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domingo, 22 de maio de 2011

Cidadania: Meu primeiro voto na Alemanha


Já faz umas quatro semanas que eu recebi, em casa, uma carta da prefeitura de Bremen e, para minha surpresa, quando vi o conteúdo, tratava-se de uma espécie de título de eleitor, convidando para participar das eleições municipais de hoje, dia 22 de maio. Então, debaixo de uma chuvinha chata, lá fui eu exercer a cidadania. Confesso que fiquei feliz com a possibilidade, não tanto por escolher os rumos da cidade – que eu nem conheço a política profundamente – mas por me sentir parte dela, incluída nas rotinas mais básicas do cidadão. Vale dizer que votar aqui é realmente um convite, já que se trata de um direito e não uma obrigação.

Desde o convite, então, passei a prestar mais atenção à campanha: algumas placas nos postes, cartazes pelas ruas e três “santinhos” na minha caixa de correio: isso mesmo, três (um pessoal e dois institucionais do partido). Por aqui o voto é por listas e você tem duas, enormes para escolher seus candidatos. Uma geral, com candidatos de toda a cidade e outra local, com os candidatos do bairro em que você vota, assegurando assim a representatividade para o parlamento. Depois de formada a bancada, é ela que elege o seu presidente, que acumula o cargo de “primeiro ministro de estado” e prefeito, já que Bremen é uma cidade-estado.

A campanha política aqui tem um tom muito diferente do Brasil. Ninguém comenta seu voto – mesmo entre amigos muito próximos – e a discussão é poucas vezes pessoal: não se fala de candidato A ou B, mas de partidos e ideias. Para ajudar os indecisos, a própria cidade oferece um serviço bem curioso: o Wahl-o-mat. Trata-se de um questionário (tipo teste de revista) em que o eleitor responde perguntas (on-line) selecionando a opção que mais se encaixa com seu ponto de vista. São 38 perguntas sobre temas tão diversos quanto energia, trânsito e educação.

Quer um exemplo? Uma das perguntas é: Você acha que Bremen e Bremerhaven devem adotar apenas matrizes energéticas renováveis? (Concordo, neutro, não concordo). Ou outra: a cidade deve abolir o limite de velocidade nas autopistas que cortam o estado? (Concordo, neutro, não concordo). E por ai vai. O sistema combina suas respostas com as propostas de cada partido e como resultado, aparece o partido que tem ideias mais semelhantes as suas. Achei o Wahl-o-mat incrível e acho que deveria ter um assim no Brasil, mesmo fora de eleições – só por curiosidade mesmo, já que são raras as pessoas que saberiam falar de qualquer partido com base em suas políticas e ideais. O Brasil precisa muito crescer nesse aspecto: política precisa ser um e embate de posturas e ideias e não um duelo financeiro e de influências.

Mas tem outro lado em que a Alemanha precisa crescer e nesse caso o Brasil é imbatível: o sistema de votação eletrônica. Por aqui a coisa é um pesadelo. A prefeitura mandou pra minha casa um modelo de cédula, para que eu chegasse ao dia familiarizada com o processo: dois livretos A4, um com 16 páginas e outro com 24 páginas. Multiplique isso por 490 mil – o número aproximado dos eleitores do estado Bremen – e por dois: já que essas cédulas foram o exemplo e, no dia, novas cédulas iguais estão disponíveis: 19.600.000 páginas impressas de modelo e o mesmo tanto para a eleição.

O processo de votar, em si, é simples: cada eleitor tem direito a cinco votos em cada um dos caderninhos: o geral e o local. Você pode dar um voto para cada candidato, todos para o mesmo, votar em uma só legenda ou espalhar seus votos pelas listas. Cheguei lá com meu título (o tal do cartão que recebi pelo correio) e sequer pediram minha identidade. No jardim de infância a lado de casa – que a própria prefeitura designou como meu loca de votação – havia duas sessões, cada uma com três cabines de votação. Fiquei surpresa com a quantidade de idosos – e quando alguém idoso chama a atenção por aqui é porque está muito perto (para mais ou para menos) dos 100 anos: afinal esse é um país de idosos.

