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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Dicas de inverno: como se preparar e como enfrentar o frio na Alemanha


Não existe tempo ruim: o importante é usar a roupa certa

As temperaturas costumam chegar aos -20 graus em algumas regiões da Alemanha durante o inverno. Isso inclui Berlin. Mas ondas de frio tão intenso duram poucos dias, por sorte. Em média – sem contar os alpes e montanhas – os dias ficam entre -5° e + 5 por seis longos meses. Então, pra quem chegou agora, ou vai chegar no meio desse período, algumas dicas podem ser úteis e ajudam a evitar maiores complicações. Já fiz um post para quem planeja fazer turismo no inverno, mas esse aqui é um pouco mais completo.

A primeira das dicas é simples: é frio e você vai ter que se acostumar com isso, de qualquer maneira. Por isso, quanto antes, melhor. E a melhor coisa é entender que é inverno e não adianta querer transformar a casa em uma filial dos trópicos que a coisa não vai funcionar. Por isso, compre um termômetro e regule o aquecimento de forma a criar conforto térmico, mas sem tornar as suas saídas de casa um tormento. A temperatura ideal para o ambiente em que se passa a maior parte do tempo é entre 18 e 21 graus. Mais que isso é puro exagero. Para dormir, entre 17 e 19 graus. Além de ajudar na saúde, esse cuidado ajuda no bolso! Apesar do aquecimento ser pago mensalmente, junto com o aluguel, no final de cada ano é feito um ajuste: o estado verifica se você consumiu mais do que pagou ao longo de um período e é preciso quitar o excedente (raramente se recebe de volta). E as contas costumam ser bem salgadas. Já vi gente recebendo 2 mil euros extras para pagar, de uma vez só, em um apartamento de três pessoas.

Pé quente

Para não sentir frio dentro de casa, aposte em roupas confortáveis: se tiver os pés sempre gelados, sapatos forrados de pelinhos resolvem. Pode até ser um Croc muito feio, com pelúcia por dentro, desde que ninguém veja (nas lojas de quinquilharias – tipo Teddy ou McGeiz, vende por uns 5 euros). Ou mesmo uma bota forrada de pelo: eu tenho uma dessas só pra usar em casa, assim não fico arrastando sujeira da rua. Paguei 7 euros na Kik: é feia de doer, mas é a coisa mais quentinha que já usei na vida. Para os menos friorentos, chinelinhos de pano também resolvem ou um tênis confortável. Havaianas só se for com meia: pés de fora é coisa para o verão. Não dá para manter aqui os mesmos hábitos do Brasil. E não ande descalço, claro.

Falando em pés gelados, uma dica pra quem não consegue se esquentar são as bolsas de água quente. Também podem ser encontradas mas lojas de bugigangas. Existem um capas apeluciadas para elas, bem fofas, e ficam com mais cara de travesseirinho do que aquelas bolsas de antigamente. Eu tenho uma linda demais que ganhei de uma amiga e acho uma delícia colocar nos pés nas noites mais geladas.

Existem ainda umas bolsinhas de gel com a mesma função das bolsas de água quente: mas para os bolsos! Uma delícia. Você coloca na água quente antes de sair de casa, seca, enfia nos bolsos e pronto: mãos quentinhas em todo o trajeto. E luvas, claro: luvas de lã não são muito eficazes, já que os furinhos deixam o vento passar. As de couro são caras, mas boas. Um meio termo são as de fleece: mais fechadas que as de lã e bem mais baratas que as de couro. Se o frio for muito mesmo, vale apelar para as luvas de ski, fofinhas e acolchoadas. Tudo isso baratinho na Kik ou lojinhas de Bahnhof.

Na hora de sair

Aliás, sair de casa exige um preparo. De nada servem muitas camadas se a roupa estiver errada. Primeiro é preciso dizer que você vai precisar de um bom casaco. Sugiro comprar aqui: os brasileiros são caros demais, finos demais e decotados demais. É preciso ter algo que realmente bloqueie o vento, que seja de preferência impermeável – ou ao menos uma lã grossa o bastante para não absorver a água e deixar você molhado – e bem fechado no pescoço. O ideal são casacos na altura do joelho ou um pouco abaixo, já que protegem melhor as pernas. Se puder, compre um com regulagem nos punhos, para deixar fechadinho e evitar que entre frio pelos braços. Existem modelos e preços variados: em lojas bem baratas, como a Kik e a Primark, dá para achar um que sobreviva um inverno. Na C&A já são um pouco mais resistentes. Outra dica é pesquisar nos brechós da cidade: sempre se acha alguma coisa bacana e exclusiva! Mercados das pulgas (Flohmarkt) também tem roupas: nesse caso a regra é pechinchar e você pode sair de lá com uma peça bacana por menos de 10 euros.

Palmilhas: lã ajuda a separar os pés do chão congelado

A mesma regra dos casacos vale para os sapatos. É preciso encontrar uma bota forrada, com sola grossa e de borracha, preferivelmente com garras para não escorregar na neve. Se for comprar um sapato ainda no Brasil, evite os que tem sola de couro: são muito escorregadios. Também deixe os saltos para a volta: eles não combinam com gelo. No entanto, sapatos menos “preparados” podem servir com algumas adaptações. Uma boa opção são as palmilhas de lã de ovelha, que se acha nas lojas de quinquilharias ou mesmo nas de cosméticos (tipo Rossmann ou dm). Custam entre 1 e 3 euros e realmente funcionam: elas não deixam passar tanto frio pela sola do pé. Não use sapatos apertados: botas justas dificultam a circulação e com isso o pé fica ainda mais gelado. Na hora de comprar, se planeja usar meias grossas, prefira um número maior. Aliás, falando em meias, embora as de lã sejam bem quentes, as de algodão deixam o pé respirar melhor! E meia é uma coisa muito barata aqui na Alemanha: com 5 euros se compra meia dúzia. Mas nunca compre meias brancas: é um fiasco por essas bandas!

Mas se mesmo nos mercados de pulga as botas de inverno estiverem além do orçamento, é possível transformar sapatos de sola lisa em uma opção mais segura. Existem uns grampos que podem ser presos em qualquer modelo. Encomendar pela internet é a forma mais barata. Custam cerca de 5 euros pelo ebay.de.

