Ele não torceu muito. Parecia com um pouco de sono, mas o uniforme estava completo: chuteiras, meião, calções pretos e a camisa azul argentina que tanto pânico causa nos brasileiros. Mas não nesse caso. Do alto dos seus seis anos e os olhos mais expressivos do Mundial, Eduardo acompanhava o jogo entre a Argentina e a Nigéria. Estava em uma lanchonete da badalada região da Savassi, em Belo Horizonte, no meio de grupo todo de azul celeste. Hora ficava no colo da mãe, hora espiando a TV de longe.
Com a classificação garantida em primeiro do grupo, dezenas de hermanos transformaram o Centro da capital mineira em um pedacinho de Buenos Aires, prometendo um novo “Maracanazo” e cantando a plenos pulmões os versos da canção que subiu ao topo das paradas Copadomundísticas:
“Brasil, decime qué se siente; tener en casa a tu papá.
Te juro que aunque pasen los años; nunca nos vamos a olvidar…
Que el Diego te gambeteó, que Canni te vacunó; que estás llorando desde Italia hasta hoy.
A Messi lo vas a ver, la Copa nos va a traer; Maradona es más grande que Pelé”.
Mas Eduardo não sabia a letra.
- Eres argentino?
- Não, sou brasileiro.
A mãe explica que o menino virou o pequeno Messi para torcer junto com amigos do país vizinho que ela hospeda em casa durante a Copa.
- E vestido assim, tu torces para a Argentina?
- Claro que não, eu torço pro Brasil!
O torcedor argentino mais fofo de toda a cidade... é brasileiro!
Um comentário:
Oi Ivana, tudo bem?! Depois de dois anos fui ver seu blog. Eu sou a mãe do Eduardo, o torcedor argentino mais fofo da cidade!! Delícia de reportagem que vc fez.
Bj pra vc!
Monica
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