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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Porque escrever um blog e qual a vantagem nisso


Eu comecei a escrever este blog logo que passei no mestrado em Bremen, em 2008. Começou porque muitos amigos perguntavam como eu fiz pra conseguir a vaga na Alemanha e como poderiam fazer. Depois de explicar tintim por tintim tudo isso, o blog ganhou contornos mais pessoais, um espaço para falar da Alemanha, de cultura e do meu dia-a-dia. E na soma geral, as experiências foram muito positivas.

Claro que acontecem coisas bizarras às vezes: já recebi e-mails com vários documentos anexados da pessoa me dizendo qual que era a vaga de mestrado que ela queria que eu conseguisse pra ela. Também recebi muitas cartas de motivação e recomendação pra corrigir, em português e inglês, e muitas ainda deixando claro que tinham pressa, já que o prazo do deadline era apertado. Tem também quem simplifique: escreva pedindo as minhas cartas, porque, como eu passei, se eles só adaptarem o conteúdo, vão passar também. Eu cheguei a responder algumas dessas pessoas em um tom não muito amistoso, mas desisti de perder meu tempo. Assim como também não respondo quem sequer leu o conteúdo e quer, simplesmente, um passo-a-passo personalizado...

Mas na verdade não é um post de reclamação! To escrevendo isso pra contar duas coisas bacanas que aconteceram na última semana. Uma delas foi conhecer pessoalmente mais duas das blogueiras poderosas aqui da batatolândia: a Eve – que mora aqui em Berlin e com quem eu estava há semanas tentando marcar um café – e a Bruna, de Hamburgo, que é ainda mais divertida pessoalmente (e olha que o blog dela sempre me faz rir!). É sempre muito legal a sensação de “velhas conhecidas” nos primeiros encontros, porque de certa forma, uma acompanha a vida da outra pelos posts... (Tanto a Bruna como a Eve escreveram sobre o nosso encontro!! Q fofas!!!   :)  )Nesse caso, sou uma pessoa de sorte!

Foto roubada pra provar: A Eve (pra quem eu devo um café decente!!!), eu - de luvas de borracha (Rá!, como diria a Bruna), a própria Bruna (de quem eu roubei a foto!)

Já tinha conhecido a Mel, também de Hamburgo, por conta do blog e tantos outros amigos que estavam indo pra Bremen e viraram companheiros de todas as horas: a Mirna, o Pedro e a Luiza, só pra citar alguns que também são blogueiros e não correr o risco de deixar ninguém fora da lista.  :)

Mas os encontros também podem ser inusitados! No dia de Natal estava eu trabalhando no mercado e vários brasileiros apareceram para visitar a nossa tenda! Então, dois casais ficam mais tempo de papo: supersimpáticos, um deles mora na Itália e o outro no Sul da Alemanha. Os quatro brasileiros já moraram em Joinville... Na mesma rua onde eu também morava!!! Mundo pequeno! Não... mundo menor ainda! Eis que no meio da conversa, eu comento que coloquei as receitas das bebidasquentes no meu blog e falo o nome para eles. Não é que a Bruna, a menina que mora no Sul da Alemanha, conhecia o este cantinho e tinha lido vários posts de dicas pra quem ta vindo morar aqui? Foi uma daquelas coincidências sem tamanho...  Tiramos até foto: então, se encontrarem esse post, me mandem a foto pra eu incluir por aqui ta!!! :)

São histórias assim que fazem valer a pena escrever aqui, mesmo sem ter a menor ideia de quem vai ler isso tudo... se é que alguém vai ler!  :)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Historinha de Natal: a criança esperta!


Eu já contei aqui que estou trabalhando em um mercado de Natal este mês. E quando se trabalha com gente, muita coisa acontece... Mas ontem foi um dia engraçado e não resisti em postar a historinha.
Bem, estava eu vendendo canecas e canecas de Glühwein quando chega um menininho com a mãe e pede, ele mesmo, um chocolate quente, com chantilly, claro! Achei o menino fofinho e servi o chantilly no capricho e ele se empolgou em comer o creme com uma colherinha.

Então o menino me chama e fala, com aquela cara que você quer morder de tão fofo: Tia, a senhora pode colocar mais chantilly pra mim? Alguém resiste? Fui lá e coloquei o creme mais uma vez... e ele seguiu na comilança.

