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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cogumelos frescos recheados ao molho de tomate


Outono é a época dos cogumelos na Alemanha. Além de colorirem os jardins e nascerem em cada canto, os tipos comestíveis aparecem em profusão nos supermercados, ainda mais baratos do que em outras épocas do ano. Esta semana passou um programa na TV – não lembro o canal e menos ainda o nome do programa – mostrando as diferentes variedades e algumas receitinhas. Acompanhei uma delas – sem anotar os ingredientes – e adaptei para um almoço leve aqui em casa. Confere ai!

Ingredientes:
400 gramas de cogumelos brancos frescos (Champignon)
2 tomates
1 cebola
Queijo ralado de sua preferência (Ementaler, Feta, Ricota, etc)
2 dentes de alho
Azeitonas sem caroço
Manjericão a gosto

Preparo:
Com uma faquinha de ponta, retire os caules dos cogumelos já limpos e reserve. Pique a cebola, o alho, refogue e acrescente o molho de tomate pronto e o manjericão. Pique os caules dos cogumelos e acrescente no molho. Acrescente sal, pimenta e outros temperos de sua preferência. Coloque o molho em um refratário para servir de ‘cama’ para os cogumelos. Organize os cogumelos crus sobre o molho, com a ‘boca’ virada pra cima, um ao lado do outro. Pique os tomates frescos bem miúdos, as azeitonas e recheie os tomates. Salpique o queijo de sua preferência e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus por cerca de 10 minutos. Sirva com arroz branco.

sábado, 23 de outubro de 2010

Cookies rápidos e saborosos


Sabe quando você quer fazer ‘um agradinho’ pra alguém!? Pois ontem queria alguma coisa rápida, fácil e do tipo que deixa gente grande com carinha de criança. Pensei em cookies e fui buscar alguma receita americana. Encontrei diversas, claro, mas acabei optando por uma bem tradicional. Como sempre, usei a receita como inspiração, mas acabei fazendo uma série de adaptações aos ingredientes que tinha em casa. Posto aqui a versão que saiu cheirosa do forno aqui de casa.

Ingredientes
1 xícara de açúcar
½ xícara de melado de cana (Vende no Rewe, se chama Goldensaft e fica ao lado do mel)
100 gramas de manteiga
2 ovos
3 saquinhos de açúcar de baunilha
1 pitada de sal
3 xícaras de trigo (Tipo 405, na Alemanha)
1 colher de chá de fermento pra bolo (aqui uso ½ pacotinho de Back Pulver)
100 gramas de macadâmia em pó (opcional)
100 gramas de raspas de chocolate ao leite (uso as barrinhas da marca Ja e raspo com a faca mesmo)
100 gramas de raspas de chocolate meio amargo
1 colher de chá de nós moscada moída (opcional)
2 colheres de chá de canela em pó (opcional)

Preparo:

Pré-aqueça o forno a 180 graus. Derreta a manteiga (pode ser no microondas), acrescente todos os ingredientes e misture bem. Caso não use a macadâmia, acrescente um pouco mais de farinha para dar o ponto. Pronto! Mais fácil impossível. A massa fica meio molenga e precisa ser trabalhada com uma colher. Forre as formas com Backpapier (ou unte para não colar) e coloque a massa em pequenos montinhos bem separados um do outro (2 a 3 cm entre eles). Leve ao forno já aquecido por cerca de 10 minutos ou até os cookies adquirem uma cor dourada escura. Não coloque um sobre o outro antes de estarem frios, ou podem grudar. A receita rende cerca de 35 cookies médios.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Combinação teuto-brasileira: escondidinho de Kassler


Escondidinho, no Brasil, se faz com mandioca ou batata. Aqui na batatolândia, não há muita discussão sobre o ingrediente. Claro que é possível comprar mandioca: as lojas asiáticas vendem congelada e, em algumas épocas do ano, encontram-se mesmo as raízes com cascas. Bom, mas para o escondidinho, purê de batata é uma opção tão boa quanto e, por aqui, muito mais prática. Esta receitinha de hoje foi uma mistura cultural: o jeitinho brasileiro de preparar, mas com ingredientes 100% alemães.