Bom, pés quentes e casaco. Chegou a hora de falar sobre as calças: primeiro de tudo, mantenha as bainhas bem feitas ou prefira modelos mais estreitos na perna: arrastar a barra pelo chão em dias de neve é garantir pernas geladas pelo dia todo. E isso não é nada bom! Além disso, quando está muito frio ou quando vai se passar várias horas nas ruas, é preciso usar uma segunda camada. Os supermercados populares (Aldi, Lidl, etc) ou as lojas simples (Kik, por exemplo) costumam vender essas roupas de usar por baixo: são calças justas, de um tecido térmico, criadas para praticar esportes de inverno, mas muito úteis para visitar os mercados de Natal! Para as mulheres, as opções são mais divertidas: existem meias-calças com um revestimento interno apeluciado (e outras ainda com o mesmo material das masculinas) que esquentam bastante. Custam geralmente 5 euros, nas mesmas lojinhas já citadas e valem muito, muito a pena. Eu gosto mesmo é de usar vestido no inverno: com uma meia dessas e uma legging bem grossa, não corro o risco de ficar arrastando neve com a barra da calça por ai.

Nada de calças "baixas"

Sobre as calças, vale dizer ainda que é hora de dar adeus as calças de cintura baixa. Compre umas “santropeito” mesmo e seja feliz. Conheci muitas brasileiras que, por conta do hábito de deixar a barriga ou as costas de fora, ficaram com cistite na primeira semana de frio. O negócio aqui é colocar uma das blusas por dentro da calça mesmo e prender bem para não sair: assim evita qualquer chance de deixar as costas ou o ventre expostos ao frio.

Bom, faltou falar da parte de cima. É preciso proteger a cabeça e, especialmente, os ouvidos! As tocas que existem no sul do Brasil não servem para muita coisa aqui. O ideal são toucas duplas, com uma camada interna apeluciada. O primeiro contato com elas é de repulsa: são feias, geralmente. Mas uma boa garimpada permite achar coisas interessantes! Se for comprar um chapéu, não esqueça que o importante é cobrir as orelhas: se não, serve só de enfeite. Existem protetores de orelha que funcionam bem até uma certa temperatura. Depois disso é preciso cobrir a cabeça mesmo.

Outra coisa para usar sempre: cachecol. Alemães usam até mesmo no verão: lenços, echarpes e afins. Proteger a garganta é regra por aqui e, se todo mundo faz, deve ter seus motivos! Para o outono, cachecóis tipo pashminas são ok, mas o frio pede coisas mais encorpadas, de lã. Use duplo, bem fechado e, se a temperatura estiver além dos -10, vale colocar por cima da boca e nariz para não respirar o ar tão gelado. Ah, aqueles cachecóis que as mães e vós costumam fazer no Brasil só servem se forem feitos com lã grossa e agulhas finas: ou seja, sem muitos furinhos. Um cachecol de pontos bem apertadinhos faz toda a diferença.

Cuidados com a pele

A pele também precisa de cuidados especiais no frio. A água na Alemanha é muito calcária e, quanto mais quente, mais pesada. Isso resseca muito a pele e pode provocar descamações ou mesmo rachaduras nos cotovelos, joelhos e tornozelos em pouco tempo. Por isso, mesmo que no Brasil a pele tendesse a ser oleosa, por aqui ela vai precisar de muito hidratante. E isso vale para os homens também.  Os hidratantes brasileiros dificilmente ajudam, já que não são oleosos o bastante. Melhor mesmo é apostar em um leite hidratante. Marcas como Nivea, Dove e Bebe tem várias opções, mas mesmo os produtos das marcas mais baratas dos supermercados são eficientes.

Os lábios geralmente são os primeiros a dar sinal de ressecamento e, por conta do batom, as mulheres podem sentir menos que os homens. Mas como nem todos os dias sobra paciência para maquiagem, o negócio é ter um bastão hidratante sempre à mão. São baratinhos: 1 euro ou menos no Rossmann, dm e afins. Mas se o aviso chegou tarde demais, o ideal mesmo é passar em uma farmácia e comprar um hidratante labial a base de Bepantol, que cicatriza as rachaduras e evita novas.

Falando em farmácia, inverno também é época de depressão. Não pelo frio, mas pelas longas horas de escuridão. Até os alemães sofrem com isso. Para amenizar, duas dicas: a primeira é comprar comprimidos de Johanniskräuter nas lojas de cosméticos ou supermercados. São drágeas de uma planta conhecida no Brasil como Erva de SãoJoão e ajudam mesmo a combater a depressão típica dessa época. Não precisa de receita e custam cerca de 4 euros a caixa com 60 comprimidos. A segunda dica é buscar sol. Se uma viagem para o Sul da Europa tá fora do orçamento, dá pra “remendar” com uma ida ao solarium (Sonnestudio). Mas nada de ficar laranja: são três minutos (não mais!), na máquina mais fraca que o estúdio tiver, com a regulagem mais baixa. A ideia é só ter luz o bastante para processar vitamina D e voltar a ser feliz! Enfim, o inverno tem seus segredinhos, mas dá pra sobreviver a ele.

Camadas certas de roupa

Em um resumão para fechar o post, na hora de planejar a roupa pra sair de casa, pense sempre em camadas e lembre-se que dentro de todos os ambientes (mesmo ônibus e trens) é quente. Em alguns, como lojas de departamentos, exageradamente quente. Então o ideal é usar peças que permitam abrir e deixar um ar entrar pra não sufocar! Uma boa dica, que funciona muito bem entre -5 e -15 é a seguinte sequência: uma camiseta de algodão, manga longa, bem justa junto ao corpo. Um pulôver de lã justinho. Um casaco de fleece, aberto na frente, bem justo também: de preferência de gola alta (vende na Kik a partir de 5 euros e na C&A por 9). Por cima de tudo, o casaco grosso, cachecol, touca, luvas. Na parte de baixo, meia-calça apeluciada de fio 600, calça jeans (ou outro material quente, como veludo) grossa e de cintura mais alta. Meia de algodão grossa e sapatos de inverno com palmilhas de lã. Hidratante no rosto e mãos, protetor labial e boa sorte!

E como dizem os alemães: „Es gibt kein schlechtes Wetter, sondern nur ungeeignete Kleidung“. Não existe tempo ruim, existe apenas roupa inapropriada!