Esperei uns 10 minutos pela minha vez, já que algumas pessoas parecem ter deixado para conferir a nominata pela primeira vez na hora de marcar os votos. Eu já havia me decidido: nos dois casos, votei na legenda que representava mais claramente as minhas ideias, já que não conheço os nomes e os valores individuais de cada candidato. Coloquei minhas cédulas em uma urna gigantesca e, na saída, fui abordada por um jornalista da ZDF. Perguntou se eu concordava em preencher um questionário informando o meu voto na lista geral e alguns dados estatísticos: faixa etária, profissão, etc. Preenchi a planilha e sai. As informações são para a famosa pesquisa "boca-de-urna", que vai ser liberada hoje a noite.

No caminho, não vi um único panfleto eleitoral. Não vi um único cabo eleitoral ou qualquer demonstração de apoio a partido ou candidato: nenhum adesivo, nenhuma sujeira pelo chão. Nada. Voltei pra casa pensando nas diferenças e, na verdade, nesse aspecto, fico novamente com a Alemanha: um embate de ideias e ideais, não a forrar o chão e entupir bueiros de papelada. De qualquer forma, eles terão muita papelada para lidar nos próximos dias: as outras 19.600.000 páginas precisam ser conferidas. Primeiro, para saber se o cidadão não votou mais do que cinco vezes – o que anula a cédula. Depois, para saber em que partido ou pessoa esses cinco votos foram dados. Com isso, não creio que o resultado saia tão cedo.

Mas o resultado, afinal, pouco importa no cenário político alemão, já que Bremen é o menor estado do país e tem apenas 1, 1% dos eleitores. Importa para mim que participei pela primeira vez do processo. E, antes que alguém me pergunte se eu votei porque sou alemã, respondo a pergunta. Não, não sou alemã, mas sou cidadã de um outro país membro da união europeia. Mas em Bremen, todos os alemães ou membros da união europeia, com mais de 16 anos (no restante do país a idade é 18 anos) e que residam legalmente na cidade por mais de três meses têm direito ao voto. Me senti incluída e satisfeita, embora tenha ficado com uma pergunta ainda por responder. Nas eleições do parlamento geral, minha cédula de votação era verde enquanto a da maioria (alemã, pressuponho) era branca. Das duas uma: ou trata-se de uma estatística para saber quantos são os estrangeiros votando ou de uma forma de separar a papelada na hora da contagem... Honestamente, prefiro acreditar na primeira opção! :)

Para saber mais sobre a eleição em Bremen, clique aqui ou aqui (sites em alemão). Se preferir, pode conferir o vídeo institucional explicando o sistema de votos que está ai embaixo (que veio do site www.5stimmen.de). Apesar de o vídeo também estar em alemão, a linguagem é bem simples e fica fácil entender.

sábado, 14 de maio de 2011

Marzipã: Niedereger e Lübeck, para o mundo ficar mais feliz!


Eu já tinha provado Marzipã antes de vir pra Alemanha e não era algo muito presente no meu imaginário ou no catálogo das boas lembranças. Mas ai, quando se chega aqui, não demora muito pra descobrir que há muito mais do que batata nos supermercados... e todos eles tem uma seção dedicada a essa iguaria feita de amêndoas. Da pra saber mais sobre a história desse doce aqui. A foto ai de cima veio daqui.

Marzipã é, em essência, uma pasta de amêndoas moídas e cozidas com açúcar, até o ponto de brigadeiro. Tem origem árabe, mas é produzida em vários países europeus, como Itália, Portugal, Grécia e, claro, Alemanha. E é por aqui que são produzidos os mais famosos marzipãs do mundo, entre eles, a marca que acabou se tornando a minha favorita: Niederegger. Afirmo com toda a certeza: você não pode dizer que conhece marzipã até ter provado um dessa marca!

