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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Roubos, perdas e furtos na Alemanha: o que fazer


A Alemanha é um país relativamente seguro, mas isso não significa que se possa baixar a guarda. Os assaltos a mão armada são raros, mas Berlim já registra crimes dessa natureza no metro. O mais comum, no entanto, são furtos: os famosos batedores de carteira ou aquela bolsa deixada fora da vista por 30 segundos e que se vai.

Tive uma experiência bem chata este ano. Coloquei a carteira no bolso da jaqueta – coisa que não se deve fazer!!! – e até agora não sei se perdi ou se foi sorrateiramente subtraída do meu bolso. Foram poucos minutos entre eu entrar em um supermercado – e usar uma moeda para pegar um carrinho, como contei aqui – e me dar conta que estava sem ela. Perguntei para todo mundo do mercado se alguém tinha visto, incluindo funcionários e clientes, e nada. Sumiu como um raio.

Nessas horas o negócio é não perder tempo com lamentos e partir para a ação. A primeira coisa a fazer é telefonar para o banco e bloquear os cartões. Para isso, fica uma dica que vale para viagens e até para o dia-a-dia. Mande um e-mail para si mesmo com os telefones de contato dos bancos para bloqueio dos cartões. Tenha em casa os dados como número da conta, número do cartão e afins para facilitar o contato.

Depois de bloquear as contas é preciso ir até uma estação da polícia fazer um boletim de ocorrência: Anzeige. Minha experiência na delegacia do bairro Moabit foi bastante positiva. Fui atendida na hora por uma policial muito bem treinada e simpática. Ela anotou todos as informações possíveis sobre os documentos roubados e me passou um comprovante de que eu estive lá. Não se trata de uma cópia do BO como ocorre no Brasil, mas sim um código pelo qual se pode pedir informações sobre o registro. Além do BO a polícia faz um segundo bloqueio do cartão, que passa a emitir um alerta no sistema caso alguém tente usar.

Com esse documento da Polícia em mãos é possível pedir um novo cartão do banco. Algumas semanas depois recebi em casa uma carta da polícia dando satisfações da investigação do meu caso e dizendo que, infelizmente, nada foi encontrado.

Uma coisa que serviu de consolo durante a ida a delegacia foi a conversa com a policial. Ela disse que, embora seja necessário bloquear os cartões imediatamente, dificilmente os ladrões estão interessados nele. O que querem é mesmo dinheiro em espécie e assim que limpam a carteira, jogam tudo fora.

Vale ainda, depois de uns dois ou três dias, dar uma espiada nos sites de achados e perdidos da cidade. Muita coisa pode ser consultada on-line. Em Berlim, procure no site da empresa de transportes e nos achados e perdidos da cidade. Mas ir até os postos pode dar uma certeza maior de identificar o objeto perdido.

Para os brasileiros que tiveram seu passaporte roubado/extraviado, a Embaixada disponibiliza um documento de autorização de viagem com o qual é possível retornar ao Brasil. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Viver fora: 10 coisas que eu amo e 10 coisas que eu odeio na Alemanha:

Nem amor nem ódio: só achei a cara "azeda" da Merkel-espremedor engraçada

Depois de vários anos morando fora, fica fácil descobrir o que a gente ama ou odeia em outro país. Nos primeiros anos o deslumbramento borra a avaliação, mas quando chega a fase da rotina e da calmaria, fica mais fácil separar as coisas. Eu já fiz minha lista:

Amor, amor!

1 – Dias longos de verão
Acho que essa é uma das coisas que eu mais gosto por aqui. Me sinto vingada pelo inverno longo e escuro. No verão, as 5 da manhã o dia já está claro e a noite chega para valer depois das 22:00. Quer época melhor do que essa para fazer churrascos na rua, conhecer outras cidades e ter luz para fotografar até tarde? O verão na Alemanha é mágico.

2 – Flohmarket
Os mercados de pulgas são fascinantes. Vendem tudo o que a gente precisa e melhor, tudo o que a gente não precisa. Uma coleção de quinquilharias para todos os gostos, objetos usados e, no meio do caos, tendas de jovens artistas de designers vendendo suas peças diretamente para o público. Esses mercados são o único lugar da Alemanha onde se pode barganhar preços. Aliás, a pechincha é uma regra nesses casos.

3 – Jardins e parques por todos os lados
Nunca conheci outro país no mundo com tanto espaço para as pessoas. E olha que já viajei bastante. Por aqui qualquer esquina vira um parque e mesmo as áreas de maior urbanização são cheias de árvores e com banquinhos para sentar uns minutos ao sol. Em volta da minha casa em Berlim são ao menos sete parques: do gigante Tiergarten aos menorzinhos. Isso sem contar as pracinhas com brinquedos para as crianças. Em todos os lugares que morei na Alemanha, nunca estive a mais de um quilômetro de uma área verde: elas estão por todos os cantos.

4 – Transporte coletivo
Nunca precisei de carro aqui e não tenho o menor desejo de comprar um, mesmo que eles custem muito, muito menos que no Brasil. Eu simplesmente não preciso. O transporte coletivo é variado e em Berlim é especialmente eficiente. É o melhor que já usei no mundo, sem puxa-saquismo. Nunca corro para pegar um metrô: o próximo leva menos de cinco minutos. Além disso, o transporte é 24 horas todos os dias: o metrô fecha, mas os ônibus circulam a noite toda.