Se depois de fazer tudo isso o frio ainda for demais, aproveite o clima natalino e pare na primeira barraquinha que encontrar e peça um vinho quente, o tradicionalíssimo Glüwein. Sugiro pagar o extra e pedir uma dose de licor de amêndoas junto: esquenta o corpo, a alma e deixa o inverno muito mais colorido!


Lá fora: é frio sim, mas o inverno é cheio de encantos

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

9 de Novembro: a queda do Muro de Berlin e uma Alemanha ainda dividida


Queda do Muro: alemães tomam conta da "terra de ninguém"*

Há exatos 23 anos, em 9 de novembro de 1989, caia o muro de Berlin e a Alemanha voltava a ser um só país. Ao menos nas fronteiras e nos papéis. O muro, construído em 1961, separava a Berlin ocidental – uma ilha capitalista no coração da Alemanha comunista (a Deutsche Demokratische Republik, ou simplesmente DDR). Já escrevi sobre a história do muro aqui. Vale dizer que, na época, o que ocorreu não foi uma fusão de dois países e sim a incorporação dos ex-estados comunistas à Alemanha economicamente forte.

O 9 de novembro não é exatamente comemorado pelos alemães e, na maioria das cidades, passa em branco. A celebração da união dos dois países é em 3 de outubro, data da unificação oficial da Alemanha. A queda do muro foi a primeira abertura de fronteiras, permitindo que Ossies (da DDR) e Wessies (da Alemanha capitalista -  BRD, a Bundesrepublik Deutschland) pudessem circular sem mais restrições. Isso porque, o 9 de novembro tem uma mácula: a noite de 9 para 10 de novembro de 1938, ainda antes do início da Segunda Guerra Mundial, ficou conhecida como a “Noite dos Cristais”.

Foi nesta madrugada que a perseguição contra os judeus – que culminaria com o holocausto promovido pelos nazistas – ganhou corpo nas ruas. Sinagogas em todo o país foram incendiadas e estabelecimentos comerciais de judeus foram saqueados. Mais de 100 pessoas morreram nesta noite em que os destinos do país mudaram completamente.

Coincidência ou não, outro 9 de novembro marcou o calendário germânico: desta vez, em 1918, quando caia Wilhem II, o último imperador alemão, rei da Prússia. O período que se seguiu – a chamada República de Weimar – marcou os poucos anos de paz experimentados pelo país entre as duas grandes guerras (Hitler começou a demonstrar sua força já em 1923 e a democracia foi perdendo espaço para um regime totalitarista, consolidado 10 anos depois).

Viradas as páginas cheias de marcas de sangue, a Alemanha é hoje o país mais poderoso da Europa e acolhe, com seu jeito meio carrancudo, milhares de estrangeiros, como eu, que por motivos diversos acabam por chamar a “Vaterland” de casa. No entanto, uma olhada para dentro das fronteiras dessa força europeia não revela exatamente uma unidade.

A diversidade cultural é grande. Norte e Sul são completamente diferentes. Um gosta de Grünkohl, o outro não vive sem Sauerkraut. Mas a diferença é ainda maior entre Leste e Oeste. Embora o fim das fronteiras tenha assegurado a todos o direito de ir e vir, não se pode generalizar gostos ou comportamentos. O Oeste é mais caro, mais desenvolvido. No Leste, os sorrisos brotam mais facilmente.

Tive a oportunidade de viver nos dois lados e ainda em Berlin, onde as diferenças estão até hoje nas fachadas e é fácil saber em qual das duas Berlin se está apenas de olhar em volta. Em Weimar, coração verde do país – e onde o muro parece ter caído muito tempo depois – as marcas da DDR ainda são mais fortes: nos conjuntos habitacionais de paredes muito finas, nas roupas que as senhoras ainda usam para trabalhar em casa, nos produtos de marcas muito específicas no supermercado, nas sinaleiras com o Ampelmännchen mas, especialmente no discurso de quem tem saudades do tempo em que se podia comer em um restaurante por apenas um Marco.

* Foto de Sue Ream, originalmente publicada aqui, licenciada pelas normas do Creative Commons

sábado, 6 de outubro de 2012

Passo-a-passo: como fazer tapioca na Alemanha, igualzinha a do Brasil, com ingredientes locais


Tapioca: doce ou salgada, a receita com ingredientes da Alemanha fica igualzinha

Tem como fazer tapioca na Alemanha e é muito simples. As lojas asiáticas ou africanas vendem polvilho. Se chama Tapioca Mehl e custa menos de 1 Euro o pacote (a mesma que se faz pão de queijo aqui!). E fica igualzinha a brasileira. Fiz o teste em casa. Um amigo do Recife, que por acaso foi quem me ensinou a fazer tapioca, trouxe a goma na última viagem ao Brasil. Então fizemos a prova: preparamos algumas com a goma brasileira e outras com a farinha comprada na Alemanha. Resultado: ficou difícil diferenciar e saber qual era qual. Uma prova de que o sabor está garantido.

No outro dia, repeti a receita para um grupo de amigos em Bonn. Comemos de sobremesa depois de uma feijoada (tem a receita aqui!) e a minha querida amiga Gloria Sousa, que escreve esse blog muito legal, foi quem fez as fotos pra esse post. Então vamos à receita.

Ingredientes:

400 gramas de Tapioca Mehl (o pacote geralmente tem essa medida)
Água
Manteiga
Recheios a gosto: pode ser só na manteiga, com leite condensado (saiba aqui como achar na Alemanha) e coco ralado ou mesmo com Nutella.

Preparo:
Para a goma: a água deve ser adicionada aos poucos

O maior segredo está em preparar a goma. E isso é simples demais. Coloque a farinha em um recipiente e vá acrescentando água aos poucos - bem aos poucos mesmo - até obter uma textura de bolas, como a foto. 

Ponto da goma: mexa com as mãos até obter bolas

Encontrei um vídeo bem caseiro na internet mas que explica que é uma beleza. Não tem erro nenhum seguindo essas dicas.


Depois, passe a goma por uma peneira de preferência de metal (as plásticas são muito frágeis e podem rasgar). Tive que improvisar em casa na falta de uma peneira melhor, mas funcionou. Você pode passar com a mão mesmo ou com a ajuda de uma colher. A goma peneirada é o que será usado para fazer a tapioca.