Continuei atendendo os clientes e, de repente, olho para o lado e lá tá o menino com o copo cheioooo de chantilly de novo... E de novo... E de novo! Então eu começo a perguntar para os meus colegas...

O menininho chamou um por um e pediu mais chantilly com aquela cara de fofo. Muitooooo esperto. Fui lá conferir e perguntei pra ele: Quantos anos você tem? Ele responde todo maroto:  Eu tenho três anos...

E com três anos passou a conversa em todo mundo da barraca de Glühwein!


Fiz o quadrinho acima pra contar a história lá no 9GAG também. O link é este aqui!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pinheirinho, que alegria! La, la, la, la, la, la, la, la, laaaaa!


Pinheirinhão: No Natal alemão a árvore tem destaque, como no mercado da Gendarmenmarkt 

Se tem um costume que os alemães não abrem mão é da árvore de Natal. Final de outubro e já ficam todos ouriçados em busca da melhor opção e eu chutaria que 99,5% deles só leva pra dentro de casa pinheirinhos naturais. No primeiro ano que passei aqui não me dei conta disso até janeiro chegar e as ruas ficarem tomadas de uma quantidade absurdamente gigante de pinheirinhos usados, meio mortos, pelas calçadas. Fiquei chocada e questionando esse papo todo de sustentabilidade que tanto falam por aqui.

Com o tempo – e o alemão melhorando com isso – li matérias sobre as plantações de pinheirinhos de Natal: fazendas inteiras especializadas no produto e com isso decidi que tal costume não era nenhuma barbárie. A TV também mostra sempre as árvores gigantes – de muitos metros – sendo “plantadas” nas praças para os mercados de Natal. Comecei a achar tudo fofo e a observar a correria dos senhores de cabelinhos brancos e olhos muito azuis em busca da árvore perfeita. Você vê a cena por todos os lugares: no ônibus, no metro. E as lojinhas de vender pinheirinhos se multiplicam. As praças ganham cercadinhos e uma tenda e lá estão eles às centenas: basta escolher o tamanho e o tipo favorito. Pelos tons de verde e pelo formato, dá pra perceber que são diferentes tipos, mas não parei pra pesquisar o assunto.

O meu pinheirinho: este ano a festa de Natal é aqui em Berlin

Em casa, nunca tinha feito um pinheirinho, por assim dizer. Todos os anos eu improvisava alguma coisa com luzes e bolinhas, mas como passamos as últimas festas de Natal em Portugal, onde mora a minha irmã, dispensei a decoração. Este ano vai ser diferente: seremos os anfitriões da festa de Natal (ai que chique!) e por isso queria deixar nossa casinha com cara de casa de família e sai à procura de uma árvore. Brasileira que sou, criada em Natais de 40 graus lá nas ruas de Blumenau, não pensei duas vezes antes de comprar uma árvore artificial e foi tudo pela internet: comprei árvore, pisca-pisca (que não pisca, mas é bonitinho mesmo assim!), bolinhas, fitas e afins tudo pelo e-bay. E viva o Natal sem filas.

Montamos o tal do pinheirinho no dia que chegou – e descobrimos que 1,5 metros de árvore ocupa muito mais espaço do que prevíamos – mas não tive tempo de decorar na hora. Só colocamos as luzinhas. Eis que o marido recebe um amigo nesse meio tempo (um alemão, claro!) que olha abismado para a coisa verde com 30 pontinhos de luz e, sem pudores, deixa claro o que está tudo fora do “Ordnung”. A primeira pergunta foi por que a árvore não era natural, seguida de um comentário de que ela não podia ficar assim, só com as luzinhas. Das geht nicht! Ai o marido explicou que a coisa toda ia ser enfeitada e tal... Mas o engraçado de tudo foi o choque e a necessidade de explicar que o Natal não podia ser daquele jeito! Eu ri.

