Apesar da
crise em muitos países na Europa, o mercado de trabalho alemão segue sem
grandes impactos, com uma taxa média de desemprego em torno de 5%. Isso tem
atraído milhares de trabalhadores de países vizinhos em busca de uma chance.
Outros chegam interessados na série de benefícios sociais que garantem a vida
mesmo quando o emprego falta. Mas não basta chegar ao país com vontade de
trabalhar: a Alemanha é cheia de regras e é preciso ter autorização para o
trabalho. Sem isso, torna-se inviável viver por aqui.
Muitos
brasileiros escrevem querendo saber sobre as chances em conseguirem emprego
aqui. Essa é uma pergunta que não tem uma única resposta. O nível de alemão é
um fator determinante nessa busca, embora muitas empresas – em especial
multinacionais – já adotem o inglês como língua oficial de trabalho. No
entanto, é fácil fazer um paralelo: um alemão chegando ao Brasil sem falar
português não vai conseguir emprego facilmente, não é? É bom fazer essa
avaliação antes de desfilar queixas alegando que se trata de preconceito com
estrangeiros, embora não se possa negar que existam diferenças de tratamento.
Documentação em ordem também facilita a vida. Estudantes podem trabalhar legalmente aqui: 90
dias em período integral ou 180 dias por meio período. Isso vale para quem tem
o visto de estudante: não para quem chegou como turista para fazer um curso de
um mês. Existem muitos trabalhos que oferecem um valor fixo mensal de 450 euros,
os Minijobs: a negociação será do quanto será pago por hora. Ou seja, quantas
horas por semana ou por mês se vai trabalhar para ganhar os 450. Em média, para
serviços muito simples, são 8 euros por hora. O maior engano aqui é achar que
estudantes só podem ganhar os tais 450. Isso é mentira: podem ganhar o quanto
conseguirem, mas a partir daí vão pagar impostos como qualquer outra pessoa.
Visto de trabalho
Outra forma
é conquistar um visto de trabalho. O tal visto precisa ser pedido pela empresa,
afirmando que não existe alemão disponível com as mesmas qualificações para
exercer a função. Sai caro e a empresa tem que querer muito o trabalhador, que
fica vinculado por um certo período a esse emprego. Se perder, volta pra casa.
Muitas
pessoas – especialmente mulheres – chegam para trabalhar como Au Pairs. Ajudam
a cuidar das crianças e/ou dos serviços da casa de uma família alemã, conforme
o combinado antes da viagem e ganham um visto específico pra isso. Algumas
famílias pagam a passagem, outras parte ou nada. Mas a Au Pair terá na casa um
quarto só dela, horas limitadas de trabalho e tempo para estudar alemão. Para
quem tem pouco conhecimento do idioma, pode ser uma porta de entrada.
Mas depois
de um tempo é possível requerer um Blauekarte (tipo Greencard norte-americano),
mas por um período fixo. Quem se forma aqui na Alemanha – no bacharelado,
mestrado ou doutorado, por exemplo – pode ficar um ano e meio depois da conclusão do
curso procurando emprego (na área que estudou!). Também tem a vida facilitada
na hora de solicitar essa permissão de residência.
Cidadania ajuda mas não garante trabalho
Cidadania
de algum país europeu também ajuda. Muito. Mas não é a garantia de trabalho
fácil por aqui. Como falei, sem alemão, restam apenas subempregos e não importa
a nacionalidade.
Mas o
governo alemão está interessado em reter mão de obra no país e por isso dá
aquela forcinha para quem está procurando. Com os documentos em dia, basta
procurar um Arbeitsamt. Eles tem uma agencia de empregos enorme (tipo o Sine no
Brasil), onde cadastram currículos e ajudam a pessoa a buscar emprego. Além
dessa agência oficial, sites de emprego como o Monster e o Job Pilot podem ser
bons pontos de partida para conhecer o mercado alemão. Para quem está chegando,
sugiro usar a palavra “Potugiesisch” como termo de busca: assim vão aparecer os
empregos para os quais falar português é um diferencial.
É preciso
prestar atenção a uma “pegadinha”. Por aqui, há muitas vagas para Praktikum,
uma espécie de estágio. Mas o detalhe é que essas vagas quase sempre são
voluntárias, ou seja, sem remuneração. Claro que existem vagas de estágio
remuneradas, mas isso deve estar claro no anúncio. Se o pagamento não estiver
mencionado, é porque não há pagamento algum.
Outra coisa
importante é saber que a carga tributária por aqui também pode ser alta.
Casados pagam menos impostos que solteiros. A situação também muda quando se
tem filhos e por ai vai. O percentual sobre o bruto pode variar de 10% a 40%,
dependendo de quanto se ganha. Essa calculadora ajuda a prever quanto será a
renda liquida no fim do mês e assim fazer as contas sobre a viabilidade de
tentar a vida na Alemanha.
Mas antes
de qualquer decisão, fica uma dica: faça tudo legalmente e não venha sem ter
alguma coisa planejada. Nada na Alemanha “é pra ontem”. Achar casa demora, os
documentos raramente ficam prontos no mesmo dia e é preciso agendar tudo com
antecedência. Assim, o bom é começar os contatos antes e chegar aqui com alguma
coisa em vista. No mais, talento, sorte e capacidade de adaptação são os
fatores decisivos pro sucesso.
2 comentários:
Achei interessante a iniciativa do seu blog. Este post em específico me auxilou bastante. Se tiver um tempo livre podemos conversar? Pretendo aprender o idioma alemão e acho que seria interessante falar com uma pessoa que mora fora. Agradeço desde já.
Skype: indiemesmo
email: enrickson.varsori@gmail.com
Hallo Ivana, wie ist sie?
tenho muito interesse de fazer intercâmbio pra Alemanha. Mas queria saber se podemos mesmo trabalhar legalmente (e remuneradamente), similar aos programas Study & Work do Canadá e Austrália (Ex: Estudando 90 dias e trabalhando nos outros 90).
Você mencionou isso no post mas o que eu ouvi de outros bloggers é que não há essa possibilidade de se trabalhar com visto de estudante em hotéis, restaurantes, etc...
Como está a situação atual na Alemanha com relação a isso?
Desde já, vielen danken!
Tschüss!!!
Postar um comentário