No lugar da carne seca (essa não se acha aqui MESMO), resolvi usar Kassler (porco defumado, parecido com o ‘tender’ que vende no Brasil). Aliás, Kassler substitui o a carne seca em várias receitas. Na feijoada também fica delicioso, com a vantagem de não precisar dessalgar. Então, segue ai a receita teuto-brasileira que leva 20 minutinhos pra ficar pronta e agrada paladares brasileiros e alemães! Os ingredientes servem 4 pessoas (ou 3 famintos! Eheheh)

Ingredientes:

- 1 saquinho de pó instantâneo para purê de batata
- 350 gramas de Kassler
- Queijo ralado (opcional)
- 1 cebola
- 3 dentes de alho
- Pimenta preta e temperos de sua preferência

Preparo:

Pique a cebola, o alho e refogue. Corte o Kasseler em pedacinhos bem pequenos e refogue com a cebola e alho. Acrescente os temperos da sua preferência. Não coloque sal, já que o Kassler é salgado. Deixe secar a água que a própria carne produz e coloque o refogado em uma assadeira. Faça o purê de batatas conforme a receita do fabricante e cubra com ele o refogado. Polvilhe queijo na superfície, manjericão (se gostar) e leve ao forno para gratinar o queijo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Estrogonofe de carne moída

Aqui na Alemanha existe carne moída de tudo o q é bicho. Tudo não, ok, mas a variedade no mercado é grande: vaca, porco, misturada e mesmo de aves. Nesta última categoria, a mais comum é de peru: leve e gostosa. Além disso, é uma opção barata e existem mil formas de preparar. Esta semana preparei um estrogonofe de carne moída: delícia! Achei uma receitinha na internet e adaptei um pouco. A foto é da receita original. A minha ficou mais ou menos assim:

Ingredientes:

400 gramas de carne moída de peru (Puten) – mas pode ser qualquer uma
100 gramas de bacon picado bem miudinho
1 cebola cortada em cubinhos bem pequenos
2 dentes de alho amassados ou picadinhos
1 latinha de champignon (pode fazer com cogumelo fresco ou mesmo sem)
1 caixinha de creme de leite (na Alemanha, Schlagesahne ou Schmand)
1 colher de maisena,trigo ou engrossador de molho (Sohsenbinden Hell)
Sal, pimenta preta ou branca a gosto.

Preparo:

Refogue o bacon, a cebola e o alho até dourar. Acrescente a carne moída e cuide para que não fique em ‘bolotas’. Tempere com sal, pimenta ou outros ingredientes de sua preferência. Deixe refogando até ficar bem passada. Acrescente algumas colheres de água, se necessário, pra não grudar na panela. Quando a carne estiver passada, acrescente o champignon e o creme de leite. Caso o molho fique aguado, engrosse com a maisena ou trigo. Sirva em seguida com arroz branco. Eu gosto de usar arroz basmati, que é mais perfumado. Se estiver no Brasil, aproveite e coma com batata palha por mim :)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Geléia de amor(as)


Na Alemanha não existem mexericas. Quando muito, aparecem no mercado umas frutinhas parecidas, com o curioso nome de Clementinen. Sem mexericas, faz anos que não preparo a geléia que aprendi com a minha Oma. Mas isso não me deixou longe dos potes cheios de doces. No meu quintal, quando o verão mostra a sua cara, as frutas vermelhas aparecem em profusão: groselhas, amoras pretas, enormes, azedas e doces ao mesmo tempo. E por aqui, a tarefa é ainda mais fácil: açúcar não é simplesmente açúcar. São muitos, diferentes e, pra cada geléia que se queira ou pense, há um especial... Não só o açúcar ajuda. O contexto faz as coisas serem diferentes. Muitas coisas.