No entanto, Natal sempre foi assunto sério na minha casa. Minha mãe foi professora de artes por quase 30 anos e hoje em dia, já aposentada, trabalha justamente com decoração: ela faz carros alegóricos para a Oktoberfest de Blumenau, faz cenários de teatro e, claro, tem dedinho dela nas decorações lindas que estão chamando a atenção para o Natal da cidade. Que orgulho! Então não podia fazer feio e decidi que não ia apenas pendurar bolinhas, para o ceticismo mais puro do marido (que nem queria a árvore pela casa!). Fiz um monte de “arranjinhos”, cheios de laços e detalhes... e a árvore ficou uma fofura! Achei tão bonitinha que resolvi colocar as fotos por aqui também. E a melhor parte foi ver que o marido entrou no clima também e agora, quando chego do trabalho, está a arvore com as luzinhas acesas me dando boas vindas!








 Ps1.: Esse post foi inspirado pela Joaninha Bacana, que falou sobre o pinheirinho dela noBlog bacanudo que ela tem (recomendo!!!) e me deixou com vontade de mostrar o meu também!!!  Feliz Natal pra ela e pra todo mundo que passa por aqui!!!


 Ps2.:Ah, e pra quem ficou achando o título do post meio esquisito, trata-se de uma musiquinha de Natal...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Receita de Natal: Amêndoas carameladas têm o sabor dos Weihnachtsmark da Alemanha


Os posts mais recentes aqui do blog têm sido bem natalinos. Falei sobre os mercados de Natal, as bebidas quentes e até mesmo do Vanillekipferl, meu biscoito favorito dessa época. Mas ficou faltando ainda escrever sobre uma das coisas mais marcantes dessa época de festas aqui na Alemanha: as amêndoas caramelizadas. O cheiro é maravilhoso e você sente por toda a cidade: tem sempre uma barraquinha vendendo as mais diversas qualidades e fica difícil resistir. A variedade é grande: amêndoas, nozes, macadâmias, amendoins, as brasileiríssimas castanhas-do-Pará e até mesmo sementes de abóbora. Bom, essas últimas ai o marido provou e não gostou muito não, então resolvi deixar passar.

No primeiro Natal que passei aqui achei bem curioso encontrar os tais amendoins confeitados, já que na minha casa – e na maioria das casas do Sul do Brasil – é costume preparar essa iguaria para a Páscoa e com ela rechear casquinhas de ovos. Bom, tudo diferente por aqui: na Páscoa, os ovos são apenas ovos cozidos (contei tudo aqui nesse post) e os amendoins doces são coisas do Natal.

Todos os anos eu compro as amêndoas no mercado e este ano decidi tentar fazer em casa. A parte mais legal é que ficaram iguaizinhas e é muito fácil e rápido. Assim, mesmo quem está longe dos Mercados de Natal alemães pode provar essa iguaria. A receita é a mesma para qualquer um dos frutos. No Brasil, eu certamente tentaria fazer com nozes pecã, que são uma delícia, além, claro, das castanhas-do-Pará.


Amêndoas caramelizadas

Ingredientes

200 gramas de amêndoas (ou amendoim, nozes, castanhas, etc)
200 gramas de açúcar
10 gramas de açúcar de baunilha (um pacotinho ou uma colher de sopa rasa)
1 colher de sopa rasa de canela em pó 125 ml de água

Preparo

Coloque a água em uma frigideira de laterais altas e acrescente o açúcar, a baunilha e a canela. Misture bem e espere ferver.


Quando estiver fervendo bem, junte as amêndoas.


Mexa com cuidado para que fique dourando por igual. A calda logo vai começar a açucarar.


Nesse ponto, mexa devagar, para manter o açúcar colado às amêndoas.


Uma vez açucaradas, retire do fogo por alguns minutos.


Retorne ao fogo mexendo sempre e observe que o açúcar vai derreter novamente.


 Mexa sem parar para que todas as amêndoas adquiram um caramelo brilhante de forma homogênea.


Quando todas estiverem caramelizadas, despeje sobre papel manteiga (Backpapier) e separe uma das outras o máximo que puder.


