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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Porque escrever um blog e qual a vantagem nisso


Eu comecei a escrever este blog logo que passei no mestrado em Bremen, em 2008. Começou porque muitos amigos perguntavam como eu fiz pra conseguir a vaga na Alemanha e como poderiam fazer. Depois de explicar tintim por tintim tudo isso, o blog ganhou contornos mais pessoais, um espaço para falar da Alemanha, de cultura e do meu dia-a-dia. E na soma geral, as experiências foram muito positivas.

Claro que acontecem coisas bizarras às vezes: já recebi e-mails com vários documentos anexados da pessoa me dizendo qual que era a vaga de mestrado que ela queria que eu conseguisse pra ela. Também recebi muitas cartas de motivação e recomendação pra corrigir, em português e inglês, e muitas ainda deixando claro que tinham pressa, já que o prazo do deadline era apertado. Tem também quem simplifique: escreva pedindo as minhas cartas, porque, como eu passei, se eles só adaptarem o conteúdo, vão passar também. Eu cheguei a responder algumas dessas pessoas em um tom não muito amistoso, mas desisti de perder meu tempo. Assim como também não respondo quem sequer leu o conteúdo e quer, simplesmente, um passo-a-passo personalizado...

Mas na verdade não é um post de reclamação! To escrevendo isso pra contar duas coisas bacanas que aconteceram na última semana. Uma delas foi conhecer pessoalmente mais duas das blogueiras poderosas aqui da batatolândia: a Eve – que mora aqui em Berlin e com quem eu estava há semanas tentando marcar um café – e a Bruna, de Hamburgo, que é ainda mais divertida pessoalmente (e olha que o blog dela sempre me faz rir!). É sempre muito legal a sensação de “velhas conhecidas” nos primeiros encontros, porque de certa forma, uma acompanha a vida da outra pelos posts... (Tanto a Bruna como a Eve escreveram sobre o nosso encontro!! Q fofas!!!   :)  )Nesse caso, sou uma pessoa de sorte!

Foto roubada pra provar: A Eve (pra quem eu devo um café decente!!!), eu - de luvas de borracha (Rá!, como diria a Bruna), a própria Bruna (de quem eu roubei a foto!)

Já tinha conhecido a Mel, também de Hamburgo, por conta do blog e tantos outros amigos que estavam indo pra Bremen e viraram companheiros de todas as horas: a Mirna, o Pedro e a Luiza, só pra citar alguns que também são blogueiros e não correr o risco de deixar ninguém fora da lista.  :)

Mas os encontros também podem ser inusitados! No dia de Natal estava eu trabalhando no mercado e vários brasileiros apareceram para visitar a nossa tenda! Então, dois casais ficam mais tempo de papo: supersimpáticos, um deles mora na Itália e o outro no Sul da Alemanha. Os quatro brasileiros já moraram em Joinville... Na mesma rua onde eu também morava!!! Mundo pequeno! Não... mundo menor ainda! Eis que no meio da conversa, eu comento que coloquei as receitas das bebidasquentes no meu blog e falo o nome para eles. Não é que a Bruna, a menina que mora no Sul da Alemanha, conhecia o este cantinho e tinha lido vários posts de dicas pra quem ta vindo morar aqui? Foi uma daquelas coincidências sem tamanho...  Tiramos até foto: então, se encontrarem esse post, me mandem a foto pra eu incluir por aqui ta!!! :)

São histórias assim que fazem valer a pena escrever aqui, mesmo sem ter a menor ideia de quem vai ler isso tudo... se é que alguém vai ler!  :)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Historinha de Natal: a criança esperta!


Eu já contei aqui que estou trabalhando em um mercado de Natal este mês. E quando se trabalha com gente, muita coisa acontece... Mas ontem foi um dia engraçado e não resisti em postar a historinha.
Bem, estava eu vendendo canecas e canecas de Glühwein quando chega um menininho com a mãe e pede, ele mesmo, um chocolate quente, com chantilly, claro! Achei o menino fofinho e servi o chantilly no capricho e ele se empolgou em comer o creme com uma colherinha.

Então o menino me chama e fala, com aquela cara que você quer morder de tão fofo: Tia, a senhora pode colocar mais chantilly pra mim? Alguém resiste? Fui lá e coloquei o creme mais uma vez... e ele seguiu na comilança.

Continuei atendendo os clientes e, de repente, olho para o lado e lá tá o menino com o copo cheioooo de chantilly de novo... E de novo... E de novo! Então eu começo a perguntar para os meus colegas...

