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sábado, 25 de agosto de 2012

Receita típica alemã: Mett ou Hackerpeter como aperitivo de Norte a Sul


Mett ou Hackerpeter: entrada perfeita ou acompanhamento para aquela cerveja gelada

A receita de hoje é tipicamente alemã, mas adaptada ao Brasil. Trata-se de Mett ou Hackerpeter (nome usado no Norte do país), também chamada por muitos de bife tartar ou até mesmo carne de cobra. Bom, em primeiro lugar, de cobra não existe nada. Aqui na Alemanha o prato é preparado com carne moída de porco, servida crua. Já no Brasil, pelo risco de doenças que a falta de saneamento poderia provocar a essa prática, o prato é feito com carne de boi. Pode-se usar patinho, com pouca gordura, moído bem fino.

O preparo é muito simples e rápido e o resultado final é uma espécie de patê de carne crua bastante saboroso. Serve-se, preferencialmente, com pães integrais pesados, mas na falta deles, qualquer pão pode acompanhar. Combina perfeitamente com uma cerveja e uma roda de amigos. Muitos restaurantes servem como entrada, mas por aqui, trata-se de um item comum no café da manhã!

Mettbroetchen: opção no café da manhã das cantinas universitárias de todo o país

Nas cantinas das universidades e mesmo das empresas é comum encontrar meio pão francês com Mett e cebolas salpicadas no topo: Mettmitzwibeln, nesse caso. Nos mercados, a carne vem preparada em saches como os patês; por quilo, preparada fresca e de forma muito simples (só sal, pimenta e alho) ou ainda em porções individuais, em embalagens industrializadas.

Come-se Mett de Norte a Sul da Alemanha e a história desse prato ninguém sabe bem contar. Nem a lista exata de ingredientes. A receita abaixo é a que me habituei a fazer, mas existem variações de toda a ordem, por isso, coloco alguns ingredientes como opcionais: uso se tenho em casa. Sem eles, o sabor não muda muito.

Ingredientes:

400 gramas de carne moída sem gordura (patinho ou outra)
1 cebola bem pequena cortada (ou meia média) em cubinhos muito pequenos
2 dentes de alho médios ou 1 grande bem picados
20 a 30 unidades de alcaparras bem picadas (elas dão um sabor especial, mas não deixe de fazer a receita se faltarem. Fica bom mesmo sem as alcaparras)
1 colher bem cheia de mostarda amarela cremosa meio picante (mittelscharf). Na falta dessa, pode usar mostarda escura que também funciona!
1 colher de café de páprica doce (opcional)
1 colher de sopa de cebolinha verde e/ou salsinha picadas bem fininhas
4 a 6 filés de aliche em conserva (bem ficados)
1 gema de ovo sem a pele (peneirada)
1 colher de sopa de conhaque (opcional – raramente uso!)
Sal e pimenta preta a gosto

Preparo:

Misture todos os ingredientes frescos e sirva em seguida.

*Foto de Eigenes Werk, publicada originalmente aqui, e licenciada de acordo com o Creative Commons

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Zuckertüten: uma doce tradição escolar da Alemanha

Bibelôs: a tradição se perpetua em enfeites que celebram o início da vida escolar

O calendário escolar da Alemanha, como em todo o hemisfério Norte, anda em compasso diferente do Brasil. Por aqui, as férias maiores são no verão, entre julho e agosto e, nessa época, as lojas se enchem de material escolar. Mas não só isso. É a época em que aparecem cones coloridos de todos os tamanhos: são as Zuckertüten ou ainda Schultüten, em outras partes da Alemanha. A tradução é simples: sacola de açúcar na primeira e sacola da escola, na segunda. O nome pode variar conforme a região, mas o conteúdo não muda muito: doces, balas e guloseimas em geral!