Goma ralada: passe as bolas de tapioca por uma peneira

Unte uma frigideira antiaderente com manteiga. Para facilitar, espalhe com um guardanapo. Depois, coloque goma peneirada em quantidade suficiente para cobrir o fundo da frigideira e deixe em fogo médio até a goma derreter levemente e tornar-se uma coisa só. Você então deve virar a tapioca (pode ser como panqueca ou com a ajuda de uma espátula).

Fogo médio: coloque goma o bastante para cobrir o fundo

Se quiser, passe manteiga ou margarina na tapioca e, quando estiver começando a sapecar, coloque o recheio.

Sabor: se preferir, passe manteiga ou margarina pela tapioca


Na foto, está saindo uma tapioca de Nutella, embora a minha favorita seja de coco com leite condensado.

Recheio: depois que a tapioca estiver cozida, é só rechear

Depois de colocar o recheio, dobre e sirva na hora. 

Último passo: é só sobrar a tapioca e, se o recheio for queijo, deixar derreter um pouco

Você também pode fazer tapiocas salgadas, que ficam excelentes: queijo, queijo e presunto, frango. Use a criatividade e bom apetite, com gostinho de Brasil.

Pronta para servir: receita simples e saborosa para matar a saudade do Brasil

sábado, 15 de setembro de 2012

Receita rápida e fácil para o verão: sangria agrega valor a um vinho simples e acompanha almoços e jantares


Sangria é um tipo de ponche à base de vinho muito comum na península Ibérica. Bebe-se litros na Espanha e talvez ainda mais em Portugal. No Brasil a bebida não é tão popular, mas é uma das melhores receitas para transformar um vinho simples em um drink refrescante e delicioso. Com o calor se aproximando no Hemisfério Sul, é hora de anotar essa receita facílima. Aliás, essa é apenas uma variação: deixe a criatividade solta e aventure-se na hora de preparar.

A base da sangria são frutas, vinho e um refrigerante qualquer sabor limão. Pode-se adicionar até mesmo cachaça, para uma versão mais alcoólica. Também é possível fazer com água tônica no lugar de outro refrigerante. O vinho pode ser trocado por um espumante. Muitas frutas caem bem na receita: limão e laranja são as mais básicas. Mas maçã, abacaxi, uvas, kiwi, morangos e outras frutas vermelhas combinam muito bem. A receitinha que segue pode ser feita tanto com vinho tinto como branco: e não compre nada especial. Mesmo um vinho simples, daqueles de garrafão, não faz feio. Doce ou seco, pode escolher. Basta compensar na hora de adoçar a bebida. Anota ai então os ingredientes.

Sangria: bebida leve e frutada para enfrentar os dias de calor 

Sangria branca (para cinco pessoas)

Ingredientes

1 garrafa de vinho branco seco (700 ml)
700 ml a 1 litro de refrigerante sabor limão (mais refrigerante se quiser o drink mais leve)
1 laranja grande cortada em rodelas
1 limão-taiti ou siciliano em rodelas
1 maçã em fatias grossas
1 chumaço de hortelã (cerca de 30 a 40 folhas)
1 pau de canela
3 colheres rasas de açúcar
Gelo que baste

Preparo

Corte as frutas, coloque em um jarra bem grande, adicione o açúcar e a canela em pau. Mexa com uma colher grande até que as frutas fiquem bem untadas de açúcar e desprendam um pouco do sumo. Não amasse como caipirinha, apenas misture bem. Em seguida, adicione as folhas de hortelã, o vinho e o refrigerante. Misture tudo e prove. Se preferir, coloque mais açúcar, mais vinho ou refrigerante, até obter o ponto de preferência. Deixe na geladeira por pelo menos uma hora antes de servir para que as frutas desprendam todo o sabor na bebida. Sirva com bastante gelo e, se preferir, com pedaços de frutas usados no preparo e folhas de hortelã. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Turismo: razões pelas quais todos os brasileiros devem visitar Portugal

  
 Beleza: Lisboa se debruça sobre sete colinas, à beira do rio Tejo



Portugal – e sua belíssima capital, Lisboa – não costuma ocupar o topo da preferência dos brasileiros que visitam a Europa. Roma, Paris e Londres parecem encabeçar a lista dos países. No entanto, há muito o que se ver em terras lusitanas: o país é lindo e, sempre que posso, fujo da cinzenta Alemanha para umas semanas de sol, calor e muita comida boa. Mas esse post não é um roteiro por Lisboa ou por outras cidades da terrinha. Se você já decidiu visitar a cidade das Sete Colinas, leia o texto que meu colega de redação na Deutsche Welle Antonio Netto preparou: um roteiro perfeito para três dias com o que Lisboa tem de melhor (se bem que com tanta sugestão, eu sugiro quatro dias pra dar conta!!).

Já esse post aqui tem um intuito muito simples. Estou de férias em Portugal e quero apenas citar algumas razões pelas quais qualquer pessoa deve incluir o país em seu roteiro pela Europa. Tenho argumentos de sobra, uma vez que sou fã de carteirinha desse país tão próximo do Brasil em muitas coisas.

Vai ai a lista de razões:


Torre de Belém: um dos pontos turísticos da capital portuguesa

  • Para quem está vindo do Brasil e não fala bem inglês ou qualquer outra língua europeia, nada pode ser mais fácil do que fazer o controle alfandegário em Português, certo? Depois daqui para os outros países do território Schengen, como os voos são “domésticos”, não há controle de passaporte. 
  • Conhecer Portugal é entender o que nós brasileiros somos e porque somos dessa maneira. A língua, claro, mas a cultura, os costumes: muito do que achamos genuinamente brasileiro é, na verdade, português.
  • A história do país é riquíssima. Sem contar que a história de Portugal é também a história do Brasil. O nosso Dom Pedro II é, na terrinha, o Pedro V. Há muito o que descobrir sobre reis e rainhas, castelos, arte dos quatro cantos do mundo.
  • O patrimônio arquitetônico português é de uma beleza ímpar. Mosteiros gigantescos preservados, o casario de Lisboa e suas janelinhas com pequenos balcões repletos de varais, as quintas, elevadores. Igrejas imensas e belíssimas, as ruas estreitas da Mouraria, o agito do bairro Alto. Há ainda a Lisboa moderna da Expo, na estação do Oriente, e seus prédios que rasgam o azul na beira do rio Tejo.

