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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Deutsche Welle: há vagas para jornalistas formados em estágios pagos


ATENÇÃO

O texto deste post refere-se única e exclusivamente ao processo seletivo promovido pela Redação de Língua Portuguesa para a África e não tem qualquer relação com outras redações (Leia os comentários no PS ao fim do texto, por favor!).

Sede em Bonn: estruturas modernas abrigam redações em 30 idiomas*

A Deutsche Welle (DW, agora!) é responsável pela imagem da Alemanha no mundo todo e hoje produz conteúdos em 30 línguas diferentes, inclusive português. Não é à toa que a emissora se entitula: A voz da Alemanha. Aliás, só de português, são duas redações: para o Brasil e para a África, esta em que estou trabalhando por um período de três meses. A experiência tem sido muito interessante e melhor: jornalistas de qualquer canto do Brasil ou de países lusófonos podem ter a mesma oportunidade. Esta é a razão desse post, uma vez que já contei como vimparar aqui em Bonn. Importante: as inscrições estão abertas e o site oficial do programa é este aqui!!! A Glória Sousa, jornalista portuguesa da DW (e minha colega de apartamento também!) escreveu um pouco mais sobre a Deutsche Welle nesse post aqui. Aliás, é do post dela que roubei a foto ai de cima!

Existem, na verdade, dois tipos de estágio por aqui na Redação de Língua Portuguesa para a África: um para estudantes (mas para esse, é preciso estar matriulado em alguma instituição de ensino da Europa e, além disso, ter visto para a Alemanha ou ser cidadão de um país membro da EU), outro para quem já terminou. Nesta para jornalistas formados, as regras são mais amenas e aumentam as chances de fazer parte da equipe. São selecionados anualmente quatro jornalistas e cada um passa três meses por aqui. É tudo feito com muita antecedência: as inscrições terminam no fim de junho, a resposta sai, geralmente, em setembro e, o primeiro candidato (os selecionados definem qual o período de disponibilidade dentro dos espaços oferecidos) chega apenas em janeiro. Ou seja, é tudo sem pressa e sem atropelos. Da tempo de conversar com o chefe no Brasil e pedir licença ou mesmo de deixar um aviso prévio e organizar a viagem com muita calma. Confesso que, mesmo que se eu tivesse que deixar um trabalho por conta dessa experiência, não teria pensado duas vezes!

Vale dizer que a equipe (que não da pra saber antes, mas eu entrego o segredo!) é uma motivação a parte: nosso editor chefe é alemão, mas fala português com uma fluência invejável. Depois, temos mais um editor do Cabo Verde (a gentileza em pessoa!) e colegas brasileiros, angolanos, do Moçambique, portugueses e, quem sabe de outros cantos. São todos de uma simpatia ímpar e a sensação é de acolhimento: só isso já valeria a experiência.

O foco da redação é a África lusófona: uma chance, infelizmente, de percebermos na pele o quão imensa é a ignorância dos brasileiros quanto aos assuntos africanos. Me pergunto em que momento foi, na elaboração dos currículos escolares, que passamos a achar que a África é uma coisa só e que as ex-colônias de Portugal passaram a simples menções em nossos livros dos anos do ensino fundamental. A cada dia me envergonho do pouco que sei – e do pouco que os brasileiros sabem –, mas aprendo o como somos parecidos dos dois lados do Atlântico. E as semelhanças vão muito além da cor da pele, da religiosidade ou dos ritmos marcados por tambores.  Em uma vida toda não saberia metade do que sabem as pessoas com quem tenho convivido aqui: mas todos tem a paciência e a graça de perdoar essa falha cultural (mesmo que seja imperdoável!) e me explicar, com conhecimento de causa, que o ”Vem dançar Com Tudo” da novela (ou mesmo o Kuduro, do Latino) podem ser qualquer coisa, menos kuduro. Só pra citar um exemplo. Esta tem sido a chance de corrigir – ao menos um pouco – essa falha cultural.