Prontas: são várias as opções e o preço varia de 7 a 15 euros

A tradição nasceu no século 19 e foi registrada pela primeira vez na cidade de Jena (se lê Iêna), aqui na Turíngia, do ladinho de Weimar. Desde então, espalhou-se pelo país e foi se modernizando. Mas a razão é única: tornar menos traumático e mais doce o primeiro dia de escola dos pequenos. Por trás disso, há uma historinha quase tão fofa quanto a do Natal ou do coelhinho da Páscoa. Os pais contam às crianças que há, na escola, uma árvore que dá doces... e que eles precisam ir até lá conferir. Se, ao chegarem lá, encontrarem esses doces maduros e prontos para serem colhidos, significa que é hora de ir para a escola. 

No início, os cones eram feitos pela própria família: mães e avós colocavam seus dotes à prova nessa empreitada. Hoje em dias, as lojas estão repletas desses cones: de heróis, personagens, cores e tamanhos variados. Aliás, o tamanho é uma questão importante: os grandes são para as crianças que estão começando a escola e os menores para os irmãos enciumados aguardarem a sua vez.

Pequenas: para os irmãos menores ou como um segundo presente de avós ou tios

Uma vez escolhida a Zuckertüten, a hora é de rechear. Com campanhas sobre cáries e alimentação saudável, o conteúdo mudou ao longo dos anos. Ainda existem doces, claro, mas em menor quantidade. Brinquedinhos, games, bichos de pelúcia e itens especiais de material escolar estão na lista de preferência. É ai que entram as borrachas coloridas, os lápis enfeitados ou mesmo livros de historinhas: tudo para preparar a criança para esse novo universo que ela vai encontrar.

Mas não são os pais que entregam as surpresas. Essa é a função da escola. As prendas precisam ser deixadas com os professores (às vezes mesmo em uma data anterior) para que seja organizada a árvore ou qualquer outra forma de colocar todos os enormes cones juntos. Então, um a um os pequenos são chamados para a “colheita” dos frutos: posam para a foto, despedem-se dos pais e vão descobrir quais são as surpresas da sacola dentro da sala de aula. Claro que o costume pode variar um pouco em cada região ou em cada escola, mas no geral, é mais ou menos assim... Existe forma mais doce de começar a vida escolar?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Dicas de viagem: um roteiro de três dias em Berlin para conhecer o essencial da capital alemã

Skyline: São tantas as facetas de Berlin que fica difícil definir a cidade

É impossível conhecer Berlin em três dias. Mas também é impossível conhecer em três meses. A capital alemã é muitas cidades ao mesmo tempo, cheia de atrações e curiosidades e está em constante mudança. Mas um roteiro bem organizado permite visitar o essencial e ter uma ideia do porquê essa “feia simpática” é tão amada por turistas e pelos próprios moradores. Aliás, moradores que aumentam todos os dias: todo mundo quer estar em Berlin.

Há quem diga que Berlin é a nova Londres, mas acho qualquer comparação injusta. A cidade é tão peculiar que uma tentativa de rotular seria criar limites para a personalidade deste lugar vivo e pulsante.  Escolher palavras adequadas para descrever Berlin é uma missão para cada visitante: por hora, divido os meus. Não espere um lugar lindo de morrer, nem limpo a ponto de chamar a atenção, nem seguro para que se possa esquecer da vida e menos ainda com um clima convidativo. Berlin não é nada disso: mas é tudo isso ao mesmo tempo, dependendo de onde se vá.

Sem mais delongas, ai vai um roteirinho básico para três dias completos na cidade. Você vai encontrar vários links para posts desse blog, onde conto em mais detalhes e deixo dicas para aproveitar a cidade em toda a sua essência.

Dia 1: As primeiras impressões da cidade


No coração da cidade: o Brandenburg Tor é o ponto de partida para uma visita guiada

Depois de um café da manhã reforçado, comece o dia às 10h em frente ao Brandenburg Tor. Vá ao centro de atendimento ao turista e pegue mapas da cidade. Tire todas as fotos com o portão ao fundo para mandar para a família e esteja, pontualmente as 11h em frente ao Starbucks. De lá parte um city tour guiado, gratuito,  à pé, que dura entre 3 horas e 3h30min (mais dicas aqui). Para garantir um espaço no tour, é preciso reservar antes pela internet. Há opções em alemão, inglês e espanhol. Nesse roteiro você vai conhecer as principais atrações do centro da cidade, embora não de tempo para entrar em qualquer uma delas. No entanto, da para conhecer os mais tradicionais pontos turísticos da região.

