de vcs mesmo. E o sülze a minha vó faz aqui até hoje.
Adoro ler essas curiosidades, mesmo porque supermercado é meu destino de férias favorito em qualquer lugar do mundo.
Menina, tô adorando essa série quase-diária tua por aqui... senti tanto falta dos teus textos!!
Beijo e parabéns pela qualidade e utilidade de tudo!
Beidjo,
Nicole.
Aodrei as dicas! Estou indo morar em Stuttgart para estudar alemao e também sou jornalista. Por isto, queria saber se pode dar alguma dica, pois estou querendo trabalhar e estudar na minha área, assim que conseguir acompanhar as aulas.
OLA IVANA! SO TU MESMO PRA LEMBRAR A MINHA INFANCIA.SO FALTOU AQUELE QUEIJO QUE ERA TIPICO DE POMERODE LEMBRA.MAS DE TUDO ACHO QUE O SUCO E TORTURA PURA FAZER O SUJEITO BEBER ISSO.SUCO DE CHUCRUTE.MEIN GOD..RSRS. UM ABS!
Oi Ivana perguntinha tem algum mercado em stuttgard com coisas brasileiras?
Bjs
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