É só esperar esfriar e se deliciar! Guarde em pote bem fechado para evitar que, com a umidade, o açúcar derreta e deixe as amêndoas grudadas. Se ficou com alguma dúvida ainda quanto ao passo-a-passo, tem um vídeo em alemão aqui que mostra em detalhes todo o processo. Não tem como errar!!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vanillekipferl: uma receita simples de biscoito com sabor da Alemanha


Natal na Alemanha é cheio de tradições: os mercados, as bebidas quentes, mas também os docinhos. É época de ir pra cozinha e perfumar a casa com aquele cheirinho de biscoitos saídos do forno. São vários esta lista: os amanteigados, decorados com glacê, os Spekulatius e os meus favoritos, Vanillekipferl, em forma de lua crescente. Então, esse é um post vapt-vupt pra falar sobre eles, já que preparei uma receita ontem e deixei gente com água na boca. São tão simples de preparar que nem parece verdade. Confere ai a receita:

Vanillekipferl

Ingredientes:

200 gramas de manteiga ou margarina gelada
100 gramas de amêndoas moídas (pode ser feito com castanha-do-Pará, de caju ou mesmo amendoim)
350 gramas de trigo
70 gramas de açúcar de confeiteiro
5 pacotinhos de açúcar de baunilha (corresponde a 5 col de sopa rasas)
1 pitada de sal (se usar manteiga ou margarina sem sal)
1 ovo
1 colherinha de café rasa de canela em pó
Açúcar de confeiteiro pra decorar

Preparo:

Junte todos os ingredientes em uma bacia e mexa com a mão até formar uma massa uniforme e descolar dos dedos. Leve a geladeira coberta com plástico para não ressecar por pelo menos 1 hora. A receita não leva nenhum tipo de fermento ou bicarbonato. Retire, modele as luas crescentes, disponha em uma forma com papel manteiga, separadas por 1 a 2 centímetros entre elas e asse em forno pré-aquecido a 200 graus até que as pontas das luas fiquem bem douradas. Passe os biscoitos assados pelo açúcar de confeiteiro e saboreie essa delícia alemã!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Receita de Natal: Feuerzangenbowle é o vinho quente mais sofisticado que esquenta o Weihnachtsmarkt alemão


Feuerzangenbowle nada mais é do que uma versão mais condimentada do Glüwein, acrescida de rum. O mais delicioso dessa bebida é o espetáculo. Para fazê-la, coloca-se um torrão de açúcar em um suporte, molha-se de rum com alto teor alcólico e ateia-se fogo. O fogo derrete o açúcar e as linguas flamejantes caem no vinho e se misturam a bebida já condimentada.

Nos mercados de Natal da Alemanha, a receita é feita em grande quantidade. Mas da pra comprar uma caneca com o suporte para porções individuais. Na falta dela, improvise com um garfo. É só equilibrar o garfo na borda da caneca, colocar um cubo de açúcar sobre ele e incendiar com a ajuda do conhaque. Fica delicioso!

Feuerzangenbowle:

Ingredientes:

1 litro de vinho tinto seco
50 ml de rum (acima de 50% de álcool – Na Alemanha usa-se tradicionalmente um rum – austríaco ehehhe - com 80% de álcool chamado Stroh)
2 paus de canela de 10 centímetros
3 cravos da índia
2 rodelas de limão
2 rodelas de laranja
1/4 de maçã com casca
3 unidades de anis estrelado
1 punhado de amêndoas em lascas
1/4 de folha de louro pequena
torre de açúcar ou 10 cubinhos de açúcar

Preparo:

Coloque o vinho em uma panela. Junte todos os temperos – menos o açúcar e o rum - em uma trouxa de gaze ou pano fininho para que não se dispersem no vinho. Coloque a trouxa de temperos no vinho e leve ao fogo até ficar bem quente (não pode ferver!). Desligue o fogo e deixe descansar por cerca de uma hora para pegar bem o sabor. Aqueça novamente e, quando estiver bem aquecido, coloque o açúcar sobre uma superfície metálica com orifícios (vale até um escorredor de macarrão, na falta de algo próprio!) e despeje o rum sobre o açúcar, até que fique bem encharcado. Cuidadosamente, coloque fogo no açúcar umedecido de rum e espere que derreta antes de servir.

Não deixe de ver também as receitas do Glüwein e do Eierpunch.