Expo: harmonia entre natureza e arquitetura onde a cidade é mais moderna

  • Venha conhecer Portugal também por conta do fado: as cantigas tristes, que rasgam a alma, mas que contam histórias de amores e outros dias. Descubra a voz inesquecível da cantora Amália, a maior fadista de todos os tempos, mas também sorria ao ouvir o toque irreverente que a banda Deolinda deu ao tradicional fado.




  • O povo simpático e hospitaleiro que vive nesse país. Deixe em casa os preconceitos, as piadas tolas sobre achar que Português é burro e descubra que, em um sotaque diferente, a gente do país é de uma simpatia ímpar, tem orgulho de sua cultura e prazer em contar histórias. Se perca e peça ajuda pra achar o caminho de volta só pra comprovar: os portugueses param o que estão fazendo, saem detrás do balcão só para, da calçada, apontar direção correta a seguir.  Não é fofo isso?
  • Ninguém pode negar a ousadia dos Portugueses nos anos das grandes navegações. Visite o Padrão dos Descobrimentos, observe o mapa imenso desenhado em mosaico do chão e, ao olhar a confluência do Tejo com o mar, pense na coragem necessária para sair sem rumo – e sem GPS! – em direção a imensidão azul.

Padrão dos descobrimentos: deixe a imaginação navegar além mar

  • Deixe de lado o papo de imperialismo e o ranço colonial: se o Brasil foi uma colônia de exploração quando de seu “descobrimento”, é preciso saber que os tempos e os valores sociais e morais eram outros. Era um período de conquistas, de alargamento de mapas e territórios. Se esse for o argumento para não visitar Portugal, corte também a Espanha da lista: afinal, também foram colonizadores... e também o Reino Unido, a França e por ai vai. Bom, fique em casa e certifique-se de que não vive em nenhum pedacinho do que foi, um dia, terra indígena. Ups... não tem como né?!
  • Venha para comer os Pastéis de Belém! Pastéis de nata (a massa folhada com um creme de ovos) existem aos milhares, mas os pastéis de Belém são únicos e, com esse nome, não podem ser vendidos em qualquer outro lugar. Coma dois, dez. Coma até enjoar e volte no dia seguinte pra comer mais. Mas não esqueça de toda a riqueza da confeitaria portuguesa: ovos moles, travesseiros de gila, e tantos mais. E lembre-se: se temos quindim, pudim de leite, ambrosias e afins é graças a influência portuguesa na nossa culinária.

Pastéis de Belém: os originais só são servidos em uma única loja/café 

  • Bacalhau, claro. É preciso provar ao menos dois pratos: à lagareiro (assado com muito azeite e alho é o meu favorito), à Gomes de Sá, com Natas, bolinhos de bacalhau, pataniscas... tanto faz. Mas é preciso lembrar que não é só de bacalhau que vive a culinária portuguesa: frutos do mar em abundância – frescos e com temperos leves -, porco e batatas. A cozinha portuguesa é simplesmente deliciosa. Prove douradas assadas, chocos, polvo... mas não deixe de comer arroz de pato, cozido português, porco alentejano com migas e as famosas francesinhas do Norte.
  • E coma tudo isso com os melhores vinhos do continente. O país sabe como fazer vinho bom e barato: com 3 euros, no mercado, se bebe algo decente. Com cinco, o assunto já é de gourmet. Mas se o vinho for de 1,50 a garrafa, não há problemas: tardes quentes pedem uma deliciosa sangria (vermelha ou branca). Além do tradicional vinho do Porto, prove (e leve quantas garrafas puder) do delicioso Moscatel de Setúbal (melhor que o do Porto, na minha modesta opinião) e, enquanto estiver por aqui, saboreie o suave vinho verde em taças a perder as contas.
  • Divirta-se com as diferenças! Conversar com portugueses é sempre razão para boas risadas... Saiba que geladeira é frigorífico, isopor se chama esferovite e, que ao sair da casa de banho (banheiro) não se pode esquecer de acionar o autoclismo (descarga). Se quiser uma média com leite, peça por um abatanado com leite, mas se tiver calor, tome um gelado (sorvete). Há sempre uma palavra nova e um jeito todo peculiar de construir frases que é uma delícia!
  • E se você já mora na Europa, Portugal é o jeitinho mais fácil de matar as saudades do Brasil. Para quem vem do Novo Mundo pra cá, as diferenças são muitas. Mas para quem já vive do outro lado do oceano, o que mais chama a atenção são as similaridades. E as coisas boas de que sentimos falta! Tem coxinha na padaria, lanchonete que vende pastel e caldo de cana. Tem guaraná no supermercado, farofa e polvilho (doce e azedo). Tem picanha, rodízio de carne e mais... tem gente que fala a mesma língua e tudo em volta vai ser como em casa: em bom português!

Sobe e desce: se deixe seduzir pelas ladeiras de Lisboa

sábado, 25 de agosto de 2012

Receita típica alemã: Mett ou Hackerpeter como aperitivo de Norte a Sul


Mett ou Hackerpeter: entrada perfeita ou acompanhamento para aquela cerveja gelada

A receita de hoje é tipicamente alemã, mas adaptada ao Brasil. Trata-se de Mett ou Hackerpeter (nome usado no Norte do país), também chamada por muitos de bife tartar ou até mesmo carne de cobra. Bom, em primeiro lugar, de cobra não existe nada. Aqui na Alemanha o prato é preparado com carne moída de porco, servida crua. Já no Brasil, pelo risco de doenças que a falta de saneamento poderia provocar a essa prática, o prato é feito com carne de boi. Pode-se usar patinho, com pouca gordura, moído bem fino.

O preparo é muito simples e rápido e o resultado final é uma espécie de patê de carne crua bastante saboroso. Serve-se, preferencialmente, com pães integrais pesados, mas na falta deles, qualquer pão pode acompanhar. Combina perfeitamente com uma cerveja e uma roda de amigos. Muitos restaurantes servem como entrada, mas por aqui, trata-se de um item comum no café da manhã!

Mettbroetchen: opção no café da manhã das cantinas universitárias de todo o país

Nas cantinas das universidades e mesmo das empresas é comum encontrar meio pão francês com Mett e cebolas salpicadas no topo: Mettmitzwibeln, nesse caso. Nos mercados, a carne vem preparada em saches como os patês; por quilo, preparada fresca e de forma muito simples (só sal, pimenta e alho) ou ainda em porções individuais, em embalagens industrializadas.