O menininho chamou um por um e pediu mais chantilly com aquela cara de fofo. Muitooooo esperto. Fui lá conferir e perguntei pra ele: Quantos anos você tem? Ele responde todo maroto:  Eu tenho três anos...

E com três anos passou a conversa em todo mundo da barraca de Glühwein!


Fiz o quadrinho acima pra contar a história lá no 9GAG também. O link é este aqui!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pinheirinho, que alegria! La, la, la, la, la, la, la, la, laaaaa!


Pinheirinhão: No Natal alemão a árvore tem destaque, como no mercado da Gendarmenmarkt 

Se tem um costume que os alemães não abrem mão é da árvore de Natal. Final de outubro e já ficam todos ouriçados em busca da melhor opção e eu chutaria que 99,5% deles só leva pra dentro de casa pinheirinhos naturais. No primeiro ano que passei aqui não me dei conta disso até janeiro chegar e as ruas ficarem tomadas de uma quantidade absurdamente gigante de pinheirinhos usados, meio mortos, pelas calçadas. Fiquei chocada e questionando esse papo todo de sustentabilidade que tanto falam por aqui.

Com o tempo – e o alemão melhorando com isso – li matérias sobre as plantações de pinheirinhos de Natal: fazendas inteiras especializadas no produto e com isso decidi que tal costume não era nenhuma barbárie. A TV também mostra sempre as árvores gigantes – de muitos metros – sendo “plantadas” nas praças para os mercados de Natal. Comecei a achar tudo fofo e a observar a correria dos senhores de cabelinhos brancos e olhos muito azuis em busca da árvore perfeita. Você vê a cena por todos os lugares: no ônibus, no metro. E as lojinhas de vender pinheirinhos se multiplicam. As praças ganham cercadinhos e uma tenda e lá estão eles às centenas: basta escolher o tamanho e o tipo favorito. Pelos tons de verde e pelo formato, dá pra perceber que são diferentes tipos, mas não parei pra pesquisar o assunto.

O meu pinheirinho: este ano a festa de Natal é aqui em Berlin

Em casa, nunca tinha feito um pinheirinho, por assim dizer. Todos os anos eu improvisava alguma coisa com luzes e bolinhas, mas como passamos as últimas festas de Natal em Portugal, onde mora a minha irmã, dispensei a decoração. Este ano vai ser diferente: seremos os anfitriões da festa de Natal (ai que chique!) e por isso queria deixar nossa casinha com cara de casa de família e sai à procura de uma árvore. Brasileira que sou, criada em Natais de 40 graus lá nas ruas de Blumenau, não pensei duas vezes antes de comprar uma árvore artificial e foi tudo pela internet: comprei árvore, pisca-pisca (que não pisca, mas é bonitinho mesmo assim!), bolinhas, fitas e afins tudo pelo e-bay. E viva o Natal sem filas.

Montamos o tal do pinheirinho no dia que chegou – e descobrimos que 1,5 metros de árvore ocupa muito mais espaço do que prevíamos – mas não tive tempo de decorar na hora. Só colocamos as luzinhas. Eis que o marido recebe um amigo nesse meio tempo (um alemão, claro!) que olha abismado para a coisa verde com 30 pontinhos de luz e, sem pudores, deixa claro o que está tudo fora do “Ordnung”. A primeira pergunta foi por que a árvore não era natural, seguida de um comentário de que ela não podia ficar assim, só com as luzinhas. Das geht nicht! Ai o marido explicou que a coisa toda ia ser enfeitada e tal... Mas o engraçado de tudo foi o choque e a necessidade de explicar que o Natal não podia ser daquele jeito! Eu ri.

No entanto, Natal sempre foi assunto sério na minha casa. Minha mãe foi professora de artes por quase 30 anos e hoje em dia, já aposentada, trabalha justamente com decoração: ela faz carros alegóricos para a Oktoberfest de Blumenau, faz cenários de teatro e, claro, tem dedinho dela nas decorações lindas que estão chamando a atenção para o Natal da cidade. Que orgulho! Então não podia fazer feio e decidi que não ia apenas pendurar bolinhas, para o ceticismo mais puro do marido (que nem queria a árvore pela casa!). Fiz um monte de “arranjinhos”, cheios de laços e detalhes... e a árvore ficou uma fofura! Achei tão bonitinha que resolvi colocar as fotos por aqui também. E a melhor parte foi ver que o marido entrou no clima também e agora, quando chego do trabalho, está a arvore com as luzinhas acesas me dando boas vindas!