Minha mãe na frente da loja da Niederegger:


A fábrica da Niederegger fica em Lübeck, uma cidade linda e charmosa no Norte da Alemanha. A mais bonita do Norte, na minha opinião: cidade onde moraram os prêmio Nobel Thomas Mann e Gunter Grass. Cidade de igrejas luteranas em estilo gótico decoradas com anjos em forma de caveira, relógios zodiacais e, ainda, alguns resquícios da destruição da 2ª Guerra Mundial. Uma cidade que merece a visita, começando pela fábrica da Niederegger.

Marido e minha sogrinha na casa onde viveu o Thomas Mann:


Na sede da Niederegger, o primeiro andar é tomado por uma loja que vende marzipã em todos os formatos imagináveis. Desde os tradicionais porquinhos – que os alemães presenteiam aos amigos no ano novo como símbolo de boa sorte, o Glückschwein – às replicas dos monumentos da cidade, além de barrinhas, caixas de diversos sabores e afins. Mas quer uma dica: não comece a visita pela loja. Vá direto ao terceiro piso, onde está instalado o museu do Marzipã, com entrada gratuita. Por lá, estão estátuas de tamanho natural feitas da massa e um vídeo conta a história do fabrico dessa iguaria. Com sorte, uma funcionária da loja estará mostrando como é feita a modelagem e vai oferece um pedacinho para provar.

No segundo andar, um café requintado está instalado. Doces, tortas e toda a sorte de iguarias feitas com marzipã estão no cardápio. Mas vale a pena reservar espaço para os originais: agora, já conhecendo o fabrico, é possível reconhecer os modelos e tipos pela loja, o que torna as compras ainda mais interessantes. Se for no verão, não deixe de provar o sorvete de marzipã: tem fila no quiosque, acessado pelo lado de fora da loja, para quem quer provar essa iguaria. É simplesmente P E R F E I T O! Se for inverno, compre um Berliner de marzipã (um sonho, como é chamado o doce no Brasil), mas programe-se pra voltar no verão!

Ai estão algumas fotos do museu do marzipã:




E saia da loja com os bolsos cheios dos sticks de marzipã de vários sabores: barrinhas práticas e deliciosas pra comer enquanto passeia pelas ruas de Lübeck. A cidade se auto declarou a capital alemã do marzipã. Considerando que os alemães fazem os melhores marzipãs do mundo e a Niedereger faz o melhor marzipã da Alemanha, é fácil concluir que se trata do melhor marzipã do mundo! Se for lá, traz um pra mim: o tradicional, vermelho, coberto com chocolate meio amargo é o meu favorito e está na lista dos pequenos prazeres da vida...

Eu e o maridão em uma de nossas muitas idas a Lübeck!


E ficam aqui algumas fotos de Lübeck, pra espiar o quão fofa é a cidade!
Lübeck tem um mix arquitetônico bem interessante, mas se destaca pelas construções em Backstein (pedra cozida... ou simplesmente, tijolo!), com fachadas criativas e repletas de elementos decorativos criados com a organização das peças. Bem interessante mesmo!















segunda-feira, 9 de maio de 2011

Grillzeit: Tempo de churrasco (alemão)!

E viva a temporada de churrasco na Alemanha!!! Para quem mora em um lugar com jardim grande, como eu tenho a sorte, é bom se acostumar com os piqueniques armados no gramado. Toalhas pelo chão, uma churrasqueira redonda de cinco euros, cada um munido de suas próprias tralhas. Sim, porque aqui, ser chamado para um churrasco significa que você foi convidado a compartilhar o momento com os amigos, não as comidas e bebidas. Já escrevi um post sobre isso e outras regras de comportamento, mas vou copiar as dicas básicas de sobrevivência em um churrasco alemão no fim desse post.