5 – Mercados de Natal
Sou apaixonada pelo Natal na Alemanha. É lindo demais. E quem nunca viu, não sabe o que é sentir o clima de Natal de verdade. Todas as cidades do país têm seus mercados. Em muitas, mais de um. As barraquinhas oferecem presentes, enfeites e, sobretudo, comidas típicas dessa época do ano. No ar, reina um cheiro devinho quente com especiarias e amêndoas carameladas. Nos dias de neve a coisa toda parece um conto de fadas.

6 – Segurança
Existe criminalidade na Alemanhas sim e as bicicletas que o digam. Roubo de bicicletas é muito, muito comum. Existem batedores de carteira também. Em Berlim, um crime frequente são as surras aleatórias: um grupo escolhe uma pessoa qualquer na madrugada e bate, bate muito, levando a vítima (que geralmente não tem qualquer relação com o agressor) ao hospital. Mas apesar disso tudo eu me sinto segura por aqui. Eu não preciso ficar olhando para trás a noite quando ando na rua. Posso sacar dinheiro no caixa eletrônico sem me preocupar. Uso meu celular no transporte coletivo, leio em uma tablet e não vou ser assaltada por isso na próxima esquina. Também não vou sofrer um sequestro relâmpago e ninguém vai me prender no banheiro enquanto rouba a minha casa. Essa sensação de segurança não tem preço.

7 – Correios
O Correio aqui também é um banco. Por acaso, o meu banco. Mas não é por isso que gosto. O que me deixa feliz é saber que existem concorrentes e posso escolher como enviar minhas coisas pra lá e pra cá. O serviço aqui funciona muito rápido: uma caixa de uma cidade A para B chega no dia seguinte e custa muito pouco. O sistema de entrega também é bacana: se você não está em casa, deixam a encomenda com um vizinho e um bilhete na sua caixa do correio avisando quem está com a encomenda. Além disso, você pode escolher por receber em uma estação de pacotes: recebe em casa um código e vai até a estação – que tem um monte de armários como aqueles de rodoviária –, digita os números em um computador e a porta do compartimento da sua encomenda se abre: 24 horas por dia.

8 – Ciclovias
Mesmo com o transporte coletivo impecável, ninguém precisa usar os serviços. Uma rede de ciclovia se espalha pelo país inteiro, com rotas intermunicipais e espaços para ciclistas em todas as ruas de todas as cidades. Você tem preferência quando está pedalando: os carros param para você passar. Existem normas de como pedalar, equipamentos de segurança obrigatórios e um número relativamente baixo de acidentes se comparado com o volume de ciclistas em todo o país. Uma bicicleta é um objeto fundamental na vida de quem mora nesse país e as crianças aprendem sua importância desde o momento que começam a andar. Primeiro, com bicicletas sem pedal, só para treinar o equilíbrio. E ai, com menos de três anos já estão pedalando pelas ruas também.

9 – Horários
Pontualidade é uma coisa que me comove. Eu odeio esperar, odeio gente atrasada e a Alemanha me faz feliz nesse aspecto. Eu acho que cumprir horários é uma questão de respeito: é como dizer que eu sei que seu tempo vale tanto quanto o meu. Isso por aqui é lei: todo mundo chega na hora e, quando não, avisa imediatamente que vai se atrasar cinco ou dez minutos. Mais do que isso ninguém se atrasa. Isso vale também para o horário de trabalho. É lenda dizer que os alemães trabalham muito: na verdade eles trabalham menos horas que os brasileiros, mas são muito mais focados – e por isso mais eficazes – do que nós. Quando estão no trabalho estão realmente fazendo o que tem que fazer, sem distrações e, por isso, quando termina o expediente, levantam e vão embora. Fazer horas a mais – com raras exceções – significa que você não foi eficaz o suficiente para fazer tudo o que deveria nas horas previstas.

10 – Ordnung
Esse é meu caso de amor e ódio. Falo aqui das coisas boas e depois dos aspectos negativos. Para tudo aqui existe uma regra e para viver em harmonia basta seguir o que está planejado previamente. Isso me comove e torna a vida muito mais fácil. Meu marido sempre brinca e diz que na Alemanha não se precisa pensar: é só ler o manual, porque alguém já previu a situação e pensou em uma saída pra ela. Concordo plenamente e essa organização me da uma sensação de controle muito grande sobre a vida.

11 – (Bonus track!) Silêncio
Eu nunca me dei conta do quanto aprecio o silêncio até conhece-lo de verdade. O Brasil é muito, muito barulhento: tem sempre alguém berrando, um carro buzinando, um vizinho ouvindo uma música horrorosa em um volume que perturba o bairro inteiro. Por aqui, barulho é sinônimo de agressão e todo mundo tenta ser o mais silencioso possível. Eu moro no centro de Berlim e cada vez que abro a minha janela, a única coisa que escuto são passarinhos. E isso acontece pelas ruas também: o canto dos passarinhos na primavera é mais alto que o som dos carros. E mais: nas casas, a televisão não fica ligada o dia inteiro, como se fosse o membro mais importante da família. Aliás, muita gente sequer tem televisão em casa e poder conversar sem disputar o volume com o aparelho já traz uma tranquilidade sem tamanho.

Ai que ódio!

1 – Tudo fecha aos domingos
Todo o sábado os supermercados se transformam em uma praça de guerra. Quem deixa pra ir depois do almoço já sabe que pode ficar sem muitos dos produtos, uma vez que não existe o padrão de repor mercadorias o tempo todo nos mercados. No domingo, nada abre. Em Berlim, a maior cidade da Alemanha, é possível contar em uma mão os mercados que trabalham. Já no interior, nenhum. Se esqueceu de um dos ingredientes da receita, o negócio é mudar o cardápio, por que não se acha.

