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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Diferenças culturais: O mito do cachorro-quente alemão

Na Alemanha: salsicha sempre, mas cachorro-quente não é tão popular

Há uma empresa de Blumenau chamada Hemmer – que por sinal faz produtos que eu adoro! – vende uma lata que diz no rótulo: Cachorro-quente Alemão. Trata-se de um molho de chucrute e tomate com salsichas, servido em abundância na Oktoberfest brasileira e não só nela. No Vale do Itajaí, onde a colonização alemã dos idos 1850 deixou marcas até hoje, cachorro-quente é assim. E na falta de chucrute, é feito com repolho mesmo, quase sempre servido com pão francês. Mas como eu nasci por lá, até minhas primeiras aventuras mundo a fora, eu tinha a plena certeza de que cachorro-quente era com repolho.

Na lata: a empresa chama de alemão, mas não é

Com o passar do tempo, conheci o buffet de cachorro-quente, modinha na época da universidade, depois a versão com tomate e cebola crua de Florianópolis, cachorro-quente prensado do Rio Grande do Sul, com purê de batata em São Paulo e por ai vai.  Mas foi quando cheguei na Alemanha que veio a surpresa maior: cachorro-quente alemão é, na verdade, absolutamente blumenauense.

Por aqui se come muito pão com salsicha, especialmente Bratwurst. Trata-se de um pão minúsculo com uma salsicha enorme: o pão serve basicamente como um suporte para a salsicha. Come-se com mostarda amarela e é isso. Até existem versões com a salsicha Wiener, que teoricamente é a mesma usada no Brasil, mas com uma diferença gritante de sabor e qualidade. A versão alemã é mais “crocante”, por assim dizer.

Outra versão popular na Alemanha é a receita do cachorro-quente dinamarquês, vendido na rede sueca Ikea. E viva o mix cultural! O pão é adocicado (o tal do pão de cachorro-quente igual ao do Brasil), servido com uma salsicha Wiener. Em um buffet – isso varia conforme o país – está disponível pepino fatiado em rodelas em uma conserva de vinagre adocicada e cebola frita, quase a “batata palha” daqui... É só montar com catchup, maionese e mostarda amarela e ser um perito em equilibrismo para comer sem deixar tudo cair.

Na Áustria há um Hot Dog bem peculiar. Uma máquina com um cilindro metálico fura o pão em sentido longitudinal e no buraco vai a salsicha. Não é a coisa mais simples de explicar em um blog familiar como esse, mas é bom. A salsicha é tipo Knacker – e não Wiener, como se podia esperar em Viena! Oh ironia! –, mas com queijo. Logo, uma Käsewurst. Vale colocar mostarda e maionese pra completar.  

Austríaco: a salsicha vai no buraco feito no pão

Mas antes que o Sul do Brasil comece a dizer que é mais alemão do que a própria Alemanha, sou obrigada a acabar com a festa. Não foi só em Blumenau que comi cachorro-quente com chucrute nesta vida. Achei a iguaria na cidade norte-americana de Buffalo, estado de Nova Iorque. É mole? A única diferença da versão blumenauense é que o chucrute vem sem o molho de tomate. Não faço a menor ideia de como os americanos acabaram se apaixonando por essa mistura tão diferente, mas está lá em qualquer barraquinha de rua.
Versão EUA: sem molho de tomate, mas com muito chucrute

E pra quem ficou curioso com essa receita tão peculiar, é simples. Basta refogar o chucrute (ou na falta dele, repolho cortado em tiras bem finas) até que fique bem cozido. Vale adicionar cebola e alho, mas eu prefiro sem. Então, coloque molho de tomate de caixinha, um pouco de pimenta preta, acerte o sal e cozinhe a salsicha no caldo. Rapidinho e caprichado. Apesar de parecer, não é uma receita alemã, mas não deixa de ser uma delícia!

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