O fazer do jornalismo – entrevistar, reportar, escrever, construir textos – é o mesmo em qualquer redação pautada pela ética. Mudam os softwares usados para tratar sons ou publicar artigos, mas para isso cada um que chega aqui é treinado e logo se ajusta. O bacana é ter a chance de conversar com pessoas no mundo todo e fazer entrevistas falando português lusitano, angolano e até de Macao. Também em inglês ou alemão (para quem domina, já que não é necessariamente obrigatório): a preocupação de marcar conversas levando em consideração o fuso horário e de traduzir as falas para que ganhem uma voz em português depois. Eu já havia feito de tudo um pouco em 18 anos de jornalismo – jornal, rádio, tv, internet, assessoria, tradução – e, para mim, foi a grande novidade. Adorei.

To contando a experiência para motivar mais gente a mandar a candidatura. As inscrições terminam sempre no fim de junho, mas é preciso ficar atento já que esta é a data que vale para a chegada do material, não para o carimbo no correio. E são necessárias umas duas semanas ao menos para que tudo atravesse o oceano e chegue bonitinho aqui, na mesa do chefe. Vale dizer que os alemães são bastante severos com as datas: então, nada de esperar para amanhã.

Quem já trabalhou em rádio ou TV tem mais chances. Falar alemão ajuda, mas um bom nível de inglês faz toda a diferença também. É preciso preencher um questionário (bem simples) da própria DW e juntar alguns documentos na inscrição: currículo em inglês ou alemão com os dados completos e corretos de contato (uma sugestão é usar omodelo europeu de CVs), cópia do diploma de jornalismo traduzido para o inglês ou alemão (não precisa ser juramentada: você mesmo pode traduzir e mandar anexada) e exemplos de trabalhos. Vamos a essa parte em detalhes: separe algumas coisas legais que você já fez (qualidade, não quantidade!). Matérias de rádio, tv, textos de jornal: de preferência algum trabalho onde seja possível ouvir sua voz (já que aqui você vai trabalhar com rádio, não esqueça!). Grave tudo em um CD, DVD, cartão de memória ou fita cassete: só não aceitam por aqui sinais de fumaça!

Olha, a aplicação oficial não pede uma carta de motivação, mas eu mandei uma e deu certo. Me chamaram! Então, não custa colocar em uma página (ou duas, no máximo) o porquê você quer trabalhar na Deutsche Welle. Tem umas dicas nesse post que são para mestrado, mas é só adaptar os propósitos.  Então, é só imprimir a papelada, fazer uma capinha bonita pro CD (sempre ajuda, né!), fazer figa, e mandar tudo pro editor chefe aqui:

Deutsche Welle
Portugiesisches Programm
Johannes Beck
Kurt-Schumacher-Str. 3
53113 Bonn -  Alemanha

Pra fechar, digo e repito: o estágio é muito bacana. Não é sempre que se tem a chance de fazer parte de uma das maiores estruturas internacionais de imprensa! Vale a pena tentar! :)  

PS (07/08/2012) :
Neste post, três coisas precisam ficar bem claras.

Primeiro: a Deutsche Welle produz conteúdos em 30 idiomas. Isso quer dizer que são 30 departamentos diferentes, independentes, embora da mesma empresa. Cada um tem sua política de funcionários e estágios. Que fique claro: a redação brasileira é uma coisa e a redação de Português para a África é outra diferente. As redações são física e administrativamente separadas. Isso quer dizer que a redação da Espanha, da Macedônia, da China ou a do Brasil, por exemplo, têm políticas próprias, critérios pessoais e vagas de estágio em diferentes programas (que variam em duração, benefícios e afazeres!).  O texto deste post refere-se única e exclusivamente ao processo seletivo promovido pela Redação de Língua Portuguesa para a África e nada além disso. Não se trata de um padrão, de uma regra geral: é um post que repete todas as informações disponíveis em uma página pública, aberta, apenas acrescido de comentários com a experiência que tive no processo.