O passeio termina na Ilha dos Museus e  da pra começar apreciando a Catedral de Berlin. A tarde pode ser reservada para conhecer algumas das atrações da ilha. Sugiro o Pergamon – que é magnânimo, na falta de um outro adjetivo que possa descrever toda a beleza) e o Neues Museu, onde está a famosa Nefertiti. Não esqueça de conferir quais partes do Pergamon estão abetas, uma vez que a reforma do museu deve se estender até 2023. Esses dois já dão uma ideia bem completa do potencial da cidade. Do outro lado da praça fica a Rotesrathaus, a prefeitura da cidade. Logo atrás, caminhe ainda pelo Nicolai Viertel, o bucólico lugar onde Berlin começou.

Ilha dos Museus: por dentro e por fora dos prédios, há muito para ver

Para quem é de festa, a noite pode terminar com um tour pelos bares da cidade (leia mais aqui). Como o passeio é feito em grupos, até mesmo que viaja sozinho pode curtir o melhor da noite de Berlin. Para os amantes de cerveja, as dicas estão aqui.

Dia 2: O muro e a Berlin Oriental


Arte na rua: a East side gallery conta a história de uma cidade dividida

Não se deixe abater pela ressaca. Comece o dia visitando uma parte do que já foi Berlin Oriental. Vá de trem até a Ostbahnhof e caminhe, lentamente, por toda a extensão da East Side Gallery e suas famosas pinturas. Não deixe de parar para duas fotos clássicas: o trabante saindo do muro e o beijo.  No caminho fica a Mercedes Benz arena um local de shows, jogos de jóquei.

Depois da caminhada de quase 2,5 quilômetros, pode ser que a fome aperte e essa é a hora de saborear o melhor faláfel da cidade, que fica nas imediações.  Uma vez de barriga cheia, siga para a Bernauer Str., onde está o Memorial do Muro. Se você fizer a conexão mais longa, pegando o U1 em Warschauer Str., e prestar atenção nos arredores, vai ver, à esquerda do sentido do trem, a famosa estátua Molecule Man, dentro do rio Spree. Se for visitar o Memorial do Muro em um domingo, não deixe de conferir o Flohmarkt do Mauerpark, um dos melhores da cidade, com uma área repleta de novos artistas e designers, além do famoso karaokê.

Molecule Man: no meio do rio Spree, uma celebração à Alemanha unida

Reserve uma horinha para andar pela Alexanderplatz. Há sempre alguma feira, alguma coisa acontecendo por lá. Além disso, lojas de eletrônicos como a Saturn e Media Markt ficam em volta. Por lá também está a Primark, favorita dos turistas em busca de roupas (muito) baratas e de procedência duvidosa. Se o dia estiver bonito, vale uma subida a torre de TV.

Para  terminar o dia, siga para a Potsdamer platz, o centro mais moderno de Berlin. O melhor é visitar o local a noite, pois o Sony Center e sua ousada arquitetura de vidro tem uma iluminação especial e muda de cor o tempo todo. Além disso, o DB tower completa a paisagem que revela o lado mais moderno da Alemanha. Da pra pegar um cineminha nas salas onde acontece a famosa Berlinale ou seguir rumo a Kreuzberg para descobrir o coração hipster da capital alemã.

Potsdamer Platz: vidro e luz onde a Alemanha mostra sua face mais moderna


Dia 3: O Parlamento e memorial

Para esse terceiro dia é preciso se organizar com antecedência. Para visitar o parlamento alemão é preciso marcar hora  pela internet com antecedência para escolher os melhores horários. Se quiser conhecer mais da história alemã, opte pela visita guiada. Se a pressa for grande, marque apenas horário para conhecer a cúpula. A visita a cúpula pode ser marcada na véspera, mas isso precisa ser feito pessoalmente e a fila é imensa. Durante a visita, não deixe de pegar o guia de áudio, gratuito) para saber o que está vendo do alto da estrutura envidraçada. Há inclusive áudio em português (lusitano, claro!). Já escrevi sobre isso aqui.

