ATENÇÃO
O texto
deste post refere-se única e exclusivamente ao processo seletivo promovido pela
Redação de Língua Portuguesa para a África e não tem qualquer relação com
outras redações (Leia os comentários no PS ao fim do texto, por favor!).
Sede em Bonn: estruturas modernas abrigam redações em 30 idiomas*
A Deutsche Welle
(DW, agora!) é responsável pela imagem da Alemanha no mundo todo e hoje produz conteúdos em
30 línguas diferentes, inclusive português. Não é à toa que a emissora se entitula: A voz da Alemanha. Aliás, só de português, são duas
redações: para o Brasil e para a África, esta em que estou trabalhando por um
período de três meses. A experiência tem sido muito interessante e melhor:
jornalistas de qualquer canto do Brasil ou de países lusófonos podem ter a
mesma oportunidade. Esta é a razão desse post, uma vez que já contei como vimparar aqui em Bonn. Importante: as inscrições estão abertas e o site oficial do
programa é este aqui!!! A Glória Sousa, jornalista
portuguesa da DW (e minha colega de apartamento também!) escreveu um
pouco mais sobre a Deutsche Welle nesse post aqui. Aliás, é do post dela que roubei a foto ai de cima!
Existem, na
verdade, dois tipos de estágio por aqui na Redação de Língua Portuguesa para a África: um para estudantes (mas para esse, é
preciso estar matriulado em alguma instituição de ensino da Europa e, além
disso, ter visto para a Alemanha ou ser cidadão de um país membro da EU), outro
para quem já terminou. Nesta para jornalistas formados, as regras são mais amenas
e aumentam as chances de fazer parte da equipe. São selecionados anualmente
quatro jornalistas e cada um passa três meses por aqui. É tudo feito com muita
antecedência: as inscrições terminam no fim de junho, a resposta sai,
geralmente, em setembro e, o primeiro candidato (os selecionados definem qual o
período de disponibilidade dentro dos espaços oferecidos) chega apenas em
janeiro. Ou seja, é tudo sem pressa e sem atropelos. Da tempo de conversar com
o chefe no Brasil e pedir licença ou mesmo de deixar um aviso prévio e
organizar a viagem com muita calma. Confesso que, mesmo que se eu tivesse que
deixar um trabalho por conta dessa experiência, não teria pensado duas vezes!
Vale dizer que a
equipe (que não da pra saber antes, mas eu entrego o segredo!) é uma motivação
a parte: nosso editor chefe é alemão, mas fala português com uma fluência
invejável. Depois, temos mais um editor do Cabo Verde (a gentileza em pessoa!)
e colegas brasileiros, angolanos, do Moçambique, portugueses e, quem sabe de
outros cantos. São todos de uma simpatia ímpar e a sensação é de acolhimento:
só isso já valeria a experiência.
O foco da redação
é a África lusófona: uma chance, infelizmente, de percebermos na pele o quão
imensa é a ignorância dos brasileiros quanto aos assuntos africanos. Me
pergunto em que momento foi, na elaboração dos currículos escolares, que
passamos a achar que a África é uma coisa só e que as ex-colônias de Portugal
passaram a simples menções em nossos livros dos anos do ensino fundamental. A
cada dia me envergonho do pouco que sei – e do pouco que os brasileiros sabem
–, mas aprendo o como somos parecidos dos dois lados do Atlântico. E as
semelhanças vão muito além da cor da pele, da religiosidade ou dos ritmos
marcados por tambores. Em uma vida toda não
saberia metade do que sabem as pessoas com quem tenho convivido aqui: mas todos
tem a paciência e a graça de perdoar essa falha cultural (mesmo que seja imperdoável!)
e me explicar, com conhecimento de causa, que o ”Vem dançar Com Tudo” da novela
(ou mesmo o Kuduro, do Latino) podem ser qualquer coisa, menos kuduro. Só pra
citar um exemplo. Esta tem sido a chance de corrigir – ao menos um pouco – essa
falha cultural.
O fazer do
jornalismo – entrevistar, reportar, escrever, construir textos – é o mesmo em
qualquer redação pautada pela ética. Mudam os softwares usados para tratar sons
ou publicar artigos, mas para isso cada um que chega aqui é treinado e logo se
ajusta. O bacana é ter a chance de conversar com pessoas no mundo todo e fazer
entrevistas falando português lusitano, angolano e até de Macao. Também em
inglês ou alemão (para quem domina, já que não é necessariamente obrigatório):
a preocupação de marcar conversas levando em consideração o fuso horário e de
traduzir as falas para que ganhem uma voz em português depois. Eu já havia
feito de tudo um pouco em 18 anos de jornalismo – jornal, rádio, tv, internet,
assessoria, tradução – e, para mim, foi a grande novidade. Adorei.