2 – Cinema dublado
Todo o filme que passa no cinema alemão é dublado. No Brasil esse costume horroroso tem avançado e sinto uma pena imensa. Metade da atuação de alguém - ou mais!- está na voz e juro que até o Brad Pitt fica feio quando abre a boca e sai alemão. Eu amo cinema, mas vou pouco por aqui por conta da falta de opção de títulos com som original. Em Berlim a coisa é menos pior, mas no interior do país, nunca se acha.

3 – Sistema bancário
O sistema bancário alemão vive no século passado. É lerdo, muito lerdo. Depósitos não entram imediatamente na conta, transferências levam dias, pagamentos feitos com cartão de débito não caem na hora. Os serviços não são tão caros, os juros não chegam nem perto dos brasileiros, mas a lentidão me chateia. A única coisa boa é que quase todos os serviços podem ser feitos pela internet e assim nunca preciso enfrentar as filas da agência.

4 – Furadores de fila
Falando em filas... Acho que furar fila é o esporte nacional favorito dos alemães. Nunca vi nada assim no mundo. Eles têm uma cara de pau sem paralelos. Chegam pela lateral e vão se enfiando até que alguém berre reclamando. Se não berrar, eles ficam. E a prática começa cedo! Outro dia estava em uma loja de rede, em um sábado (nunca faça isso!) esperando para provar umas roupas. Uma adolescente veio pelo lado e foi se enfiando, entrando pelo corredor para “ver se todos os provadores estavam mesmo ocupados”. Soltei a brasileira que vive comportada dentro de mim e mandei a fulana para o fim da fila perguntando se a mãe dela não tinha dado educação. Depois pensei que a mãe dela deveria estar, naquele momento, tentando furar a fila de um caixa de supermercado.

5 – Gema
Leia Guêma. É o Ecad da Alemanha e eles aparecem na sua vida a todo o momento. Sabe porquê? Por que cada vídeo do Youtube precisa ser liberado por eles através de um acordo com a gravadora. Então, 80% de todos os vídeos que meus amigos compartilham nas redes sociais... tchã! Não consigo ver. Claro que sempre tem como dar um jeitinho, mas vai que alguém conta para Gema.

6- Inverno longo e escuro
O inverno aqui é quase infinito. Em setembro se começa a usar uma blusinha e a blusinha só sai do corpo depois da metade de maio. Ou seja, são pelo menos oito meses por ano com uma camada a mais de roupa. Camiseta e braços de fora, em poucos dias e raras noites. Mesmo no verão é melhor levar a tal da blusinha. Mas isso não é o pior. Que tal dias em que o sol nasce só perto das 9:00 e as 15:00 está se despedindo? Bem-vindo a Alemanha. A escuridão me deixa com a sensação de ter tido o meu dia roubado e isso me deixa mais pra baixo do que as temperaturas negativas.

7 – Televisão
Nunca fui a pessoa mais aficionada por televisão na vida, mas a tv aberta na Alemanha não é ruim: é pior. As primeiras vezes que eu liguei achei que estava vendo algum especial dos anos 80, mas depois me acostumei que a estética é assim, digamos, peculiar. Filmes antigos estão em todos os canais (dublados, claro!), seguidos de documentários mais velhos ainda, sempre sobre a guerra. Os jogos de futebol são o maior sonífero: o narrador fala duas palavras a cada cinco minutos e você acha que o som da televisão estragou. E tudo isso custa caro. Não ia me importar com a qualidade se eu não tivesse que pagar um imposto pelo serviço, mesmo que eu nunca – ou raramente! – use. São quase 18 euros por mês, obrigatórios e debitados em conta a cada três meses. E quem não paga pode ser fiscalizado e multado.

8 – Egoísmo
No Brasil tudo se partilha. Você ganha um chocolate, tem que oferecer para quem está por perto. Você compra um pacote de chiclete? Pega um e esquece do resto. Por aqui não. Ninguém oferece nada, nunca. E quando você oferece as pessoas não sabem muito o que fazer. Essa coisa do egoísmo é, na verdade, individualismo. Já vi casais (felizes e bem casados) em que cada um lava a sua própria roupa: eu acho que a tarefa é responsabilidade dos dois, mas seria menos complicado revezar de quem é a vez de lavar tudo, não acham? Outra coisa comum por aqui é a pessoa sentar no banco do trem ou do ônibus e colocar qualquer coisa para ocupar o banco do lado: uma mochila, um casaco, o que estiver à mão. Assim, quem quiser sentar tem que pedir para que o ser humano em questão remova seus pertences e vai ganhar uma olhada feia em resposta quase sempre. É normal o trem estar razoavelmente cheio e ninguém se dar ao trabalho de abordar o “dono do espaço”. Eu peço e ainda dou um sorrisinho pra cara feia.

9 – Erdnuss flips e Rumkugel     
E aí você vai na festinha dos seus amigos estudantes e quando chega lá encontra aquela bacia cheia de chips, aqueles amarelos, que passou a infância comendo. É um momento de felicidade, sempre. Um reencontro com a infância. Até encher a mão e levar os primeiros a boca. Difícil mesmo é não ter nenhum lugar por perto para cuspir. Os tais salgadinhos amarelinhos, tão iguaizinhos aos nossos, são uma fraude! Eles têm sabor artificial de amendoim. Um viva (SQN!) para quem inventou essa porcaria. E outro viva para quem teve o dom de avacalhar com a sagrada receita do brigadeiro. Por aqui existem as tais das Rumkugeln, ou seja, bolinhas de rum. Elas são exatamente iguais aos nossos brigadeiros, mas vem em caixinhas ou saquinhos, sem as forminhas. Tudo lindo até o momento de pôr na boca e sentir aquele sabor forte de álcool e um doce que nem doce sabe ser. A propósito, nesse caso existe o outro lado da moeda. Os alemães olham nossos brigadeiros e pensam: oba, Rumkugel! Gosto não se discute... E aí colocam na boca e tem uma crise diabética: a maioria detesta porque acha doce, doce, mas doce demais.