Cúpula da Reichtag: vidro e aço na impressionante estrutura do parlamento

Quando terminar a caminhada, a pedida é visitar o Memorial dos Judeus Mortos na Europa (o museu, que fica sob as lápides que você já viu no city tour - leia mais aqui). Vá do Memorial dos Judeus até a coluna caminhando pelas margens do rio Spree, ao longo do Tiergarten. É simplesmente lindo. A coluna fica perto do palácio presidencial Bellevue, que também merece a visita. Apesar dos quase 300 degraus, tem a minha vista favorita de Berlim (melhor do que a da torre de tv. Se sobrar tempo e pernas, vale uma passada no Castelo de Charlottenburg, que fica um pouco longe do centro).

Memorial dos judeus mortos na Europa: sob as lápides, fica um interessante museu

Se ainda tiver energia, termine a tarde e deixe a noite cair passeando pela  Kurfürstendamm e suas ruas com as melhores marcas internacionais. Não fique surpreso em ver as ruas tomadas por Ferraris, Porshes e outros carros de luxo.

Para quem tem mais tempo:

Dia 4: O campo de concentração de Sachsenhausen

Há muito em Berlin que lembra o nazismo e a Segunda Guerra Mundial, mas nada pode ser mais chocante que a visita a um campo de concentração. Para isso, é preciso reservar o dia todo, já que o campo fica a mais de uma hora do centro e serão necessárias ao menos umas três ou quatro horas para ver tudo por lá.

Dia 5: Potsdam

Potsdam é a capital do estado de Brandenburgo e fica a pouco mais de meia hora do centro de Berlin. A cidade é pequena, mas o Parque Sanssouci e seus palácios, castelos e orangeries é uma atração imperdível para quem está tão perto.

Dia 6: Para os nerds, Museu técnico de Berlin

Este é sem dúvida o museu mais completo que já visitei. Para quem gosta de cultura geral e tem algum tipo de sangue nerd nas veias, não pode haver melhor opção. Mas é preciso paciência para ver tudo. Mais que isso: o museu é tão grande que vale a pena levar um sanduiche para fazer um lanche em uma das pausas da visita. Passei seis horas por lá e certamente passaria mais quatro se quisesse ver tudo com a devida atenção. É uma amostra de como a Alemanha se tornou o que é, em termos de evolução técnica e tecnológica.

Para fechar:

São inúmeras as possibilidades que Berlin oferece e a cada estação a cidade se renova. Há programas de inverno, diversões de verão: Berlin está sempre de cara nova e, para quem tem tempo, perder-se pelas ruas e bairros é certamente a melhor opção. Eu morei seis meses por lá e confesso que foi pouco. Acho que nem seis anos serviriam para descobrir tudo porque,  a cada dia, a cidade acorda diferente.

Adeus layout velho, feliz blog novo!!!


É isso ai! O De volta a nave mãe está de cara nova. Embora eu gostasse do jeitinho kitsch da versão anterior, é preciso evoluir! Depois de quase quatro anos de site chegou a hora de mudar um pouco a cara do blog: então, a partir de hoje, tudo reformado, com um visual mais moderno e clean. E mais fácil de ler! Claro que a nova cara do blog tem um toque do maridão! ;) O que seria desse espaço sem o talento dele?

O novo layout torna mais fácil encontrar os posts. Algumas categorias já existiam, outras foram rebatizadas e duas novas foram criadas: jornalismo e viagem & turismo. Afinal, esse é um espaço para posts bastante diversos, mas não custa nada deixar a casa em ordem! :)

Mas as novidades não param por ai. Além do novo layout, o blog ganhou uma página no Facebook. Gosta dos posts? Quer fazer perguntas? É só mandar um recado por mais esse canal de comunicação. No mais, as coisas seguem no seu ritmo... Fique à vontade e volte sempre!

Bye: adeus ao layout kitsch e o começo de uma nova fase mais clean e organizada
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