Mas, além disso, se você quiser ser feliz em um churrasco alemão, esqueça tudo o que você conhece por churrasco no Brasil: não pense em picanhas, maminhas, chuletas. Imagine apenas salsichas, espetinhos de porco e frango, bifinhos com um molho verde ou vermelho que fazem qualquer um crer que são vindos de outro planeta e, com sorte, alguns corações de galinha. Aliás, essa é uma parte curiosa. Tirando chineses, indonésios e outros habitantes de países “exóticos”, comer coração de galinha é quase uma barbárie por aqui. Os alemães acham nojentos e é muito provável que não vão querer nem ver você saboreando a tal iguaria. Já me perguntaram se eu não tinha achado isso no setor de comida pra cachorro... Azar o deles, nesse caso.


Azar o nosso, com todo o resto... Falo isso porque o meu querido Herr sempre conta a história do meu primeiro churrasco alemão. Era maio de 2009... e o calor veio tardio naquele ano. No primeiro dia em que o termômetro chegou perto dos 20 graus, o Joatan chamou o Till, nosso alemão mais querido, para um Grillen. Compraram uma churrasqueira descartável (Einweggrill, que custa cerca de 2 euros em qualquer supermercado.), que depois descobri ser muito útil, especialmente para eventos enfumaçados longe de casa. Bom, trata-se de uma bandeja de alumínio que vem com uma grelha do mesmo material, toda furadinha, já com carvão, acendedor e um rabicho de papel para fora: é só por fogo no tal e começar a festa. Como o Herr fala, aqui na Alemanha, é só seguir o manual, porque alguém já foi pago para pensar por você antes.

Enquanto os meninos organizaram o tal do churrasco, eu estava em casa fazendo qualquer coisa. Cheguei já com a comida dourando e o Herr conta que a minha cara de decepção foi tão imensa, que nada que ele dissesse poderia mudar isso. E foi mesmo: me senti enganada! Ehheehe Mas comi as salsichas mesmo assim! Fiz até foto do “glorioso” primeiro churrasco que, para meu próprio espanto, hoje em dia acho normal!

A prova do crime: o primeiro (e decepcionante) churrasco!


Depois desse, vieram muitos outros e nos “profissionalizamos” na parafernália: churrasqueira, cadeiras, cesto pra comida, esteirinhas, pegadores e tudo o mais. Também nas comidinhas: os espetinhos de carne ajudam a matar a saudade de casa e os tais bifes verdes e vermelhos são deliciosos! Vale à pena dar uma chance a eles! :)

É muito comum grelhar também salmão, abobrinhas e pimentões. Queijo tipo coalho (espia aqui no blog da Mel os detalhes) é também uma outra alternativa. Cogumelos no espetinho são deliciosos e aparecem com frequência nas grelhas, muitas vezes acompanhados de bananas. Isso mesmo: bananas. Algumas pessoas fazem as asinhas de frango (que já podem ser compradas temperadas com molho picante): mas assim como a picanha (sim, existe picanha aqui, espia de novo o blog da Mel – já to sócia ehehe), prefiro deixar fora do grelhado. As churrasqueiras são tão pequenas que a carne acaba queimando por fora e não fica passada direito por dentro (mesmo se que você goste mal passada).

Kit completo de tralhas para o grill!


Ah, se você morar em um apartamento sem keller (porão) como o meu, você corre o risco de ter sua churrasqueira roubada... A minha foi. Contei tudo nesse post (já com um pedido de desculpas antecipado pelos palavrões: mas foi um desabafo do calor da hora!)

Outra coisa diferente é o carvão: existem basicamente dois tipos. Um mais parecidinho como o do Brasil, com pedaços irregulares, e outro em bolas que se assemelham a ovos de galinha (pela forma, peso e tamanho). Nos dois casos você vai precisar de um “iniciador de fogo”, geralmente sólido e à base de querosene, o que torna qualquer churrasco alemão um evento com um cheirinho inicial digno de aeroporto...