Receita de Natal: Eierpunch, o ponche de ovo tradicional do Weihnachtsmarkt alemão


O Glühwein não está sozinho nas barraquinhas do mercado de Natal. Apesar de ser hors concours na preferência dos alemães, tem dois companheiros que disputam o segundo lugar de igual para igual: o Eierpunsch (famoso entre os ingleses como Eggnog, ou ponche de ovo, para simplificar) e o Feuerzangenbowle, uma variante do Glühwein feita com línguas de fogo, como expressa a tradução do nome.
O Ponche de ovo pode não ter um nome atrativo, mas generalizando, eu diria que é como beber pudim de leite alcóolico. É bem doce, mas saboroso. Para fazer esse ponche em casa é preciso ter o licor de ovo pronto, o Advocaat, mas não é difícil encontrar nos mercados brasileiros.

Ah, vale dizer ainda que as crianças também tem sua bebida quente nos mercados natalinos. Uma mistura de sucos de frutas vermelhas com um pouco de chá preto, condimentado da mesma forma que o Glühwein. O Kinderpunsch tem um sabor próximo ao do vinho temperado mas sem álcool, claro. Já vai acostumando os pequenos desde cedo a acompanharem a família em um brinde aquecido nos mercados de Natal.

Então, hora da receita. Claro que fica difícil pensar em qualquer uma dessas bebidas no Brasil nessa época do ano. Mas vale deixar o post nos favoritos e esperar o friozinho. Quem sabe no próximo ano a festa junina não ganhe um sabor mais alemão?

Eierpunsch:

Ingredientes:

1 garrafa de licor de ovo Advocaat (600 ml)
350 ml de leite
350 ml de vinho branco seco
1 colher de açúcar de baunilha
1 colher de raspas de limão
1 colher de raspas de laranja

Preparo:

Misture todos os ingrediente em uma panela e leve ao fogo mexendo sempre até ficar bem aquecido (não pode ferver). Sirva com creme de chantilly no topo.

Receita de Natal: Um brinde ao Weihnachtsmarkt com Glühwein, o vinho quente alemão



O Natal aqui na Alemanha tem um cheiro característico. Um não, dois: de amêndoas caramelizadas (que vou escrever em breve) e o de vinho quente, o famoso Glühwein. As cidades todas ficam com esse aroma no ar, misturado ao vento gelado e cortante dessa época do ano. Trata-se da bebida mais vendida nos tradicionais mercados de Natal. Lembra bastante o quentão brasileiro, servido nas festas juninas do Sul do país, mas um pouco mais temperado. O Glühwein seria uma versão mais moderna de uma bebida chamada Conditum Paradoxum, uma espécie de vinho temperado que se bebia frio durante a idade média.

As bebidas quentes são o que garantem um passeio divertido pelos mercados de Natal, especialmente quando a neve tomou conta dos pátios e os termômetros insistem em ficar vários graus abaixo de zero. A desculpa pra beber é sempre a mesma: só pra esquentar! E esquenta mesmo... as mãos e a alma. A coisa é tão popular que é impossível não associar Natal alemão ao vinho quente.


O Glühwein é servido em canecas decoradas – cada mercado ou cada barraca tem o seu modelo – e na hora da compra paga-se por dois produtos diferentes: o valor do vinho quente (que este ano, em Berlin varia de 2 a 4 euros) e um depósito pela caneca, Pfand (2 a 5 euros). Quando terminar de beber, é só devolver a caneca e pegar seu dinheiro de volta. Ou levar a caneca de lembrança pra casa.

Também é possível encontrar garrafas de Glühwein já prontinho no mercado, mas fazer em casa, com todos os temperos é mais saboroso. Sachês com o tempero do vinho quente também são fáceis de achar: vem com um pó pra ser misturado a uma garrafa de vinho. Mas melhor do que comprar engarrafado, o melhor mesmo é fazer em casa! Se quiser, confira ainda a receita de outras duas bebidas quentres tradicionais dessa época: o Eierpunch e o Feuerzangenbowle.

Glühwein:

Ingredientes:

1 garrafa de vinho tinto (ou branco!) seco
2 paus de canela de 10 centímetros
3 cravos da índia
2 colheres de açúcar
1/2 limão (suco)
1/4 limão (casca em pedaços!)
1/2 laranja (suco)
1/4 laranja (casca em pedaços!)