Come-se Mett de Norte a Sul da Alemanha e a história desse prato ninguém sabe bem contar. Nem a lista exata de ingredientes. A receita abaixo é a que me habituei a fazer, mas existem variações de toda a ordem, por isso, coloco alguns ingredientes como opcionais: uso se tenho em casa. Sem eles, o sabor não muda muito.

Ingredientes:

400 gramas de carne moída sem gordura (patinho ou outra)
1 cebola bem pequena cortada (ou meia média) em cubinhos muito pequenos
2 dentes de alho médios ou 1 grande bem picados
20 a 30 unidades de alcaparras bem picadas (elas dão um sabor especial, mas não deixe de fazer a receita se faltarem. Fica bom mesmo sem as alcaparras)
1 colher bem cheia de mostarda amarela cremosa meio picante (mittelscharf). Na falta dessa, pode usar mostarda escura que também funciona!
1 colher de café de páprica doce (opcional)
1 colher de sopa de cebolinha verde e/ou salsinha picadas bem fininhas
4 a 6 filés de aliche em conserva (bem ficados)
1 gema de ovo sem a pele (peneirada)
1 colher de sopa de conhaque (opcional – raramente uso!)
Sal e pimenta preta a gosto

Preparo:

Misture todos os ingredientes frescos e sirva em seguida.

*Foto de Eigenes Werk, publicada originalmente aqui, e licenciada de acordo com o Creative Commons

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Zuckertüten: uma doce tradição escolar da Alemanha

Bibelôs: a tradição se perpetua em enfeites que celebram o início da vida escolar

O calendário escolar da Alemanha, como em todo o hemisfério Norte, anda em compasso diferente do Brasil. Por aqui, as férias maiores são no verão, entre julho e agosto e, nessa época, as lojas se enchem de material escolar. Mas não só isso. É a época em que aparecem cones coloridos de todos os tamanhos: são as Zuckertüten ou ainda Schultüten, em outras partes da Alemanha. A tradução é simples: sacola de açúcar na primeira e sacola da escola, na segunda. O nome pode variar conforme a região, mas o conteúdo não muda muito: doces, balas e guloseimas em geral!

Prontas: são várias as opções e o preço varia de 7 a 15 euros

A tradição nasceu no século 19 e foi registrada pela primeira vez na cidade de Jena (se lê Iêna), aqui na Turíngia, do ladinho de Weimar. Desde então, espalhou-se pelo país e foi se modernizando. Mas a razão é única: tornar menos traumático e mais doce o primeiro dia de escola dos pequenos. Por trás disso, há uma historinha quase tão fofa quanto a do Natal ou do coelhinho da Páscoa. Os pais contam às crianças que há, na escola, uma árvore que dá doces... e que eles precisam ir até lá conferir. Se, ao chegarem lá, encontrarem esses doces maduros e prontos para serem colhidos, significa que é hora de ir para a escola. 

No início, os cones eram feitos pela própria família: mães e avós colocavam seus dotes à prova nessa empreitada. Hoje em dias, as lojas estão repletas desses cones: de heróis, personagens, cores e tamanhos variados. Aliás, o tamanho é uma questão importante: os grandes são para as crianças que estão começando a escola e os menores para os irmãos enciumados aguardarem a sua vez.

Pequenas: para os irmãos menores ou como um segundo presente de avós ou tios

Uma vez escolhida a Zuckertüten, a hora é de rechear. Com campanhas sobre cáries e alimentação saudável, o conteúdo mudou ao longo dos anos. Ainda existem doces, claro, mas em menor quantidade. Brinquedinhos, games, bichos de pelúcia e itens especiais de material escolar estão na lista de preferência. É ai que entram as borrachas coloridas, os lápis enfeitados ou mesmo livros de historinhas: tudo para preparar a criança para esse novo universo que ela vai encontrar.

Mas não são os pais que entregam as surpresas. Essa é a função da escola. As prendas precisam ser deixadas com os professores (às vezes mesmo em uma data anterior) para que seja organizada a árvore ou qualquer outra forma de colocar todos os enormes cones juntos. Então, um a um os pequenos são chamados para a “colheita” dos frutos: posam para a foto, despedem-se dos pais e vão descobrir quais são as surpresas da sacola dentro da sala de aula. Claro que o costume pode variar um pouco em cada região ou em cada escola, mas no geral, é mais ou menos assim... Existe forma mais doce de começar a vida escolar?

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Dicas de viagem: um roteiro de três dias em Berlin para conhecer o essencial da capital alemã

Skyline: São tantas as facetas de Berlin que fica difícil definir a cidade

É impossível conhecer Berlin em três dias. Mas também é impossível conhecer em três meses. A capital alemã é muitas cidades ao mesmo tempo, cheia de atrações e curiosidades e está em constante mudança. Mas um roteiro bem organizado permite visitar o essencial e ter uma ideia do porquê essa “feia simpática” é tão amada por turistas e pelos próprios moradores. Aliás, moradores que aumentam todos os dias: todo mundo quer estar em Berlin.

Há quem diga que Berlin é a nova Londres, mas acho qualquer comparação injusta. A cidade é tão peculiar que uma tentativa de rotular seria criar limites para a personalidade deste lugar vivo e pulsante.  Escolher palavras adequadas para descrever Berlin é uma missão para cada visitante: por hora, divido os meus. Não espere um lugar lindo de morrer, nem limpo a ponto de chamar a atenção, nem seguro para que se possa esquecer da vida e menos ainda com um clima convidativo. Berlin não é nada disso: mas é tudo isso ao mesmo tempo, dependendo de onde se vá.

Sem mais delongas, ai vai um roteirinho básico para três dias completos na cidade. Você vai encontrar vários links para posts desse blog, onde conto em mais detalhes e deixo dicas para aproveitar a cidade em toda a sua essência.

Dia 1: As primeiras impressões da cidade


No coração da cidade: o Brandenburg Tor é o ponto de partida para uma visita guiada

Depois de um café da manhã reforçado, comece o dia às 10h em frente ao Brandenburg Tor. Vá ao centro de atendimento ao turista e pegue mapas da cidade. Tire todas as fotos com o portão ao fundo para mandar para a família e esteja, pontualmente as 11h em frente ao Starbucks. De lá parte um city tour guiado, gratuito,  à pé, que dura entre 3 horas e 3h30min (mais dicas aqui). Para garantir um espaço no tour, é preciso reservar antes pela internet. Há opções em alemão, inglês e espanhol. Nesse roteiro você vai conhecer as principais atrações do centro da cidade, embora não de tempo para entrar em qualquer uma delas. No entanto, da para conhecer os mais tradicionais pontos turísticos da região.