Mas no fim de tudo, a vida seguiu feliz... cheia de churrascos no verão! Embora a picanha e as maminhas assadas e cortadas em lascas continuem firmas no meu Top 1 da churrasqueira, as salsichas tem o seu valor... Bom verão, bom Grillen e me chama para o próximo! :)

Mais uma fotim do primeiro churrasco alemão da minha vida: modesto e cheio de lições! Na foto, Till, nosso melhor amigo alemão, o Herr (Joatan) e eu:


Para relembrar: Dicas de etiqueta e comportamento para não fazer feio em sua estréia nos churrasquinhos aqui na Alemanha. As diferenças culturais são grandes e isso pode parecer antipático no começo, mas no fim, é pura diversão como em qualquer lugar do mundo!

- A não ser que o organizador do churrasco deixe explícito que vai oferecer a comida (raramente é assim), está implícito que você deve levar sua própria comida e bebidas.

- Pergunte se ele tem espaço na grelha ou se você deve levar uma descartável

- Leve e COMA somente a sua comida. Se algo for para dividir entre todos, a pessoa que preparou vai dizer: esse prato é para dividir com todos. Se não, cada um come o que levou.

- Prepare a sua comida: você vai colocar suas coisas na grelha e vai cuidar delas. Ninguém tem a obrigação de fazer isso por você.

- Leve (ou pergunte se o anfitrião pode emprestar) prato, faca, copos, cadeira, esteira para sentar ou qualquer outra coisa que possa precisar durante o churrasco.

- Vale dizer que não é comum ter churrasqueira em casa (aquele espaço pra churrasco, como existe no Brasil) e, por isso, trata-se de um evento programado para algum parque, jardim ou mesmo no pátio do prédio de alguém. Claro que se for no quintal de alguém que mora em uma casa, você não precisa se preocupar em levar tanta coisa. O importante é que fique claro que ninguém precisa pensar nas suas necessidades!

Se quiser saber mais sobre as regrinhas de etiqueta aqui na Alemanha, o post inteiro está aqui.

Ps.: Esse post é uma homenagem a efeméride do meu primeiro churrasco aqui: Faz exatos dois anos do Grillen das fotos, em 09/05/2009! ehehehe

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das Mães!


Então, que o dia seja especial pra minha mãe... e para todas as mães do mundo!
Saudades infinitas e a vontade de estar por ai, agora... TE AMO PRA SEMPRE!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Chocolate, eu só quero chocolate!

Eu sempre gostei de chocolate: de bombom, pra ser mais precisa. No Brasil, meu preferido era o Ouro Branco e deste, confesso que trouxe saudades na mala. Mais do que saudades, uma memória romântica de dias quentes e açucarados. Bom... chegando aqui na Alemanha, acabei descobrindo que 99% dos chocolates são melhores do que qualquer chocolate bom do Brasil. Sim! Mesmo a marca do supermercado, que custa 0,35 centavos de Euro a barra de 100 gramas é mais gostosa que qualquer Nestlè e afins. E, por aqui, o afamado Milka tá longe de ser um produto de alta qualidade. Particularmente, acho doce demais.

Voltando ao Ouro Branco: o Pedro Oliveira e a Luiza Prado, amigos e vizinhos aqui de Bremen, foram para o Brasil de férias e perguntaram se eu queria algo de lá. Pedi dois bombons... trouxeram um saco enorme com muitos deles. Estava ansiosa e feliz, mas foi só colocar o primeiro na boca pra minha memória romântica ficar estilhaçada! Doceeeeee, muito doceeeeeee, doce demaisssssss. Comi mais um para a contra-prova... e acabei distribuindo os outros para nostálgicos como eu. Risquei esse da lista dos favoritos.

Com o passar dos tempos e de muitas provas (todas devidamente armazenadas na circunferência do quadril), já tenho meu novo favorito: entre alemães, belgas e suíços, sou básica. Minha paixão é pelo Lindor, da Lindt. Chocolate ao leite (leite mesmo!), cremoso, doce na medida certa... Um resumo da perfeição. E pra completar o drama: em Bremen tem uma ponta de estoque da Lindt (pra quem tá na área, fica junto aos outlets, ao lado do Ikea). É o tipo de coisa que deveria ser proibida. Aqui está o site oficial dessa delícia. Ah... e só um comentário cultural: na Alemanha, a palavra bombom existe... mas com N - Das Bonbon - e significa bala. Então, não se anime se alguém oferecer um!