Desde que cheguei aqui, não só voltei a comer sushi, mas aprendi a fazer. E o meu, é um dos melhores que já provei! Também aprendi a fazer porco com batata de tantos jeitos que nem minha Oma poderia imaginar. Aprendi a fazer pasta, caseira, como a minha nona fazia. De certa forma, mudar para a Alemanha foi um reencontro com as minhas origens. De um lado, a língua quase impenetrável e cheia de consoantes que resolveu se desnudar e mostrar, devagarzinho, sua cara. Do outro, a papelada e o direito de ficar aqui para sempre, se eu assim entender. Agora, sou italiana pela lei, alemã pelo coração. Somando tudo, finalmente, encontrei a inquietação de não saber mais o que significa estar em casa.

Quando sai do Brasil, deixei uma vida inteira para trás e transformei casa, família, amigos e lembranças em duas malas. Foi preciso desapego ao extremo para deixar badulaques e pares de sapato. Mas a melhor parte foi poder escolher o que trazer entre coisas boas e dias felizes. Não havia muito espaço na mala. Então, deixei pra trás tudo o que era pesado e ruim: mágoas, desavenças, inimigos, desamores.

Trouxe só o que havia de melhor em mim. Encontrei aqui uma vida novinha em folha e a chance de reinventar minha própria história. Quem é que tem essa chance na vida? Poder começar do zero sem, ao mesmo tempo, ter que recomeçar? Escolher que parte do passado interessa, quem vale a pena ser lembrado, que histórias contar ou esquecer? Essa nova vida começou sem sapatos de salto, sem perturbações e com um amor infinito. A paz, a calmaria, a confiança e a certeza de que no mundo, não pode haver sentimento mais completo...

Hoje sou muito melhor do que eu era. Mais alegre, mais madura, mais amada, mais feliz. Meus olhos já não são os mesmos e agora, sei que neles cabe um mundo inteiro a ser visto: do azul sem fim de Portugal ao gelo cinzento das praias dinamarquesas em pleno inverno. E a neve branquinha que cai todos os anos do lado de fora da minha janela. Nos meus olhos cabe ainda muito mais e acho que nem de perto vi um fiapo de tudo o que ainda quero ver. O mundo é muito grande para se pertencer a um único lugar... mas é perfeito quando se encontra a pessoa certa para descobri-lo.

De qualquer forma, ver um pouco do mundo é algo que todo mundo tem que fazer pra se sentir vivo. Se sentir perdido quando ninguém entende qualquer língua que se possa falar é a melhor forma de encontrar a si mesmo. E mais que isso, as cidades, os lugares e mesmo as pessoas: tudo tem cheiro, gosto, cor, luminosidade. Nenhum livro, foto ou filme podem capturar essa essência. Pra ver o mundo é preciso sair de casa, sair da rotina...

No fim das contas, claro, nem tudo é perfeito. Quanto mais eu vejo, menos sei de onde sou. Só sei a quem pertenço e sei que nunca quero parar de conhecer, ver e sentir. Hoje, não sei pra onde a vida vai me levar. O mestrado está no fim... vem então o doutorado, o pós doc, filhos. Não necessariamente nessa ordem. Estou abrindo muitas janelas e diferentes perspectivas. São novas cidades, países e propostas, mas vou deixar que o acaso resolva essas questões.

As pessoas que eu amo estão em diferentes cantos do planeta e eu nunca vou ter todas elas no mesmo lugar. É como não poder ter as cerejas da Turquia, as azeitonas da Catalunha, as mangas do Brasil, as lichias de Madagascar, os chocolates da Bélgica e os queijos daquela cidadezinha no pé dos Alpes suíços ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Cada um deles faz parte de um cenário e por mais que eu ame cada coisa, nunca vou ter tudo. Saber disso e ser feliz assim, faz de mim uma pessoa melhor e sem medos. Eu sei que pra onde quer que eu vá, vou encontrar algo que vai me fazer sentir saudades depois. E no fundo, estar em casa, agora, é simplesmente estar em paz, não importa o endereço...
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