O passeio termina na Ilha dos Museus e  da pra começar apreciando a Catedral de Berlin. A tarde pode ser reservada para conhecer algumas das atrações da ilha. Sugiro o Pergamon – que é magnânimo, na falta de um outro adjetivo que possa descrever toda a beleza) e o Neues Museu, onde está a famosa Nefertiti. Não esqueça de conferir quais partes do Pergamon estão abetas, uma vez que a reforma do museu deve se estender até 2023. Esses dois já dão uma ideia bem completa do potencial da cidade. Do outro lado da praça fica a Rotesrathaus, a prefeitura da cidade. Logo atrás, caminhe ainda pelo Nicolai Viertel, o bucólico lugar onde Berlin começou.

Ilha dos Museus: por dentro e por fora dos prédios, há muito para ver

Para quem é de festa, a noite pode terminar com um tour pelos bares da cidade (leia mais aqui). Como o passeio é feito em grupos, até mesmo que viaja sozinho pode curtir o melhor da noite de Berlin. Para os amantes de cerveja, as dicas estão aqui.

Dia 2: O muro e a Berlin Oriental


Arte na rua: a East side gallery conta a história de uma cidade dividida

Não se deixe abater pela ressaca. Comece o dia visitando uma parte do que já foi Berlin Oriental. Vá de trem até a Ostbahnhof e caminhe, lentamente, por toda a extensão da East Side Gallery e suas famosas pinturas. Não deixe de parar para duas fotos clássicas: o trabante saindo do muro e o beijo.  No caminho fica a Mercedes Benz arena um local de shows, jogos de jóquei.

Depois da caminhada de quase 2,5 quilômetros, pode ser que a fome aperte e essa é a hora de saborear o melhor faláfel da cidade, que fica nas imediações.  Uma vez de barriga cheia, siga para a Bernauer Str., onde está o Memorial do Muro. Se você fizer a conexão mais longa, pegando o U1 em Warschauer Str., e prestar atenção nos arredores, vai ver, à esquerda do sentido do trem, a famosa estátua Molecule Man, dentro do rio Spree. Se for visitar o Memorial do Muro em um domingo, não deixe de conferir o Flohmarkt do Mauerpark, um dos melhores da cidade, com uma área repleta de novos artistas e designers, além do famoso karaokê.

Molecule Man: no meio do rio Spree, uma celebração à Alemanha unida

Reserve uma horinha para andar pela Alexanderplatz. Há sempre alguma feira, alguma coisa acontecendo por lá. Além disso, lojas de eletrônicos como a Saturn e Media Markt ficam em volta. Por lá também está a Primark, favorita dos turistas em busca de roupas (muito) baratas e de procedência duvidosa. Se o dia estiver bonito, vale uma subida a torre de TV.

Para  terminar o dia, siga para a Potsdamer platz, o centro mais moderno de Berlin. O melhor é visitar o local a noite, pois o Sony Center e sua ousada arquitetura de vidro tem uma iluminação especial e muda de cor o tempo todo. Além disso, o DB tower completa a paisagem que revela o lado mais moderno da Alemanha. Da pra pegar um cineminha nas salas onde acontece a famosa Berlinale ou seguir rumo a Kreuzberg para descobrir o coração hipster da capital alemã.

Potsdamer Platz: vidro e luz onde a Alemanha mostra sua face mais moderna


Dia 3: O Parlamento e memorial

Para esse terceiro dia é preciso se organizar com antecedência. Para visitar o parlamento alemão é preciso marcar hora  pela internet com antecedência para escolher os melhores horários. Se quiser conhecer mais da história alemã, opte pela visita guiada. Se a pressa for grande, marque apenas horário para conhecer a cúpula. A visita a cúpula pode ser marcada na véspera, mas isso precisa ser feito pessoalmente e a fila é imensa. Durante a visita, não deixe de pegar o guia de áudio, gratuito) para saber o que está vendo do alto da estrutura envidraçada. Há inclusive áudio em português (lusitano, claro!). Já escrevi sobre isso aqui.

Cúpula da Reichtag: vidro e aço na impressionante estrutura do parlamento

Quando terminar a caminhada, a pedida é visitar o Memorial dos Judeus Mortos na Europa (o museu, que fica sob as lápides que você já viu no city tour - leia mais aqui). Vá do Memorial dos Judeus até a coluna caminhando pelas margens do rio Spree, ao longo do Tiergarten. É simplesmente lindo. A coluna fica perto do palácio presidencial Bellevue, que também merece a visita. Apesar dos quase 300 degraus, tem a minha vista favorita de Berlim (melhor do que a da torre de tv. Se sobrar tempo e pernas, vale uma passada no Castelo de Charlottenburg, que fica um pouco longe do centro).

Memorial dos judeus mortos na Europa: sob as lápides, fica um interessante museu

Se ainda tiver energia, termine a tarde e deixe a noite cair passeando pela  Kurfürstendamm e suas ruas com as melhores marcas internacionais. Não fique surpreso em ver as ruas tomadas por Ferraris, Porshes e outros carros de luxo.

Para quem tem mais tempo:

Dia 4: O campo de concentração de Sachsenhausen

Há muito em Berlin que lembra o nazismo e a Segunda Guerra Mundial, mas nada pode ser mais chocante que a visita a um campo de concentração. Para isso, é preciso reservar o dia todo, já que o campo fica a mais de uma hora do centro e serão necessárias ao menos umas três ou quatro horas para ver tudo por lá.

Dia 5: Potsdam

Potsdam é a capital do estado de Brandenburgo e fica a pouco mais de meia hora do centro de Berlin. A cidade é pequena, mas o Parque Sanssouci e seus palácios, castelos e orangeries é uma atração imperdível para quem está tão perto.

Dia 6: Para os nerds, Museu técnico de Berlin

Este é sem dúvida o museu mais completo que já visitei. Para quem gosta de cultura geral e tem algum tipo de sangue nerd nas veias, não pode haver melhor opção. Mas é preciso paciência para ver tudo. Mais que isso: o museu é tão grande que vale a pena levar um sanduiche para fazer um lanche em uma das pausas da visita. Passei seis horas por lá e certamente passaria mais quatro se quisesse ver tudo com a devida atenção. É uma amostra de como a Alemanha se tornou o que é, em termos de evolução técnica e tecnológica.