Mas pra resumir a história, o Lindor da Lindt está na lista dos pequenos prazeres da vida...

Lindor, o clássico da Lindt:

Fotos e pecados

Eu gosto de fotos e das coisas boas da vida. Por isso, decidi criar duas novas tags fixas para o Blog: uma de “Fotos”, obviamente, e a outra chamada “Pequenos prazeres”. As fotos podem ser do dia, do arquivo, do fundo do baú: serão posts curtos ou mesmo sem texto: um espaço a mais para os muitos clics que eu saio fazendo por ai. Já a sessão dos Pequenos Prazeres virá com aquelas coisas que são inigualáveis e que você aprende a amar e não sabe como viveu sem até hoje. Quem sabe, depois da tese, mudo um pouco o layout do blog para subir as tags fixas como barra de navegação. Mas por horas são planos e essa é apenas uma introdução para que não fiquem tão perdidos os posts que virão! :)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O paraíso sem bananas, mas cheio de surpresas!

A Melize, do Na Alemanha Tem, é mais do que mais uma blogueira que eu conheci na Alemanha. Ela é uma pessoa gente boa pacas, simpática e amiga. Daquelas peças raras de bom coração que aparecem no mundo... E, pra coroar isso tudo, eu ganhei um sorteio que ela fez no blog dela!!! JURO que não foi marmelada! Ela sorteou em um site que não permite maracutaia, em parceria com a historiadora e escritora Neusa Arnold-Cortez, um Kit da DDR e o livro de estreia da autora: Paraíso sem Bananas. Recebi em casa uma caixa toda chique, repleta de itens peculiares: mostarda Bautz´ner, Russisch Brott, Mint Kissen, chá de morango com creme da Goldmännchen (que to curiosa pra provar) e ainda um pendurico de cheirinho falando “Nascido na DDR”. AMEI tudo.


Também gostei do livro da Neusa e escrevi um pouco sobre ele. Ai vai meu comentário pseudojornalístico, mas sem qualquer pretensão de ser uma crítica literária. Melhor entender assim: eu ganhei um presente e decidi comentar com os meus amigos o que achei. :)

Por dentro do muro que ainda cerca os alemães

Se eu encontrasse, na livraria, um livro chamado O Paraíso sem Bananas, eu não saberia do que se trata. Primeiro, porque o livro fala de um espaço/tempo que não tem qualquer conotação de paraíso. Segundo, porque eu não fazia a menor ideia de que, na antiga Alemanha Socialista não havia bananas. Assim como eu não sabia que não existiam laranjas à vontade e não tinha a menor noção de como funcionavam as escolas ou como as crianças eram incentivadas a participar de grupos de jovens em apoio ao sistema.

Esses aspectos do cotidiano socialista – e outras histórias dos 40 anos em que os soviéticos eram o grande irmão dos alemães orientais – estão contados no livro de estreia da historiadora Neusa Arnold-Cortez, brasileira, radicada em um cantinho alemão nos arredores de Koblenz. Curiosa pelas histórias do tempo em que a Alemanha eram duas, a autora entrega um livro sem pretensões: não se trata de um documento histórico, nem de um relato jornalístico e menos ainda de um romance. E é justamente o ser despretensioso que torna o livro descompromissado e agradável.

A linguagem é coloquial e simples, bem simples. As histórias que ela colheu dos ex-moradores da DDR são permeadas por relatos em primeira pessoa. Essa mistura de focos, onde muitas vezes a própria cozinha da casa de Neusa é o cenário, torna o leitor mais um conviva à mesa, parte da conversa. Nas entrelinhas, é possível perceber muito da própria autora: que fala que suas impressões sobre a antipatia alemã foram mudadas depois de seus anos vivendo no novo país, mas ainda escapam as observações sobre a dificuldade de abrir caminhos e estabelecer relações de amizade e confiança em uma terra em que poucos falam sobre si mesmos.