 Ps1.: Esse post foi inspirado pela Joaninha Bacana, que falou sobre o pinheirinho dela noBlog bacanudo que ela tem (recomendo!!!) e me deixou com vontade de mostrar o meu também!!!  Feliz Natal pra ela e pra todo mundo que passa por aqui!!!


 Ps2.:Ah, e pra quem ficou achando o título do post meio esquisito, trata-se de uma musiquinha de Natal...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Receita de Natal: Amêndoas carameladas têm o sabor dos Weihnachtsmark da Alemanha


Os posts mais recentes aqui do blog têm sido bem natalinos. Falei sobre os mercados de Natal, as bebidas quentes e até mesmo do Vanillekipferl, meu biscoito favorito dessa época. Mas ficou faltando ainda escrever sobre uma das coisas mais marcantes dessa época de festas aqui na Alemanha: as amêndoas caramelizadas. O cheiro é maravilhoso e você sente por toda a cidade: tem sempre uma barraquinha vendendo as mais diversas qualidades e fica difícil resistir. A variedade é grande: amêndoas, nozes, macadâmias, amendoins, as brasileiríssimas castanhas-do-Pará e até mesmo sementes de abóbora. Bom, essas últimas ai o marido provou e não gostou muito não, então resolvi deixar passar.

No primeiro Natal que passei aqui achei bem curioso encontrar os tais amendoins confeitados, já que na minha casa – e na maioria das casas do Sul do Brasil – é costume preparar essa iguaria para a Páscoa e com ela rechear casquinhas de ovos. Bom, tudo diferente por aqui: na Páscoa, os ovos são apenas ovos cozidos (contei tudo aqui nesse post) e os amendoins doces são coisas do Natal.

Todos os anos eu compro as amêndoas no mercado e este ano decidi tentar fazer em casa. A parte mais legal é que ficaram iguaizinhas e é muito fácil e rápido. Assim, mesmo quem está longe dos Mercados de Natal alemães pode provar essa iguaria. A receita é a mesma para qualquer um dos frutos. No Brasil, eu certamente tentaria fazer com nozes pecã, que são uma delícia, além, claro, das castanhas-do-Pará.


Amêndoas caramelizadas

Ingredientes

200 gramas de amêndoas (ou amendoim, nozes, castanhas, etc)
200 gramas de açúcar
10 gramas de açúcar de baunilha (um pacotinho ou uma colher de sopa rasa)
1 colher de sopa rasa de canela em pó 125 ml de água

Preparo

Coloque a água em uma frigideira de laterais altas e acrescente o açúcar, a baunilha e a canela. Misture bem e espere ferver.


Quando estiver fervendo bem, junte as amêndoas.


Mexa com cuidado para que fique dourando por igual. A calda logo vai começar a açucarar.


Nesse ponto, mexa devagar, para manter o açúcar colado às amêndoas.


Uma vez açucaradas, retire do fogo por alguns minutos.


Retorne ao fogo mexendo sempre e observe que o açúcar vai derreter novamente.


 Mexa sem parar para que todas as amêndoas adquiram um caramelo brilhante de forma homogênea.


Quando todas estiverem caramelizadas, despeje sobre papel manteiga (Backpapier) e separe uma das outras o máximo que puder.


É só esperar esfriar e se deliciar! Guarde em pote bem fechado para evitar que, com a umidade, o açúcar derreta e deixe as amêndoas grudadas. Se ficou com alguma dúvida ainda quanto ao passo-a-passo, tem um vídeo em alemão aqui que mostra em detalhes todo o processo. Não tem como errar!!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vanillekipferl: uma receita simples de biscoito com sabor da Alemanha


Natal na Alemanha é cheio de tradições: os mercados, as bebidas quentes, mas também os docinhos. É época de ir pra cozinha e perfumar a casa com aquele cheirinho de biscoitos saídos do forno. São vários esta lista: os amanteigados, decorados com glacê, os Spekulatius e os meus favoritos, Vanillekipferl, em forma de lua crescente. Então, esse é um post vapt-vupt pra falar sobre eles, já que preparei uma receita ontem e deixei gente com água na boca. São tão simples de preparar que nem parece verdade. Confere ai a receita:

Vanillekipferl

Ingredientes:

200 gramas de manteiga ou margarina gelada
100 gramas de amêndoas moídas (pode ser feito com castanha-do-Pará, de caju ou mesmo amendoim)
350 gramas de trigo
70 gramas de açúcar de confeiteiro
5 pacotinhos de açúcar de baunilha (corresponde a 5 col de sopa rasas)
1 pitada de sal (se usar manteiga ou margarina sem sal)
1 ovo
1 colherinha de café rasa de canela em pó
Açúcar de confeiteiro pra decorar

Preparo:

Junte todos os ingredientes em uma bacia e mexa com a mão até formar uma massa uniforme e descolar dos dedos. Leve a geladeira coberta com plástico para não ressecar por pelo menos 1 hora. A receita não leva nenhum tipo de fermento ou bicarbonato. Retire, modele as luas crescentes, disponha em uma forma com papel manteiga, separadas por 1 a 2 centímetros entre elas e asse em forno pré-aquecido a 200 graus até que as pontas das luas fiquem bem douradas. Passe os biscoitos assados pelo açúcar de confeiteiro e saboreie essa delícia alemã!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Receita de Natal: Feuerzangenbowle é o vinho quente mais sofisticado que esquenta o Weihnachtsmarkt alemão


Feuerzangenbowle nada mais é do que uma versão mais condimentada do Glüwein, acrescida de rum. O mais delicioso dessa bebida é o espetáculo. Para fazê-la, coloca-se um torrão de açúcar em um suporte, molha-se de rum com alto teor alcólico e ateia-se fogo. O fogo derrete o açúcar e as linguas flamejantes caem no vinho e se misturam a bebida já condimentada.

Nos mercados de Natal da Alemanha, a receita é feita em grande quantidade. Mas da pra comprar uma caneca com o suporte para porções individuais. Na falta dela, improvise com um garfo. É só equilibrar o garfo na borda da caneca, colocar um cubo de açúcar sobre ele e incendiar com a ajuda do conhaque. Fica delicioso!

Feuerzangenbowle:

Ingredientes:

1 litro de vinho tinto seco
50 ml de rum (acima de 50% de álcool – Na Alemanha usa-se tradicionalmente um rum – austríaco ehehhe - com 80% de álcool chamado Stroh)
2 paus de canela de 10 centímetros
3 cravos da índia
2 rodelas de limão
2 rodelas de laranja
1/4 de maçã com casca
3 unidades de anis estrelado
1 punhado de amêndoas em lascas
1/4 de folha de louro pequena
torre de açúcar ou 10 cubinhos de açúcar

Preparo:

Coloque o vinho em uma panela. Junte todos os temperos – menos o açúcar e o rum - em uma trouxa de gaze ou pano fininho para que não se dispersem no vinho. Coloque a trouxa de temperos no vinho e leve ao fogo até ficar bem quente (não pode ferver!). Desligue o fogo e deixe descansar por cerca de uma hora para pegar bem o sabor. Aqueça novamente e, quando estiver bem aquecido, coloque o açúcar sobre uma superfície metálica com orifícios (vale até um escorredor de macarrão, na falta de algo próprio!) e despeje o rum sobre o açúcar, até que fique bem encharcado. Cuidadosamente, coloque fogo no açúcar umedecido de rum e espere que derreta antes de servir.

Não deixe de ver também as receitas do Glüwein e do Eierpunch.





Receita de Natal: Eierpunch, o ponche de ovo tradicional do Weihnachtsmarkt alemão


O Glühwein não está sozinho nas barraquinhas do mercado de Natal. Apesar de ser hors concours na preferência dos alemães, tem dois companheiros que disputam o segundo lugar de igual para igual: o Eierpunsch (famoso entre os ingleses como Eggnog, ou ponche de ovo, para simplificar) e o Feuerzangenbowle, uma variante do Glühwein feita com línguas de fogo, como expressa a tradução do nome.
O Ponche de ovo pode não ter um nome atrativo, mas generalizando, eu diria que é como beber pudim de leite alcóolico. É bem doce, mas saboroso. Para fazer esse ponche em casa é preciso ter o licor de ovo pronto, o Advocaat, mas não é difícil encontrar nos mercados brasileiros.

Ah, vale dizer ainda que as crianças também tem sua bebida quente nos mercados natalinos. Uma mistura de sucos de frutas vermelhas com um pouco de chá preto, condimentado da mesma forma que o Glühwein. O Kinderpunsch tem um sabor próximo ao do vinho temperado mas sem álcool, claro. Já vai acostumando os pequenos desde cedo a acompanharem a família em um brinde aquecido nos mercados de Natal.