To contando a
experiência para motivar mais gente a mandar a candidatura. As inscrições terminam sempre no fim de junho, mas é preciso ficar atento já
que esta é a data que vale para a chegada do material, não para o carimbo no
correio. E são necessárias umas duas semanas ao menos para que tudo atravesse o
oceano e chegue bonitinho aqui, na mesa do chefe. Vale dizer que os alemães são
bastante severos com as datas: então, nada de esperar para amanhã.
Quem já trabalhou
em rádio ou TV tem mais chances. Falar alemão ajuda, mas um bom nível de inglês
faz toda a diferença também. É preciso preencher um questionário (bem simples)
da própria DW e juntar alguns documentos na inscrição: currículo em inglês ou
alemão com os dados completos e corretos de contato (uma sugestão é usar omodelo europeu de CVs), cópia do diploma de jornalismo traduzido para o inglês
ou alemão (não precisa ser juramentada: você mesmo pode traduzir e mandar
anexada) e exemplos de trabalhos. Vamos a essa parte em detalhes: separe
algumas coisas legais que você já fez (qualidade, não quantidade!). Matérias de
rádio, tv, textos de jornal: de preferência algum trabalho onde seja possível
ouvir sua voz (já que aqui você vai trabalhar com rádio, não esqueça!). Grave
tudo em um CD, DVD, cartão de memória ou fita cassete: só não aceitam por aqui
sinais de fumaça!
Olha, a aplicação
oficial não pede uma carta de motivação, mas eu mandei uma e deu certo. Me
chamaram! Então, não custa colocar em uma página (ou duas, no máximo) o porquê
você quer trabalhar na Deutsche Welle. Tem umas dicas nesse post que são para
mestrado, mas é só adaptar os propósitos.
Então, é só imprimir a papelada, fazer uma capinha bonita pro CD (sempre
ajuda, né!), fazer figa, e mandar tudo pro editor chefe aqui:
Portugiesisches Programm
Johannes Beck
Kurt-Schumacher-Str. 3
53113 Bonn - Alemanha
Pra fechar, digo
e repito: o estágio é muito bacana. Não é sempre que se tem a chance de fazer
parte de uma das maiores estruturas internacionais de imprensa! Vale a pena
tentar! :)
PS (07/08/2012) :
PS (07/08/2012) :
Neste post,
três coisas precisam ficar bem claras.
Primeiro: a
Deutsche Welle produz conteúdos em 30 idiomas. Isso quer dizer que são 30
departamentos diferentes, independentes, embora da mesma empresa. Cada um tem
sua política de funcionários e estágios. Que fique claro: a redação brasileira é
uma coisa e a redação de Português para a África é outra diferente. As redações
são física e administrativamente separadas. Isso quer dizer que a redação da
Espanha, da Macedônia, da China ou a do Brasil, por exemplo, têm políticas próprias,
critérios pessoais e vagas de estágio em diferentes programas (que variam em
duração, benefícios e afazeres!). O
texto deste post refere-se única e exclusivamente ao processo seletivo
promovido pela Redação de Língua Portuguesa para a África e nada além disso. Não
se trata de um padrão, de uma regra geral: é um post que repete todas as
informações disponíveis em uma página pública, aberta, apenas acrescido de
comentários com a experiência que tive no processo.
Segundo:
recebi diversos e-maisl pedindo dicas sobre o estágio. Esse post são as dicas.
Não há nada além do que está escrito aqui que eu possa dizer. As perguntas também
estão todas respondidas no site do estágio da Redação de Língua Portuguesa paraa África. É só ler com atenção e fazer exatamente como está escrito por lá. Assim
como eu, dezenas de outros jornalistas já fizeram esse estágio e nenhum deles
tem qualquer influência ou participação no processo seletivo. O post é a dica
de uma oportunidade bacana, não uma oferta de uma agência de empregos.
Terceiro: Redação
de Língua Portuguesa para a África costuma oferecer essa chamada anualmente. Que
fique claro: costuma. Não faço ideia se vão oferecer no próximo ano ou no
outro, ou no outro. É preciso pesquisar no site oficial da redação e verificar.
Essa é uma pergunta que não posso responder.
* Foto publicada originalmente no blog Histórias de Bonn, nesse post aqui.