10 – Ordnung

Meu caso de amor e ódio com a Alemanha está aqui na lista também. Se por um lado é muito bom que existam regras para tudo, por outro a margem de manobra para a criatividade é muito pequena. Espontaneidade é quase proibida por aqui, já que fazer qualquer coisa sem pedir a autorização meses antes, sem avisar, sem convidar é fora da lei. E nem pense em bater na casa de alguém dizendo que estava passando pela rua e resolveu visitar. Está fora do Ordnung. Sabe aquele parque lindo do lado da sua casa, perfeito para um piquenique e um churrasquinho? Não pode, o Ordnung não permite. Essa palavrinha significa muito mais do que regras, é o status quo de um país que não sabe o que fazer quando a vida cria situações que não estão nos manuais.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Roteiro de turismo na Alemanha: Cinco dicas para os amantes de cerveja encontrarem o melhor em Berlim

Bier: o logo da Eschenbräu é feio, mas a cerveja é boa, muito boa

A Alemanha é sinônimo de cerveja e visitar Berlim pode ser a chance de fazer um mergulho no que o país tem de melhor. Apesar da fama cervejeira ser da Francônia, região que abrange o Norte da Baviera, o Sul da Turíngia e um pedacinho de Baden-Württemberg – Berlim tem reunido o melhor fora do eixo industrial. Por aqui, dezenas de microcervejarias têm encontrado mercado para os seus produtos e o número de fãs só cresce.

Assim, quando vier a cidade, minha dica é fugir das cervejarias mais tradicionais e de rótulos conhecidos do mercado. Apesar dos preços salgados, cervejas da Paulaner, Erdinger, Höfbrau, por exemplo, podem ser encontradas facilmente no Brasil. Então, aproveite a chance para beber e conhecer o que não se pode ter em casa.

1 – Vá a um bom Getränkemarkt
Os supermercados maiores (Edeka, Real, Kaufland, Rewe) costumam ter uma boa oferta de cervejas, mas os mercados especializados em bebidas, Getränkemarkt, selecionam seus estoques com mais carinho. Pode ser qualquer um: as estantes são como a Disneylândia dos cervejeiros e com preços bem alemães. Cervejas boas a partir de 0,65 € a garrafa de meio litro. A rede de lojas de bebidas Hoffmann é um bom ponto de partida.

Variedade: mesmo nos supermercados, não faltam opções de cerveja

2 – Visite uma loja especializada

São muitas pela cidade e cada um elege sua favorita. Elas reúnem aquelas preciosidades do mundo todo, cervejas artesanais e mesmo raridades. As cervejas não custam tanto quanto em um bar, mas os preços começam nos 2 Euros, geralmente. Eu gosto da Berlin Bier Shop por conveniência: é perto de casa e tem uma carta que não faz feio (apesar do site não fazer jus a loja!).

Arminiusmarkthalle: barris abastecidos com as melhores cervejas de Berlim


3 – Visite o Mercado Público Arminiusmarkthalle

Várias cervejarias nasceram e floresceram na região do Moabit em épocas passadas. Algumas fecharam e outras param de servir o público diretamente e concentraram suas torneiras nos diversos bares e restaurantes desse simpático mercado. Fique atento que o local fecha cedo, por volta das 19h, mas é possível entrar pelos fundos para beber cerveja e comer em um dos muitos restaurantes que se instalaram lá. Procure por esse ai da foto e peça o carrossel de degustação, com cinco cervejas locais (100 ml cada) por 5 Euros: uma preciosidade. Não deixe de provar a Berliner Weiss, que é uma cerveja de trigo bem azeda e pouco convencional. Eu particularmente não gosto, mas vale a experiência. As minhas favoritas são a Kreuzberger Tag und Nacht.


Menu de degustação: cinco copos de 100 ml por 5 Euros

4 – A cervejaria mais feia de Berlim
O lugar não é exatamente fácil de achar: a cervejaria fica nos fundos de um condomínio estudantil e muita gente desiste na porta achando que está no lugar errado. Vai ver esse é o segredo da Eschenbräu. Durante o verão, há um Biergarten na rua e o divertido é que você pode levar a própria comida, se quiser, e pedir uma das cervejas da casa para empurrar tudo pra baixo. Eles oferecem uma pilsen, uma escura e uma de trigo o ano todo e, a cada mês, uma especialidade. É preciso conferir o cardápio de produção. A Black Mamba, uma dessas ofertas, foi uma das melhores cervejas que já bebi na vida. Ah, antes que eu esqueça: o título de cervejaria mais feia vem por conta do logo e da decoração. É muito mal desenhado, propositalmente, quero crer.