Então, hora da receita. Claro que fica difícil pensar em qualquer uma dessas bebidas no Brasil nessa época do ano. Mas vale deixar o post nos favoritos e esperar o friozinho. Quem sabe no próximo ano a festa junina não ganhe um sabor mais alemão?

Eierpunsch:

Ingredientes:

1 garrafa de licor de ovo Advocaat (600 ml)
350 ml de leite
350 ml de vinho branco seco
1 colher de açúcar de baunilha
1 colher de raspas de limão
1 colher de raspas de laranja

Preparo:

Misture todos os ingrediente em uma panela e leve ao fogo mexendo sempre até ficar bem aquecido (não pode ferver). Sirva com creme de chantilly no topo.

Receita de Natal: Um brinde ao Weihnachtsmarkt com Glühwein, o vinho quente alemão



O Natal aqui na Alemanha tem um cheiro característico. Um não, dois: de amêndoas caramelizadas (que vou escrever em breve) e o de vinho quente, o famoso Glühwein. As cidades todas ficam com esse aroma no ar, misturado ao vento gelado e cortante dessa época do ano. Trata-se da bebida mais vendida nos tradicionais mercados de Natal. Lembra bastante o quentão brasileiro, servido nas festas juninas do Sul do país, mas um pouco mais temperado. O Glühwein seria uma versão mais moderna de uma bebida chamada Conditum Paradoxum, uma espécie de vinho temperado que se bebia frio durante a idade média.

As bebidas quentes são o que garantem um passeio divertido pelos mercados de Natal, especialmente quando a neve tomou conta dos pátios e os termômetros insistem em ficar vários graus abaixo de zero. A desculpa pra beber é sempre a mesma: só pra esquentar! E esquenta mesmo... as mãos e a alma. A coisa é tão popular que é impossível não associar Natal alemão ao vinho quente.


O Glühwein é servido em canecas decoradas – cada mercado ou cada barraca tem o seu modelo – e na hora da compra paga-se por dois produtos diferentes: o valor do vinho quente (que este ano, em Berlin varia de 2 a 4 euros) e um depósito pela caneca, Pfand (2 a 5 euros). Quando terminar de beber, é só devolver a caneca e pegar seu dinheiro de volta. Ou levar a caneca de lembrança pra casa.

Também é possível encontrar garrafas de Glühwein já prontinho no mercado, mas fazer em casa, com todos os temperos é mais saboroso. Sachês com o tempero do vinho quente também são fáceis de achar: vem com um pó pra ser misturado a uma garrafa de vinho. Mas melhor do que comprar engarrafado, o melhor mesmo é fazer em casa! Se quiser, confira ainda a receita de outras duas bebidas quentres tradicionais dessa época: o Eierpunch e o Feuerzangenbowle.

Glühwein:

Ingredientes:

1 garrafa de vinho tinto (ou branco!) seco
2 paus de canela de 10 centímetros
3 cravos da índia
2 colheres de açúcar
1/2 limão (suco)
1/4 limão (casca em pedaços!)
1/2 laranja (suco)
1/4 laranja (casca em pedaços!)

Preparo:

Coloque o vinho em uma panela e adicione o suco de limão, de laranja e o açúcar. Junte todos os temperos em uma trouxa de gaze ou pano fininho para que não se dispersem no vinho. Coloque a trouxa de temperos no vinho e leve ao fogo até ficar bem quente (não pode ferver!). Desligue o fogo e deixe descansar por cerca de uma hora para pegar bem o sabor. Aqueça novamente na hora de servir. Pode ser servido com 20 ml de rum ou 30 ml de Amaretto (licor de amêndoas) em cada caneca de 200 ml.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Receita de Natal: tradicional nos mercados da Alemanha, a Flammkuchen pode ser feita em casa


Como eu contei aqui, aprendi a fazer várias receitas de frio trabalhando em um mercado de Natal. Uma delas foi a tal da Flammkuchen, típica da Alsácia, e quem quiser sentir o gostinho do Natal em casa, pode experimentar. No mercado, eram quatro opções: Clássica (bacon em cubinhos, cebola e queijo ralado), Mediterrânea (azeitonas pretas e verdes em rodelas, jalapeños e scharfkäse triturado), italiana (tomate, mozzarella e manjericão) e espanhola (tomate, presunto serrano e jalapeños, servida com rúcula e queijo parmesão ralado). Em alguns dias da semana sai ainda uma especial de atum (atum, cebola, mozzarela, azeitonas verdes e pretas). Mas para começar, sugiro a mais tradicional:


Flammkuchen clássica

Ingredientes:

- 6 a 8 Tortilhas (daquelas mexicanas mesmo!) com 25 centímetros
- 1 colher de Schmand
- 1 copo de Crème Fraîche
Ervas de Provence, nós moscada moída, pimenta preta, páprica doce, alho em pó e sal

Para a cobertura:
- Bacon (ou presunto defumado, salsicha, enfim, o que preferir), cebola, queijo ralado para pizza

Preparo:

Pré-aqueça o forno em 200 graus. Se tiver uma pedra de pizza, melhor ainda: aqueça bem a pedra antes. Misture o Schmand com o Crème Fraîche e todos os temperos. Passe uma fina camada por toda a superfície da tortilha (como se estivesse passando manteiga no pão). Coloque a cobertura como em uma pizza. Leve ao forno até as bordas ficarem bem douradas. Corte em quadradinhos para servir.

Importante: A massa deve ser toda coberta pelo creme. As partes que não forem cobertas vão queimar como essa redonda da foto que eu fiz em casa. Outra dica é: se não tiver uma pedra,coloque a Flammkuchen apenas em um papel de assar (Backpapier), sem forma. Com isso ela vai ficar mais crocante e faz toda a diferença!

A  foto abaixo é da Flammkuchen que vende lá na barraquinha do Weihnachtsmarkt. Fiz com o celular e não ficou muito boa. Lá em cima é da receita feita em casa.


Weihnachtsmarkt: a Alemanha se rende aos mercados de Natal


Não fosse a falta que a família faz, eu responderia sem titubear que o Natal na Alemanha é o melhor do mundo. É lindo e as celebrações já começam em novembro com a montagem dos tradicionais mercados de Natal: Weihnachtsmarkt, também chamado de Christkindlmarkt (algo como mercado do Menino Jesus). A tradição se espalha de Norte a Sul (e em outros países da Europa também) e cria um clima especial em todas as cidades.


São barraquinhas decoradas, luzes, o cheiro de amêndoas doces e vinho quente pelo ar. A atmosfera é quase mágica: um convite a enfrentar o frio e passear pelas ruas. Em Bremen, onde morei por três anos, acontecem paralelamente dois mercados de Natal: um bem no centro da cidade, tradicional, e outro na beira do rio Weser, que recria os costumes, comidas e vestimentas da Idade Média.


Agora, em Berlin, a coisa é mais complicada. Comecei a ver barraquinhas pipocando em vários pontos da cidade e me espantei com a informação: são aproximadamente 60 mercados de Natal espalhados pelos 16 distritos da capital Alemã. No bairro onde eu moro, que se chama Charlottenburg-Willmersdorf, são doze mercados. Um dos mais recomendados é bem pertinho da minha casa: o Weihnachtsmarkt Schloss Charlottenburg, que fica montado na frente do castelo que pertenceu a Casa dos Hohenzollern, antigos imperadores da Prússia. Além das tradicionais barraquinhas, o castelo é iluminado durante toda a noite com holofotes coloridos e projeções: é só pegar uma caneca de Glühwein bem quentinho e ficar apreciando.

Aliás, por falar em Glühwein, este ano estou acompanhando o mercado de Natal por um outro ângulo. Estou trabalhando algumas horas por semana em uma barraquinha deste mercado, que vende além de bebidas quentes, alguns pratos típicos dessas feirinhas: Flammkuchen (uma receita típica da região em que a Alemanha faz fronteira com a França e Suiça e que você pode fazer em casa!) e Gulasch, a tradicional carne ensopada que os alemães tanto amam, mas feita com cervos e servida com Spätzle (hmmmmm).


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dia de São Nicolau na Alemanha: eu também quero um presente!

Dia especial: São Nicolau e Knecht Ruprecht visitam as crianças alemãs*

Eu me esqueci de pendurar uma meia ontem a noite e, por isso, acordei sem presente hoje. Essa é a tradição aqui na Alemanha. No dia 6 de dezembro, as crianças que deixaram suas meias ganham presentes de São Nicolau (Heiligen Nikolaus): brinquedinhos, doces e, em tempos mais antigos, tangerinas. É um dia bem bacana e esperado por aqui. Nas cidades menores, inclusive, é dia de pedir doces de casa em casa (o costume de fazer isso no Halloween já foi importado por aqui também, mas o São Nicolau é realmente alemão).