Preparo:

Coloque o vinho em uma panela e adicione o suco de limão, de laranja e o açúcar. Junte todos os temperos em uma trouxa de gaze ou pano fininho para que não se dispersem no vinho. Coloque a trouxa de temperos no vinho e leve ao fogo até ficar bem quente (não pode ferver!). Desligue o fogo e deixe descansar por cerca de uma hora para pegar bem o sabor. Aqueça novamente na hora de servir. Pode ser servido com 20 ml de rum ou 30 ml de Amaretto (licor de amêndoas) em cada caneca de 200 ml.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Receita de Natal: tradicional nos mercados da Alemanha, a Flammkuchen pode ser feita em casa


Como eu contei aqui, aprendi a fazer várias receitas de frio trabalhando em um mercado de Natal. Uma delas foi a tal da Flammkuchen, típica da Alsácia, e quem quiser sentir o gostinho do Natal em casa, pode experimentar. No mercado, eram quatro opções: Clássica (bacon em cubinhos, cebola e queijo ralado), Mediterrânea (azeitonas pretas e verdes em rodelas, jalapeños e scharfkäse triturado), italiana (tomate, mozzarella e manjericão) e espanhola (tomate, presunto serrano e jalapeños, servida com rúcula e queijo parmesão ralado). Em alguns dias da semana sai ainda uma especial de atum (atum, cebola, mozzarela, azeitonas verdes e pretas). Mas para começar, sugiro a mais tradicional:


Flammkuchen clássica

Ingredientes:

- 6 a 8 Tortilhas (daquelas mexicanas mesmo!) com 25 centímetros
- 1 colher de Schmand
- 1 copo de Crème Fraîche
Ervas de Provence, nós moscada moída, pimenta preta, páprica doce, alho em pó e sal

Para a cobertura:
- Bacon (ou presunto defumado, salsicha, enfim, o que preferir), cebola, queijo ralado para pizza

Preparo:

Pré-aqueça o forno em 200 graus. Se tiver uma pedra de pizza, melhor ainda: aqueça bem a pedra antes. Misture o Schmand com o Crème Fraîche e todos os temperos. Passe uma fina camada por toda a superfície da tortilha (como se estivesse passando manteiga no pão). Coloque a cobertura como em uma pizza. Leve ao forno até as bordas ficarem bem douradas. Corte em quadradinhos para servir.

Importante: A massa deve ser toda coberta pelo creme. As partes que não forem cobertas vão queimar como essa redonda da foto que eu fiz em casa. Outra dica é: se não tiver uma pedra,coloque a Flammkuchen apenas em um papel de assar (Backpapier), sem forma. Com isso ela vai ficar mais crocante e faz toda a diferença!

A  foto abaixo é da Flammkuchen que vende lá na barraquinha do Weihnachtsmarkt. Fiz com o celular e não ficou muito boa. Lá em cima é da receita feita em casa.


Weihnachtsmarkt: a Alemanha se rende aos mercados de Natal


Não fosse a falta que a família faz, eu responderia sem titubear que o Natal na Alemanha é o melhor do mundo. É lindo e as celebrações já começam em novembro com a montagem dos tradicionais mercados de Natal: Weihnachtsmarkt, também chamado de Christkindlmarkt (algo como mercado do Menino Jesus). A tradição se espalha de Norte a Sul (e em outros países da Europa também) e cria um clima especial em todas as cidades.


São barraquinhas decoradas, luzes, o cheiro de amêndoas doces e vinho quente pelo ar. A atmosfera é quase mágica: um convite a enfrentar o frio e passear pelas ruas. Em Bremen, onde morei por três anos, acontecem paralelamente dois mercados de Natal: um bem no centro da cidade, tradicional, e outro na beira do rio Weser, que recria os costumes, comidas e vestimentas da Idade Média.


Agora, em Berlin, a coisa é mais complicada. Comecei a ver barraquinhas pipocando em vários pontos da cidade e me espantei com a informação: são aproximadamente 60 mercados de Natal espalhados pelos 16 distritos da capital Alemã. No bairro onde eu moro, que se chama Charlottenburg-Willmersdorf, são doze mercados. Um dos mais recomendados é bem pertinho da minha casa: o Weihnachtsmarkt Schloss Charlottenburg, que fica montado na frente do castelo que pertenceu a Casa dos Hohenzollern, antigos imperadores da Prússia. Além das tradicionais barraquinhas, o castelo é iluminado durante toda a noite com holofotes coloridos e projeções: é só pegar uma caneca de Glühwein bem quentinho e ficar apreciando.

