Definir o custo de vida na Alemanha é uma questão bem pessoal. Para tentar fazer isso, é preciso estabelecer uma “persona”: então, vamos imaginar um casal entre 25 e 40, sem filhos, com hábitos simples. Esse casal planeja viver em Berlin (uma cidade de preço médio na Alemanha), não terá carro e vai adotar o estilo alemão: sem empregada, com saídas eventuais (semanais) a um restaurante e sem luxos. Pronto. Imaginado o casal, vamos as contas.
O aluguel de um apartamento de dois cômodos (quarto e sala – que por aqui é chamado de 2
Zimmer), sem mobília, em um bairro classe média custa em torno de 700 euros com
o aquecimento incluído. Fora isso, o
casal pagará a energia elétrica (60 euros por mês) e internet (30 euros). Além
do imposto obrigatório de televisão (17,00).
Na hora do aluguel, precisa pagar a caução do imóvel, que geralmente são dois alugueis “frios”,
sem o aquecimento. No caso de um Apartamento de 700 quente, deve ser em torno
de 550: ou seja, 1100 a 1400 de caução, conforme o caso. Esse dinheiro é
devolvido quando se entrega o apartamento, caso tudo esteja inteiro e de acordo.
Alguns aluguéis tem envolvida uma taxa de Provision: é a comissão do agente imobiliário,
no valor de 2,38 alugueis frios e não será devolvida. É dinheiro morto.
Para
mobiliar, sugiro o Ikea: barato, relativamente bom e tem tudo. Muitos
apartamentos já vem com a cozinha montada (procure por EBK, que quer dizer
cozinha embutida ou algo do tipo). Se não tiver, calcule, para a cozinha mais
espartana possível, 1500 euros (incluindo fogão, forno, geladeira e máquina de
lavar louça). Para a sala, mais 1500 e o mesmo para o quarto. Reserve ao menos
300 para uma máquina de lavar roupas se o prédio não tiver lavanderia
compartilhada. Sim, é possível gastar muito menos: metade disso. Mas vai
depender de sorte, pesquisa e paciência.
Plano de saúde e transporte podem ser caros
Terminados
os custos de instalação, que sempre são altos, a vida entra no eixo e tudo
volta ao normal. Um custo fixo importante a entrar na conta é o plano de saúde,
obrigatório no país. Se for público, o casal pode, em certas circunstancias,
ter um plano só e o cônjuge como dependente. Claro que o custo também varia com
a idade. Vale consultar os sites das empresas como AOK e TK para ter uma ideia.
Seguros privados podem custar muito menos incialmente e se a estada na Alemanha
for por um tempo determinado, o custo/benefício compensa. Mas eles se tornam
muito mais caros com o passar do tempo e tem coberturas com valores limitados.
Care Concept, Mawista, Continentale são algumas opções.
Transporte
também representa uma parcela importante das contas. Em Berlin, por mês, custa78 euros por pessoa. Quem precisa usar o transporte só depois das 10 da manhã,
pode comprar um ticket de 57 por mês. Pessoas com mais de 65 anos também ganham
desconto se comprarem um ticket anual. Estudantes universitários tem o
transporte incluso na taxa de matrícula. Quem faz curso de alemão, por exemplo,
pode conseguir uma carteirinha de Azubi (a partir de uma declaração da própria escola,
que também tem as informações na secretaria) e paga menos. Quem trabalha tem
direito ao Job Ticket e o preço varia em cada empresa.
Esses são os
custos fixos maiores. Comer em casa é muito barato na Alemanha. Estimo os
custos de supermercado em torno de 50 a 75 euros por semana para duas pessoas
que comem carne (peixe, frango e porco, majoritariamente e carne vermelha uma
vez na semana, em média) diariamente. Isso inclui ainda produtos de limpeza,
que são melhores e mais baratos que no Brasil. Cerveja bebida em casa também
não pesa no bolso: as marcas mais baratas custam menos de 30 centavos por meio
litro (mas eu passaria longe delas!!!) e as boas a partir de 70 centavos.
Opções de supermercado para todos os bolsos
Opções de supermercado para todos os bolsos
Existem
dois tipos de supermercados no país: os caros, que se parecem com os mercados
brasileiros, e os baratos (redes de desconto como Aldi, Lidl, Penny, Norma,
etc). Claro que os primeiros são bem mais completos: se encontra de tudo por
lá. Mesmo esses tem sempre uma marca própria que custa menos e tem qualidade no
que oferece. Os mais baratos vendem poucas coisas com marcas famosas, mas bem
por isso pecam na qualidade. Tem coisas mais básicas, mas aliviam bastante o
bolso no fim do mês e a economia pode se transformar em divertimento.
Os gastos
com lazer são muito relativos. Viajar a partir da Alemanha ou mesmo dentro do
país pode custar pouco com um pouco de organização: é só comprar os tickets com
antecedência ou aproveitaras ofertas, seguindo essas dicas. Restaurantes existempara todos os gostos: dos estrelados aos trailers de rua, com boas surpresas.
Para um restaurante médio, calcule 15 euros um prato, fora bebidas, entradas e
sobremesas.
Dinheiro pra viver
O governo
também fez um cálculo parecido e exige que as pessoas tenham esse dinheiro para
viver aqui. Para conceder o visto de permanência, no caso dos estudantes, a
Alemanha exige um depósito em conta bloqueada de 7.908 euros, o que corresponde
a 659 euros por mês. Claro que estudantes pagam menos em quase tudo: plano de saúde
mais barato até os 30 anos, moradia subsidiada, transporte semestral, etc. Mas
o valor é uma boa média para estimar a vida em cidades de custo médio. Em
Munique, por exemplo, tudo é muito mais caro. Cidades do interior –
especialmente da antiga DDR – tem um custo de vida muito menor (inclusive os
supermercados de redes são bem mais baratos).
A verdade é
que não existe ciência exata para saber quanto vai custar a vida na Alemanha,
mas é bom ter em mente que tudo o que envolve mão de obra custa mais caro. Não existe
pechincha quando se envolve o trabalho alheio. Por isso esse é o país do faça você mesmo: isso vale na hora de pintar as
paredes, limpar a privada ou montar os móveis. E é exatamente isso que faz da
Alemanha um país bom pra se viver: a força de trabalho é valorizada de forma
mais homogênea porque ninguém vale mais do ninguém.