5 – O point hipster das cervejas artesanais


A Vagabond é um daqueles lugares obrigatórios em Berlim, frequentado por gente da cidade e não por turistas. Vale pela essência da ideia e pelas cervejas, claro. A cervejaria foi fundada por três americanos cansados da mesmice das marcas comerciais da cidade. A ideia se tornou realidade por financiamento coletivo (crowdfunding) e hoje em dia o espaço é pequeno demais para tantos fãs. Por isso, evite os fins de semana, onde é até difícil chegar perto do balcão. Durante a semana, com sorte, se acha espaço em uma das cinco mesas da casa. O local é o mesmo onde as cervejas da casa são feitas (pode espiar!), mas elas não são as únicas estrelas. As torneiras servem ainda a produção de cervejarias parcerias em pequenas quantidades e é bem normal o quadro de ofertas mudar durante a noite. Além disso, o cardápio de cerveja tem ao menos uma centena de marcas, todas classificadas por tipo e sabor. Não espere pagar barato, mas vá com a certeza de sair feliz (e bêbado!).

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Manual da visita legal: como curtir as férias na Europa sem chatear o amigo que está te hospedando


A coisa toda parte de um princípio básico: receber visita aqui não é o mesmo do que receber no Brasil. Quem vem para se hospedar na casa de amigos é, geralmente, jovem – como os amigos que vão receber! – e em busca de fazer uma viagem mais barata. Quem mora aqui está, na maioria das vezes, estudando ou em início de carreira: ou seja, também tem as despesas mais apertadas. E mais, quarto de visita na Europa é um luxo imenso que mesmo famílias já estruturadas não costumam ter. Por isso, que fique claro: fazer um mochilão barato pela Europa não significa transferir uma parte das suas despesas para quem está te hospedando.

Mas não me entenda mal. Eu adoro receber visita. Vamos partir desse pressuposto. É sempre um prazer ter amigos queridos por perto, compartilhar refeições, colocar a conversa em dia. E quando recebo gente em casa é porque realmente quero receber a pessoa: se não, nem teria feito o convite. No geral, nunca tive problemas recebendo ninguém aqui (se você já se hospedou na minha casa, pode dar um suspiro aliviado!), mas ouvi muitas histórias ao longo desses anos aqui na Alemanha e por isso resolvi escrever esse post com algumas regrinhas básicas:

Não peça hospedagem para mais do que duas pessoas - As pessoas moram em espaços menores aqui e, por isso, se for pedir hospedagem, pense que o espaço é limitado. Você e seu parceiro podem dormir juntos. Mas se for um amigo, já são dois espaços. Pedir hospedagem para três pessoas? Nem pensar. Para muitos, isso seria ter colchões espalhados até pela cozinha. Isso pode até ser uma prática válida para o Réveillon na praia na casa da tia, quando todos estão de férias, mas não no meio da rotina de quem vive aqui.

Pequeno significa pequeno - Ainda sobre o espaço: não tente argumentar que “qualquer cantinho ta bom”, sem frescura, “é só jogar um colchãozinho no chão”. Eu já morei em um apartamento tão pequeno que, se eu colocasse um colchão no chão, não dava para abrir porta de saída da casa. Se o seu amigo disser que mora em um apartamento pequeno, acredite e não imagine o “pequeno” de acordo com a sua experiência brasileira.

Aceite um não como resposta – Muitos amigos gostariam de te hospedar mas podem não estar aptos a fazer isso. Além da falta de espaço há quem viva em moradas estudantis que tem políticas bem restritivas quanto a visitantes. Ou ainda dividem apartamento com outras pessoas e o acordo da casa é não receber visitas que não sejam familiares próximos ou parceiros. Pode soar estranho para os brasileiros que tem a hospitalidade como característica, mas é mais corriqueiro por aqui do que se possa imaginar. Visitas sempre implicam em gastos maiores para a casa e tem gente que não está disposta em arcar com o banho alheio.

Arrume sua cama – Isso parece óbvio, mas sei de muita gente que “esqueceu”. A ação tem que ser imediata: pulou da cama, arrume tudo o quanto antes. Se possível, levante o colchão e coloque encostado na parede para ocupar menos espaço. Feche o sofá cama. Faça o que for preciso para deixar a casa do seu anfitrião o mais próximo possível de quando você não está lá.

Não deixe suas coisas espalhadas – Claro que pode deixar uma bolsa com cosméticos no banheiro, casacos na porta, sapatos na entrada. A casa funciona assim. Mas deixar malas abertas e coisas voando por todas os lados do apartamento não tem o menor cabimento.

Siga as regras da casa – Em Roma, faça como os romanos, claro! Você está vendo os donos da casa comerem biscoitos na cama? Se não, não faça! Está vendo alguém fumar na janela? Não? Vá fumar na rua. Todo mundo tira o sapato quando chega? Tire também. Observe o ritmo das coisas e se inclua nele o mais rápido possível.

Não ocupe o banheiro por muito tempo – Isso vale para tudo, mas especialmente para o banho (a água e a energia são bem caras no Velho Mundo). Pense que os banhos diários dos brasileiros já são uma excentricidade para qualquer europeu. Dois banhos por dia? A não ser que esteja um calor infernal (coisa rara!) são um disparate que vai enlouquecer seus anfitriões, já acostumados ao estilo de vida europeu. As residências por aqui têm, geralmente, um banheiro só. Então em vez de secar o cabelo por lá, vale perguntar pra dona da casa se não é melhor fazer isso em outro cômodo para deixar o banheiro liberado logo – especialmente para quem divide apartamento com outras pessoas.

