
Também gostei do livro da Neusa e escrevi um pouco sobre ele. Ai vai meu comentário pseudojornalístico, mas sem qualquer pretensão de ser uma crítica literária. Melhor entender assim: eu ganhei um presente e decidi comentar com os meus amigos o que achei. :)
Por dentro do muro que ainda cerca os alemães

Esses aspectos do cotidiano socialista – e outras histórias dos 40 anos em que os soviéticos eram o grande irmão dos alemães orientais – estão contados no livro de estreia da historiadora Neusa Arnold-Cortez, brasileira, radicada em um cantinho alemão nos arredores de Koblenz. Curiosa pelas histórias do tempo em que a Alemanha eram duas, a autora entrega um livro sem pretensões: não se trata de um documento histórico, nem de um relato jornalístico e menos ainda de um romance. E é justamente o ser despretensioso que torna o livro descompromissado e agradável.
A linguagem é coloquial e simples, bem simples. As histórias que ela colheu dos ex-moradores da DDR são permeadas por relatos em primeira pessoa. Essa mistura de focos, onde muitas vezes a própria cozinha da casa de Neusa é o cenário, torna o leitor mais um conviva à mesa, parte da conversa. Nas entrelinhas, é possível perceber muito da própria autora: que fala que suas impressões sobre a antipatia alemã foram mudadas depois de seus anos vivendo no novo país, mas ainda escapam as observações sobre a dificuldade de abrir caminhos e estabelecer relações de amizade e confiança em uma terra em que poucos falam sobre si mesmos.
No fim das contas, o livro é uma conversa informal, sem preciosismos literários ou tentativas de doutrinação. O Paraíso sem Bananas é divertido como seu título: uma leitura rápida e repleta de personagens interessantes que deixam as páginas com gostinho de quero mais. Cada um deles merece um romance inteiro para contar suas vidas, suas histórias e suas experiências. Mas para fazer um alemão falar para tantas páginas, vai ser preciso muitas garrafas de Rotkäppchen Sekt.
Ps.: Pra quem quiser ver um pouco mais sobre a vida socialista, aqui tem uma reportagem incrível de um jornalista americano que decidiu passar um mês em Cuba vivendo sob as regras socialistas aplicadas aos cubanos, incluindo racionamento de alimentos e um orçamento de 15 dólares.
3 comentários:
Nossa, AMEI seu blog =))) bom trabalho!!
nao sabia que o Russisch Brot era da DDR. Eu adoro comer de vez em quando!
Agora eu é que tenho que escrever: amei, amei, amei!
Obrigada Ivana por disponibilizar o seu tempo, a sua competência e o seu espaco para divulgar o sorteio que realizamos no Blog da Mel e informacoes concisas e inteligentes sobre o meu pequeno e despretencioso livro - "klein, aber fein".
Beijos e tudo de bom!
Ps. Sonho em conhecer Bremen, quem sabe ainda vamos tomar um café juntas?
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