Aliás, por falar em Glühwein, este ano estou acompanhando o mercado de Natal por um outro ângulo. Estou trabalhando algumas horas por semana em uma barraquinha deste mercado, que vende além de bebidas quentes, alguns pratos típicos dessas feirinhas: Flammkuchen (uma receita típica da região em que a Alemanha faz fronteira com a França e Suiça e que você pode fazer em casa!) e Gulasch, a tradicional carne ensopada que os alemães tanto amam, mas feita com cervos e servida com Spätzle (hmmmmm).


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dia de São Nicolau na Alemanha: eu também quero um presente!

Dia especial: São Nicolau e Knecht Ruprecht visitam as crianças alemãs*

Eu me esqueci de pendurar uma meia ontem a noite e, por isso, acordei sem presente hoje. Essa é a tradição aqui na Alemanha. No dia 6 de dezembro, as crianças que deixaram suas meias ganham presentes de São Nicolau (Heiligen Nikolaus): brinquedinhos, doces e, em tempos mais antigos, tangerinas. É um dia bem bacana e esperado por aqui. Nas cidades menores, inclusive, é dia de pedir doces de casa em casa (o costume de fazer isso no Halloween já foi importado por aqui também, mas o São Nicolau é realmente alemão).

Mas os doces não saem de graça não! As crianças precisam mostrar algum dote artístico para os visitantes a fim de conquistar suas prendas. Em geral, ou cantam ou recitam um versinho. No primeiro ano que passei na Alemanha, trabalhei por uns meses em um estúdio fotográfico e, perto do fim do expediente, começaram a chegar os pequenos – de tocas de Papai Noel, tiaras com orelhas de rena e afins – fazendo suas breves apresentações em troca de balas. Até decorei um versinho:

‎"Ich bin ein armer Kater,
habe keinen Vater,
habe keine Mutter,
gib mir etwas Futter."


(Eu sou um pobre gato, não tenho pai,
não tenho mãe, me de algo para comer).

Andei pesquisando um pouco sobre essa data festiva e achei alguns relatos curiosos, embora nenhuma fonte “oficial” que eu possa citar aqui. Mas para registro, dizem que em tempos antigos, as crianças eram presenteadas com ovos, bacon, bebidas alcóolicas e frutas. Bom, os tempos mudaram. Na minha infância, em Blumenau, lembro bem que todo ano, em 6 de dezembro, passava um Papai Noel pela rua distribuindo balas e passávamos o dia de olho no portão pra não perder a chegada do visitante ilustre.

Por aqui, também acontecem visitas, mas nos jardins de infância: Kindergarten. Mas esqueça o Papai Noel modelo Coca-cola. Quem faz a peregrinação é o bispo Nikolaus, com uma túnica vermelha e uma mitra na cabeça, acompanhado de seu ajudante Knecht Ruprecht, um barbudo de túnica marrom e com um cajado feito de varetas. Tradicionalmente é ele que pergunta às crianças se elas sabem rezar. Se souberem, ganham algum presente do saco que carrega: tangerinas, amendoins, doces ou pão de mel (Lebkuchen). Se não souberem, ganham umas varetadas :).

Nunca vi o tal do Knecht Ruprecht, mas acho bacana ver a figura do São Nicolau em uma forma menos “industrializada”, por assim dizer. Vale dizer que, por aqui, essa é a única aparição importante do Papai Noel. Até mesmo na decoração natalina ele não tem muito destaque (ao menos não como no Brasil, onde é a figura principal da festa). O pinheiro, as luzinhas, bonecos de neve, quebra-nozes, renas e o Räuchermann são muito mais frequentes. Mas o centro da festa é mesmo a figura do Menino Jesus e as representações do presépio (Krippenfiguren). Aliás, por aqui, é o Menino Jesus (Christkind) quem dá os presentes de Natal.

Bom, de qualquer forma vou deixar umas balinhas preparadas e, caso alguém passe por aqui pedindo doces, eu conto a história aqui no blog :)!!!

* A foto que ilustra o post, é de Böhringer, publicada originalmente aqui, licenciada de acordo com as normas do Creative Commons
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