Leve um presentinho – Quem está conhecendo a Europa de mochila sabe o quanto pesa cada quilo a mais na bagagem. Quem mora do lado de cá também. Por isso, não precisa trazer um caminhão de encomendas para quem vai te receber, ainda mais se for no fim da viagem. Mas um agradinho “made in Brazil” pode fazer toda a diferença. Pode ser uma bijuteria, pode ser um pacotinho com cubos de caldo para feijoada, pode ser um imã de geladeira. Não precisa ser caro, mas é bacana mostrar que você pensou em quem está te recebendo. E pergunte antes de colocar cachaça, farinha, leite condensado, pão de queijo, feijão e afins na mala: hoje em dia tudo isso pode ser comprado aqui mesmo, sem problemas.

Vá ao supermercado, mas pergunte antes o que pode comprar – Vocês já viram as geladeiras das casas aqui na Alemanha? Em muitas, mesmo quando mora uma família, são um frigobar. Algumas sequer tem congelador. Ou seja, sua ideia de trazer sorvete como sobremesa do jantar pode ser muito errada. Também não compre coisas sem perguntar aos donos da casa o que pode comprar: muitas vezes não há espaço para os alimentos e as coisas podem estragar. Mas de qualquer forma, vá ao mercado e ajude nas despesas. Pão, leite de caixinha, chocolate, biscoitos: são coisas que todo mundo come e não estragam.

Se ofereça para cozinhar – Levar seus anfitriões para jantar pode sair do orçamento, mas cozinhar para eles pode ser uma forma muito divertida de agradecer. Não precisa preparar um jantar com três pratos, mas faça sua especialidade. Vai ser divertido encontrar os ingredientes em um mercado que não fala sua língua, cozinhar em um espaço completamente diferente. Nem precisa ficar delicioso: todos vão gostar do mesmo jeito.

Ajude com a louça – Seu anfitrião cozinhou? Se ofereça para lavar os pratos. Ele prefere lavar? Se ofereça para secar. Tem máquina? Ajude a recolher a mesa e a colocar a louça suja no lugar certo. Não espere que ele te peça ajuda. Ninguém por aqui tem empregada e toda a ajuda é sempre bem-vinda.

Participe da limpeza da casa – Claro que ninguém vai sair fazendo faxina na casa alheia se a estada for de umas noites. Mas se for ficar a semana toda é bom ficar atento no funcionamento da casa e dar uma forcinha na hora de varrer o chão. Muito provavelmente seus anfitriões vão fazer isso enquanto estiver fora de casa, mas se chegar no meio da função, nunca deixe de oferecer ajuda. Além disso, fique atento ao lixo que produz. Sacos, saquinhos, sacolas, pacotes de lojas de souvenires: tudo precisa ser separado e colocado no contêiner adequado.

Tenha uma agenda independente – Você já parou para pensar em quantas pessoas além de você seu anfitrião já recebeu naquela cidade. E quantas vezes ele foi ao Brandenbuger Tor, à Torre Eiffel ou a qualquer outro ponto turístico obrigatório?! Não o obrigue a fazer isso de novo. Faça seu próprio roteiro, participe de Free Tours, use APPs que te guiem pela cidade e pense que, enquanto está passeando, seu anfitrião – que muito provavelmente não está de férias – tem uma rotina a seguir. Tenha um roteiro pro dia sempre programado, mas aceite sugestões e dicas de quem vive na cidade. Elas podem transformar seu passeio em algo muito mais especial.

Inclua seus anfitriões em seus programas – Ser independente não significa excluir os anfitriões da agenda e usar a casa deles como hotel. Isso chateia qualquer pessoa. O importante é equilibrar as coisas: faça os passeios turísticos sozinhos, marque um happy hour com o amigo que está te hospedando.

Deixe um agrado na saída – Não se trata de pagar a hospedagem. Ninguém espera isso. Mas é sempre bom se sentir reconhecido e isso pode ser feito com um bilhete e meia dúzia de palavras gentis escritas a mão. Pode ser um bombom. Pode ser uma flor que custa um euro na lojinha da estação de trem. O importante é não esquecer de deixar claro o quão grato ficou por ter sido hospedado de graça pelo seu amigo.

Não esqueça de nada – Verifique dez vezes se está levando tudo. Veja no banheiro, embaixo da cama, pendurado atrás da porta. Veja na cozinha, na geladeira, atrás do sofá. Depois, veja outra vez. Não deixe para trás para que seu amigo não tenha a responsabilidade de guardar alguma coisa por dois anos, até vocês se reencontrarem, e nem que colocar nada no correio.

Avise que chegou bem em seu próximo destino – A não ser que esteja indo para um destino inóspito e sem internet, escreva para dizer que chegou bem. Seu roteiro de viagem foi, provavelmente, um assunto bastante comum na sua estada e seu amigo certamente vai querer saber se chegou bem ao próximo destino e tudo correu conforme o planejado.


Escreva quando estiver em casa e envie as fotos – Depois das férias, já de volta ao lar doce lar, não esqueça de enviar as fotos que prometeu! Escreva ainda um e-mail bacana, contando como foi o resto da viagem e agradecendo mais uma vez pela companhia e pelos dias que passaram juntos. Isso certamente vai deixar as portas abertas para sua próxima estada. Ah, e retribua a gentileza! Não esqueça de deixar sua casa – ou sua casa de praia! – a disposição do seu anfitrião na próxima vez que ele for ao Brasil. 

terça-feira, 7 de abril de 2015

Faculdade na Alemanha: passo-a-passo para cursar o bacharelado (graduação) em uma universidade no país

Universidade de Bremen: uma das melhores no Norte da Alemanha

A Alemanha oferece ensino superior gratuito e isso tem atraído cada vez mais estudantes estrangeiros interessados em estudar no país. Mas entrar em uma universidade alemã exige dedicação e boas notas. E não só: para quem é estrangeiro, o desafio já começa no aprendizado do idioma.