No fim das contas, o livro é uma conversa informal, sem preciosismos literários ou tentativas de doutrinação. O Paraíso sem Bananas é divertido como seu título: uma leitura rápida e repleta de personagens interessantes que deixam as páginas com gostinho de quero mais. Cada um deles merece um romance inteiro para contar suas vidas, suas histórias e suas experiências. Mas para fazer um alemão falar para tantas páginas, vai ser preciso muitas garrafas de Rotkäppchen Sekt.

Ps.: Pra quem quiser ver um pouco mais sobre a vida socialista, aqui tem uma reportagem incrível de um jornalista americano que decidiu passar um mês em Cuba vivendo sob as regras socialistas aplicadas aos cubanos, incluindo racionamento de alimentos e um orçamento de 15 dólares.

domingo, 1 de maio de 2011

A febre do feno: alergia à primavera alemã!

Estou doente faz três semanas: começou com uma dor-de-garganta que nunca passou, virou tosse e por fim, crises de asma. Acabei no hospital por conta da trilogia dos sintomas e, entre soro e injeções, descobri que estou mais alemã do que nunca! Eheheh Sim... Na primavera passada uma irritação alérgica deu as caras, mas este ano estou oficialmente com Heuschnupfen (a febre do feno), ou seja, alergia à Primavera. Logo à Primavera, minha favorita desde que cheguei a cinzolândia...


Mas este ano, ela está perdoada: mal deu as caras por aqui. O ano pulou essa parte e deixou todo mundo desprevenido: dos termômetros negativos saltamos, em dois dias ou três, para o calor acima dos 20, temperatura típica do verão. As flores apareceram em profusão e, junto com o contemplar dos botões desabrochando vieram minhas sequências infinitas de espirro e caixas de lenço. O pólen é o vilão da temporada: um em cada cinco alemães adultos padece de alguma forma de alergia nessa época do ano, de acordo com essa reportagem aqui. Já esse site diz que um terço da população tem algum tipo de sintoma. Não estou só nos meus queixumes.

Mais do que isso, ficar doente até trouxe surpresas (e coceiras, mesmo indo apenas ao mercado uma ou duas vezes na semana). Os organizadíssimos alemães não podiam deixar essa moléstia fora do “manual”. Sim, Heuschnupfen ist in ordnung! (Piadinha interna, pra quem mora aqui na batatolândia). E claro, foram além de descrever os sintomas e sugerir prevenções: fizeram uma espécie de medidor de pólen, que pode ser consultado pelos espirradores antes de sair de casa. Confesso... freak total pro meu bom senso! Mas confere ai o tal do site: é só digitar a cidade ou o CEP (que aqui se chama PLZ e o da minha área é 28359) para saber qual o índice de pólen do ar e quais são as árvores, flores, temperos e afins responsáveis por deixar os carros e vidros amarelos naquele instante.

Também está disponível pra download uma tabela dos meses críticos e os tipos de pólen ou mesmo uma outra para fazer o acompanhamento diário dos espirros e afins para ajudar o médico a identificar as alergias mais severas. Pois é... ao alemães estão mesmo preparados! Além disso, adotei outras precauções: só saio com o cabelo coberto (pra evitar trazer pólen pra casa e depositar no travesseiro), depois de uma faxina digna de UTI, janelas fechadas e spray para umidificar o ambiente.

De tudo isso, o que mais incomoda é o paradoxo. Depois de seis meses de cinza e frio, sem um único resfriado mais forte, não vou poder fazer as fotos de mil flores que eu tanto amo... e vou passar os dias quentes e ensolarados trancafiada em casa na torcida para que chova!

Pra ilustrar esse post, o Cordel do Fogo Encantando pedindo chuva... Vai que funciona mesmo! :)

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