Para fechar:

São inúmeras as possibilidades que Berlin oferece e a cada estação a cidade se renova. Há programas de inverno, diversões de verão: Berlin está sempre de cara nova e, para quem tem tempo, perder-se pelas ruas e bairros é certamente a melhor opção. Eu morei seis meses por lá e confesso que foi pouco. Acho que nem seis anos serviriam para descobrir tudo porque,  a cada dia, a cidade acorda diferente.

Adeus layout velho, feliz blog novo!!!


É isso ai! O De volta a nave mãe está de cara nova. Embora eu gostasse do jeitinho kitsch da versão anterior, é preciso evoluir! Depois de quase quatro anos de site chegou a hora de mudar um pouco a cara do blog: então, a partir de hoje, tudo reformado, com um visual mais moderno e clean. E mais fácil de ler! Claro que a nova cara do blog tem um toque do maridão! ;) O que seria desse espaço sem o talento dele?

O novo layout torna mais fácil encontrar os posts. Algumas categorias já existiam, outras foram rebatizadas e duas novas foram criadas: jornalismo e viagem & turismo. Afinal, esse é um espaço para posts bastante diversos, mas não custa nada deixar a casa em ordem! :)

Mas as novidades não param por ai. Além do novo layout, o blog ganhou uma página no Facebook. Gosta dos posts? Quer fazer perguntas? É só mandar um recado por mais esse canal de comunicação. No mais, as coisas seguem no seu ritmo... Fique à vontade e volte sempre!

Bye: adeus ao layout kitsch e o começo de uma nova fase mais clean e organizada

domingo, 8 de julho de 2012

UFC: A nova fábrica de pseudo-heróis nacionais


Eu não gosto de lutas.  Nunca gostei. Particularmente acho que uma das formas mais divertidas de luta é a de 22 homens por uma bola. E o Brasil sempre achou isso também. Ou achava, ao menos. Eu saí do Brasil em 2008 – antes das mulheres frutas, antes do sertanojo virar modinha na balada e quando ainda se discutia que estados seriam ou não sede da Copa do Mundo de 2014. Não tinha, para a alegria dos meus ouvidos, nem thcu, tcha e nem tchechererê. E eu achava que as coisas já não iam muito bem... Naquela época, as notícias mais relevantes de luta falavam do desempenho dos judocas brasileiros nas Olimpíadas. E deu.

Mas a coisa toda mudou e, de uns tempos pra cá, todo mundo parece ter virado fã de luta. Minha timeline do Facebook, o Tweeter e tudo o mais só fala de UFC (que eu tive que pesquisar pra saber do que se tratava), porrada, Anderson Silva e o que mais... e isso me enche de uma pena infinita. É triste ver tanta gente manipulada por uma convenção comercial: a Globo compra os direitos de transmissão de um campeonato que não tem qualquer relação cultural com o Brasil e o povo todo vira fã de carteirinha do dia para noite.

Já não bastasse vestir a moda das novelas e repetir os bordões dos personagens. Já não bastasse votar nos candidatos do Jornal Nacional. Já não fosse o suficiente idolatrar o Luciano Huck e a Angélica... agora cabe ao projeto comercial de uma emissora criar os novos heróis nacionais e a nova febre de audiência. Já passou da hora de desligar a TV e ler um livro. É muita pobreza de espírito...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Roteiro turístico: Visitar Bamberg é caminhar pela história e beber as melhores cervejas alemãs


Se a Alemanha é internacionalmente reconhecida por seu talento em fazer cerveja, a francônia é o lugar da Alemanha onde se faz isso melhor. A região, que hoje em dia representa apenas uma identificação cultural, abrange o norte da Baviera, uma parte de Baden-Wüttemberg e o sul da Turíngia. Neste contexto fica Bamberg, que visitei há algumas semanas  junto com o maridinho Joatan. A viagem foi para uma conferência do DAAD, mas como a agenda tinha horas livres e um passeio turístico guiado, deu pra aproveitar bastante. 





Na verdade, não costumo fazer muitos textos de cidades que visito: gosto mais de explorar por temas. Mas Bamberg é tão linda que mereceu destaque especial por aqui. Primeiro, é preciso que se entenda um pouco do porquê: o município de 70 mil habitantes passou praticamente incólume pela 2ª Guerra Mundial. Enquanto em cidades como Colônia apenas 10% das paredes permaneceram de pé, Bamberg teve apenas 4% de suas construções destruídas. Com isso, o casario medieval permanece de pé, recriando cenários de cinema em ruelas estreitas, fachadas decoradas e uma tradição cervejeira ímpar.

 

A mais famosa cerveja da cidade é a Schlenkerla, que dá o nome a especialidade da região: cerveja defumada (ou Rauchbier, se quiser ser entendido na hora de pedir em uma das muitas cervejarias). O gosto – parece cerveja de bacon ou há quem diga que lavaram uma linguiça na cerveja antes de servir – vem de um processo muito peculiar de secagem do malte produzido a partir da cevada. Se comumente os grãos germinados eram secos ao sol, em Bamberg, eram colocados em estufas e secos com a ajuda do fogo e, em contato com a fumaça, adquiriam os sabor distinto. Vale dizer que, se a mais famosa e antiga cerveja defumada de Bamberg é a Schlenkerla, a mais saborosa (embora mais suave) é a que se serve exclusivamente no Spezial Keller, um biergarten no alto de uma das colinas da cidade. Vale o esforço da subida para merecer degustar as canecas pesadas da cerveja.
 


Mas nem só de cerveja vive Bamberg. A cidade, de fé católica, é uma das raras cidades fora do Vaticano que tem um Papa enterrado. É o Papa Clemente II que está lá, dentro da catedral que, este ano, festeja seus mil anos de construção. Nos arredores, há ainda construções medievais cinematográficas. Literalmente. Bamberg foi palco da filmagem dos Três Mosqueteiros. Ao fim das contas, faltam adjetivos pra falar (bem) de Bamberg: linda, limpa, segura, alegre, festiva, mas sobretudo, a mais preservada das cidades medievais alemãs. Motivos de sobra para uma visita de encher os olhos... e os copos!





 







de volta à nave mãe - desde 2008 © Ivana Ebel