A maioria dos cursos de bacharelado é em alemão. Ou seja, sem um conhecimento intermediário/avançado da língua as chances são poucas. Quanto tempo leva para aprender alemão? Depende de cada um. Mas considerando o que as escolas de línguas geralmente oferecem – quatro a cinco semanas por nível – é só fazer as contas: A1.1, A1.2, A2.1, A2.2 e por ai vai até o B2.2 ou C1, conforme a exigência da universidade.

Para quem quer economizar nessa hora, uma boa opção são os cursos oferecidos pela Volkshochschule, subsidiados pelo governo. Em Berlim, cada nível custa a partir de 100 euros, o que é muito menos do que escolas de idiomas privadas ou institutos como o Goethe cobram. E o ensino é de qualidade. A maioria dos estudantes é imigrante e tem pressa em aprender. Por isso as aulas fluem bem e todo mundo está interessado.

Mas falar alemão não é o suficiente. É preciso conseguir uma vaga na universidade o que significa concorrer de igual para igual com os alemães e candidatos de outros países. Para isso existe um curso preparatório e de nivelamento que dura um ano: o Studienkolleg. O curso é oferecido tanto por instituições públicas (onde se paga apenas uma taxa semestral que dá direito ao transporte na cidade e região) ou privadas. 

Além disso, é preciso saber de antemão qual curso se pretende cursar como bacharelado, já que a estrutura educacional na Alemanha é diferente. Existem por aqui as faculdades técnicas (Fachhoschule / Hochschule, com cursos mais voltados à prática, como mídia, informática, administração e negócios, etc) e as universidades (Universität, com engenharias, medicina e outros cursos que envolvem mais pesquisa).

Para entrar em qualquer uma das duas é preciso fazer um teste (tipo o Enem!). Para as Fachhochschulen o exame se chama Fachhochschulreife, ou Fachabitur, como é conhecido popularmente. Esse exame é aceito excepcionalmente também para alguns cursos em Universidade. 

No entanto, quem pretende entrar em alguma universidade precisa fazer o Abitur. Com a nota dessa prova pode-se então participar do processo de seleção de cada universidade do país.
É importante observar que o nível de alemão exigido pelas universidades é maior do que o exigido pelo Studienkolleg, então, muitas vezes, é preciso estudar um pouco mais a língua para passar em um exame de proficiência como o DSH2 ou DSH3, ou TestDaf.

Quem já cursou um ano de universidade no Brasil pode tentar pedir transferência. As regras, nesse caso, dependem da universidade pretendida, que vai definir o que pode ou não ser aproveitado e que documentos serão necessários para o aceite. No entanto, a exigência de passar no teste de proficiência de alemão permanece.

Algumas – raras ainda! – universidades oferecem cursos de bacharelado em inglês, mas são quase sempre faculdades privadas e com mensalidades que ultrapassam os 500 euros. Pode parecer pouco se comparado aos preços praticados no Brasil, mas a conta aumenta com os cerca de 700 euros necessários para viver no país (incluindo casa, plano de saúde, comida, etc). E lembre-se, para pedir o visto de estudante é preciso ter o dinheiro para o ano todo (660 euros por mês) depositado em uma conta-poupança bloqueada na Alemanha.

Se você quer fazer o mestrado, tem muita informação aqui. Já esse post explica como tentar o doutorado na Alemanha.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Alemanha fácil e barata: Cinco dicas para não cair em roubadas de turista em Berlim

 

Os brasileiros estão invadindo Berlim. Cada dia mais visitantes chegam para descobrir porque a cidade “pobre, mas sexy” virou o epicentro de gente descolada, artistas, hipsters, startups e curiosos do mundo inteiro. É claro que existem aqueles lugares obrigatórios para ver na primeira visita à cidade, mas além do Portão de Brandemburgo, dos restos do muro na East Side Gallery e do Memorial dos Judeus mortos na Europa não é preciso seguir à risca o roteiro Europa mágica. Ai vão as dicas:


Ônibus 100: a linha passa pelos principais pontos turísticos


Fuja dos ônibus turísticos -  A maior graça de Berlim está na sua gente (do mundo inteiro) e na babel de línguas que se fala dentro do metro. Compre um ticket para o transporte coletivo para a zona AB e divirta-se. Existem os tickets diários para uma pessoa (6,90 Euros), diários para grupos de até cinco pessoas (16,90 Euros) ou para a semana, que custam 29,50 Euros. Os tickets valem até as 3:00 da manhã do dia seguinte e, assim, dá para curtir a balada. O sistema de transporte de Berlim não tem catracas: funciona na confiança e pega mal, muito mal tentar dar uma de espertinho e viajar sem o ticket.  Além do vexame, a multa custa 40 Euros e precisa ser paga na hora por quem não mora na cidade.  A situação pode ser complicar e virar caso de polícia para quem se recusa a pagar e não tem endereço fixo. Uma vez com o ticket em mãos, não deixe de dar uma volta com os ônibus 100 e 200, que saem da estação Zoologischer Garten e percorrem os principais pontos turísticos da cidade.


Prefira cervejas artesanais: A Alemanha produz milhares de cervejas que são vendidas no mundo todo. Portanto, nada melhor que aproveitar uma visita a Berlim para provar o que não se vai encontrar em lugar nenhum. É só pesquisar por micro brauerei e escolher a que fica mais perto do hotel.