Segundo: recebi diversos e-maisl pedindo dicas sobre o estágio. Esse post são as dicas. Não há nada além do que está escrito aqui que eu possa dizer. As perguntas também estão todas respondidas no site do estágio da Redação de Língua Portuguesa paraa África. É só ler com atenção e fazer exatamente como está escrito por lá. Assim como eu, dezenas de outros jornalistas já fizeram esse estágio e nenhum deles tem qualquer influência ou participação no processo seletivo. O post é a dica de uma oportunidade bacana, não uma oferta de uma agência de empregos.

Terceiro: Redação de Língua Portuguesa para a África costuma oferecer essa chamada anualmente. Que fique claro: costuma. Não faço ideia se vão oferecer no próximo ano ou no outro, ou no outro. É preciso pesquisar no site oficial da redação e verificar. Essa é uma pergunta que não posso responder.


* Foto publicada originalmente no blog Histórias de Bonn, nesse post aqui.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Andanças pela Alemanha: Bonn é agora (e por enquanto) meu endereço



Sabe aquele trecho da música do Legião Urbana que diz “Já morei em tanta casa que nem me lembro mais...”? A minha vida é mais ou menos assim. Se contar as vezes que me mudei de um lugar pra outro embora no mesmo endereço, esta foi a 13ª vez que empacotei e desempacotei a vida. E o blog ficou empacotado na última caixa, por isso a demora em aparecer! Mas já que cheguei, então vou contar um pouquinho das voltas que o mundo dá.

Escrevo de Bonn, neste momento, meu lar por três meses (embora um já tenha quase acabado) aqui na Alemanha. Deixei Berlin com o coração apertado e acho que Berlin também se ressentiu: choveu granizo grosso, fez frio e ventou em protesto à minha despedida. Ao menos quero crer que tenha sido isso e que a feia simpática tenha me amado tanto quanto a amei nesses seis meses em que passei meus dias a trilhar suas calçadas sujinhas, mas que levam sempre a um lugar interesante.

Fiquei esse tempo em Berlin por conta do marido, que fez um intensivo de alemão com bolsa do DAAD como parte da preparação do doutorado. Não fiquei em casa a lavar pratos, de qualquer forma. Estudei na TU por um semestre, fiz um novo projeto de doutorado e muitos planos. O de voltar para Berlin, entre eles. Mas passado o período que já sabíamos que seria curto, foi hora de empacotar tudo e partir com destinos diferentes.

Sim: fizemos as malas para casas separadas, com o coração mais apertado do que nunca. Definitivamente, casar é estar perto e, me perdoem as moderninhas que concordam em viver cada um no seu canto: estar longe é pra mim uma saudade imensa diária que me impede de viver em plenitude. Pode ser piegas, mas preciso do meu amor por perto para ser feliz. Fim da parte melodramática: vamos ao que interessa.

O maridón começou o doutorado em Weimar, onde alugamos um apartamento e montamos a vida na “matriz”, por assim dizer. Ele já está instalado também com escritório e nome na porta lá na Bauhaus, tem aulas e uma rotina dele. Eu passei para um estágio profissional para jornalistas de três meses na Deutsche Welle (o link é esse, mas penso em fazer um post explicando o processo) e estou aqui em Bonn para isso.

Comecei a trabalhar no dia 2 de abril e desde então as descobertas têm sido muitas. Estou na redação de língua portuguesa para a África: faço matérias para rádio e para o site. Conheci muita gente nova, de todos os cantos lusófonos do mundo e estou feliz por aqui. Se quiser dar uma espiada no que tenho feito, é só clicar nesse link aqui. O programa começa aos 5´08.

Nesse tempo, estou dividindo casa com uma portuguesa do Norte que é um doce. Querida, simpática, atenciosa: a delicadeza em pessoa e me fez sentir em casa desde o primeiro minuto. Aliás, a Glória é blogueira também e conta as histórias de Bonn. E desse jeito minha vida segue, ao menos até o fim de junho. Depois, sigo para Weimar e, a contar pelos planos atuais, nos mudamos novamente. Para onde, ainda não sei. Mas definitivamente, nasci para ser caracol: carregar a casa das nas costas e andar pelo mundo assim, devagar e sempre.
de volta à nave mãe - desde 2008 © Ivana Ebel