Fuja dos hotéis tradicionais: Alias, falando em hotel… A rede de hospitalidade de Berlin é enorme e tem preços e opções para todos os bolsos. Mas para quem busca uma experiência mais autentica, a melhor opção é alugar um apartamento. Eu uso sempre o Airbnb. O preço pode ser bem convidativo e ainda se tem a chance de cozinhar em casa e, com isso, a desculpa para conhecer os supermercados da cidade, o que, por si só, é uma experiência interessante.

Kantstrasse: fachadas feias, comida boa e barata


Procure locais alternativos para comer: Mas se o negócio for comer na rua, fuja dos restaurantes supervalorizados pelos populares sites de viagem e vá onde os berlinenses vão. Aos fins de semana, há sempre comida de rua nos parques e mercados de pulgas. Uma sugestão deliciosa eh descer do S-Bahn na Savignyplatz e andar até a Kantstrasse. A região é conhecida como Chinatown de Berlim e os restaurantes com fachadas duvidosas tentam conquistar a clientela. A melhor dica nesse caso é espiar pela porta. Se estiver cheio é sinal de boa comida. Sempre tem gente comendo em Berlim, não importa a hora!


Torre de rádio: opção bem mais barata


Visite pontos de interesse fora da rota turística: Quer ver a cidade do alto? Nada de subir na torre da Alexanderplatz e nem no balão do Die Welt. Vá para a Coluna da Vitória, o Sigsäulle e enfrente os quase 300 degraus pra ver Berlim lá do alto pagando 2,50 se for estudante ou 3 euros. Outra opção é  a torre de rádio, Funkturm, com uma vista incrível e um preço bem simpático também, a partir de 3 Euros pra estudante. O mesmo vale para compras: em vez de deixar meio salário nas lojas de souvenir, que tal uma bijuteria única comprada de um artesão no mercado de pulgas? São dezenas de mercados na cidade, é só escolher.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Paris em luto: ataque covarde abre ferida na capital francesa

Luto: funcionário desce a bandeira a meio mastro no Museu das Armas

Estou em Paris e as bandeiras estao a meio pau. Mas levei um tempo para me dar conta que algo mais serio tinha acontecido. A noticia do ataque covarde a redacao do Charlie Hebdo chegou na velocidade das redes socias. Na terca-feira, um amigo havia comentado em tom jocoso em uma foto da Torre Eiffel que publiquei no Instagram: toma cuidado ai. Alem das luzes, Paris tambem eh famosa pelos batedores de carteira e nao poderia imaginar nada mais grave do que isso. Mas foi por por outro comentário que fiquei sabendo do atentado: “Te falei pra tomar cuidado! Já teve até tiroteio ai hoje”.

Pensei que fosse piada, mas abri um site de noticias só pra ter certeza. A manchete era clara. Um ataque com – até entao – pelo menos quatro mortos. A notícia deu sentido a movimentacao de carros a paisana, mas com sirenes ligadas, que estavamos vendo nas ruas: alguns deles cortanto as largas avenidas da cidade na contramao. Segui as noticias aos poucos, a medida que, por ironia, avancava pelos corredores do Museu das Armas, com meu marido e um casal de cunhados recem chegado de Florianopolis para uma visita.

Foi so na saida do complexo historico que me dei conta que se tratava de uma tragedia. Um funcionario descia a bandeira francesa ate o meio do mastro no alto da Tumba de Napoleao, enquanto o burburinho da cidade, misturado ao vento gelado de inverno, era cortado por sirenes a cada momento.

Tenho a impressao que muitos turistas nem se deram conta que algo se passou, a nao ser pelo aumento dos policiais nas ruas e, especialmente nas estacoes de trem e metro. Algumas foram fechadas por razoes de seguranca, como a La Republique, onde uma manifestacao em solidariedade as vitimas reuniu milhares de pessoas, o que soh fiquei sabendo mais tarde, ja em casa.
A estacao do proxima ao boulevard Richard-Lenoir, onde aconteceu o massacre, ainda estava fechada no inicio da noite, mas nos arredores da casa onde estou, a menos de dois quilometros da sede do semanario, poderia ser mais um dia qualquer. Meu frances nao serve para entender as sutilezas das conversas de metro, mas tudo parecia mais calado que o normal.

Foi so em casa que vi os videos do ataque e que pude pensar no quao vil e covarde foi tudo isso.  Ja tinha enfrentado uma situacao de tristeza parecida no final de 2012. Eu morava em Bonn, na Alemanha, na época em que salafistas deixaram uma bomba de alto poder de destruicao na estacao de trem por onde eu passava todos os dias. Uma falha na montagem evitou a explosao, mas nada evitou o sentimento de vulnerabilidade que tomou conta da cidade e que se repete agora na Franca.

O que aconteceu em Paris nessa quarta-feira serve de alimento para os crescentes movimentos de extrema direita que se espalham pelas ruas da europa e pelas urnas a cada eleicao. Mas apesar da dor e das feridas, apesar do fundo religioso dos ataques, os tiros contra o  Charlie Hebdo nao podem servir de municao para a generalizao de um sentimento anti-islamico. As canetas que ficarao caidas nas mesas falavam de liberdade e tolerancia e esse discurso nao pode se calar com balas.

Paris fica mais cinza a partir dessa quarta-feira e a imprensa vai seguir de luto mesmo depois que as bandeiras voltarem ao topo dos mastros na cidade Luz.

Ps.: Desculpa pela falta de acentuacao. Arrumo isso assim que voltar a Alemanha.
de volta à nave mãe - desde 2008 © Ivana Ebel