Mas os doces não saem de graça não! As crianças precisam mostrar algum dote artístico para os visitantes a fim de conquistar suas prendas. Em geral, ou cantam ou recitam um versinho. No primeiro ano que passei na Alemanha, trabalhei por uns meses em um estúdio fotográfico e, perto do fim do expediente, começaram a chegar os pequenos – de tocas de Papai Noel, tiaras com orelhas de rena e afins – fazendo suas breves apresentações em troca de balas. Até decorei um versinho:

‎"Ich bin ein armer Kater,
habe keinen Vater,
habe keine Mutter,
gib mir etwas Futter."


(Eu sou um pobre gato, não tenho pai,
não tenho mãe, me de algo para comer).

Andei pesquisando um pouco sobre essa data festiva e achei alguns relatos curiosos, embora nenhuma fonte “oficial” que eu possa citar aqui. Mas para registro, dizem que em tempos antigos, as crianças eram presenteadas com ovos, bacon, bebidas alcóolicas e frutas. Bom, os tempos mudaram. Na minha infância, em Blumenau, lembro bem que todo ano, em 6 de dezembro, passava um Papai Noel pela rua distribuindo balas e passávamos o dia de olho no portão pra não perder a chegada do visitante ilustre.

Por aqui, também acontecem visitas, mas nos jardins de infância: Kindergarten. Mas esqueça o Papai Noel modelo Coca-cola. Quem faz a peregrinação é o bispo Nikolaus, com uma túnica vermelha e uma mitra na cabeça, acompanhado de seu ajudante Knecht Ruprecht, um barbudo de túnica marrom e com um cajado feito de varetas. Tradicionalmente é ele que pergunta às crianças se elas sabem rezar. Se souberem, ganham algum presente do saco que carrega: tangerinas, amendoins, doces ou pão de mel (Lebkuchen). Se não souberem, ganham umas varetadas :).

Nunca vi o tal do Knecht Ruprecht, mas acho bacana ver a figura do São Nicolau em uma forma menos “industrializada”, por assim dizer. Vale dizer que, por aqui, essa é a única aparição importante do Papai Noel. Até mesmo na decoração natalina ele não tem muito destaque (ao menos não como no Brasil, onde é a figura principal da festa). O pinheiro, as luzinhas, bonecos de neve, quebra-nozes, renas e o Räuchermann são muito mais frequentes. Mas o centro da festa é mesmo a figura do Menino Jesus e as representações do presépio (Krippenfiguren). Aliás, por aqui, é o Menino Jesus (Christkind) quem dá os presentes de Natal.

Bom, de qualquer forma vou deixar umas balinhas preparadas e, caso alguém passe por aqui pedindo doces, eu conto a história aqui no blog :)!!!

* A foto que ilustra o post, é de Böhringer, publicada originalmente aqui, licenciada de acordo com as normas do Creative Commons

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Hummus: E viva a influência internacional na Alemanha

Doner Kebap é uma das comidas mais populares da Alemanha (falei sobre isso aqui), mas eu preciso confessar que me apaixonei por outra coisa. Eu já tinha comido hummus antes, mas não dei muita bola pra coisa. Vale dizer que hummus é uma pasta de grão-de-bico bem temperadinha que combina com um montão de coisas.

Então, eis que a Luiza e o Pedro, recém-chegados da Turquia, passaram uns dias aqui e resolveram trazer pra casa uma entradinha de hummus com pão sírio. Ai lascou. Virei cliente fiel do mercadinho que fica na porta do meu prédio e vende o tal do hummus e acabei ficando amiga do dono. Ai o cara - que até hoje eu não sei o nome e que fala um alemão ainda pior que o meu – é uma simpatia em pessoa e disse que bom mesmo era fazer a receita em casa.



O vizinho do mercado me explicou como fazia o treco todo... mas por via das dúvidas dei uma espiada nas receitas da internet e acabei escolhendo essa aqui. A função toda começa no dia anterior. Você precisa colocar o grão de bico de molho, como a gente faz com feijão, para cozinhar no dia seguinte.
A receita é mais ou menos essa:

Ingredientes:
1 xícara de grão de bico cozido (ou uma lata pequena, sem o líquido)
2 colheres sopa de Tahini (pasta de gergelim)
2 dentes médios de alho ou um grande picado bem pequeno
Sal, pimenta, páprica doce, cominho, suco de limão e salsinha a gosto
Azeite de oliva

Preparo:

Depois de ter deixado o grão de bico de molho na noite anterior, cozinhe as bolinhas por um hora ou até ficarem macias. Os grãos tem uma casquinha: aviso pra quem, como eu, nunca tinha preparado em casa. Você pode tirar todas elas (eu fiz isso!!!) ou não. Para quem vai usar o grão-de-bico em lata, é só escorrer. Depois de ter os grãos cozidos e macios, o preparo é bem simples. Basta colocar tudo no processador – ou no liquidificador – e ir temperando de acordo como gosto de cada um. Se a pasta ficar muito dura de bater, pode acrescentar um pouco de água (algumas colheres) ou ainda iogurte natural, como é tradição em alguns países do Oriente Médio, para chegar a uma textura de patê. Depois de pronto, acrescente a salsinha bem picada. Há quem prefira bater a salsinha junto, mas eu acho o efeito das folhinhas picadas mais bonito.

Fiz o meu bem durinho. Espia ai como ficou bonito:


Eu gosto de comer o hummus com pão sírio, aquele bem chatinho, fino, que parece uma tortilha. Mas fica bom até com pãozinho francês.

Ah, e só pra lembrar de uma passagem engraçada... no filme You don´t mess with the Zohan, uma das cenas finais (não chega a ser um spoiler! Eheeh), o personagem do Adam Sandler usa Humus pra apagar um incêndio e selar a paz entre palestinos e judeus.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sobre comida de passarinho e costumes: alguém já pensou isso antes



Quando a gente muda de país, o choque cultural é inevitável e leva um tempo até entender como tudo funciona. Se você for pra Portugal, vai sentir o choque, mesmo que a língua seja a mesma e que os costumes, muitas vezes, sejam similares ao Brasil: vai se dar conta, em um primeiro momento, das diferenças, para depois perceber as semelhanças e descobrir que por lá também se vende coxinha em qualquer padaria da esquina. Na Alemanha essa sensação de desassossego é maior, mais intensa eu diria e, mesmo pra quem come chucrute desde criancinha, o choque cultural é grande. E o que todo esse bla-bla-blá tem a ver com comida de passarinho? Eu já explico.

Quando vim pra cá com o meu marido (que na época era namorado), ele já havia morado por três anos na Alemanha e me veio com uma frase de efeito: “Aqui na Alemanha, você não precisa pensar. Alguém já pensou por você.” Na hora eu achei uma bobagem, mas descobri em pouco tempo que ele tinha toda a razão. O país inteiro é organizado de um jeito para que você não precise pensar em como fazer ou qual a melhor maneira. É só ler o manual, seguir a risca e tudo vai dar certo. Como prepara a salsicha X, Y ou Z: faz como manda a embalagem. Pão pré-cozido, deixa quanto tempo no forno? Faz exatamente igual a figurinha que funciona. E isso serve pra tudo: pra transporte, plano de saúde, pra burocracias da prefeitura, pra conta no banco, pra comida de passarinho. Viu? Cheguei ao ponto!

Eu não sou bióloga – e menos ainda “passarinhóloga” – mas não é difícil perceber que, no outono, as aves escapam da Alemanha em debandada em busca de lugares mais quentes. Como eu não posso fazer isso todos os anos, me contento com os poucos passarinhos corajosos que sobram por aqui e é costume alemão alimentar os tais bichinhos. Acho que a coisa toda é um mea-culpa! “Derrubamos as suas árvores, colhemos as suas frutas, mas agora oferecemos comidinha”. Isso é especulação minha: no geral, a Alemanha é um país bem verde!!!

Meisenknödel: comida pronta para pássaros selvagens

Assim, nessa época do ano, os supermercados ficam abarrotados de comidinhas prontas para passarinhos selvagens. Como essas bolotas feias ai da foto de cima, que se chamam Meisenknödel. O rótulo diz: Alimento complementar para pássaros selvagens: aveia, trigo, cereais, girassol, gordura e óleo de soja. A maçaroca é dura e vem dentro dessas redinhas plásticas que permitem que os passarinhos comam por entre os espaços. Uma caixinha com seis bolotas custa entre 70 centavos e 1 euro. Baratinho mesmo! Não é raro encontrar essas redinhas penduradas pelas árvores pela cidade. Além disso, é costume dar restos de pão (desde que tenha mais de uma semana, para que o fermento não esteja mais ativo). E este ano eu resolvi entrar na modinha.

Alimento para pássaros: seis bolinhas por um euro ou menos

Estamos morando agora em Berlin, já contei isso por aqui. O apartamento é no térreo e tem um terracinho particular. As paredes da casa que dão para o jardim são todas de vidro: janelões imensos, que servem também como porta para o terraço. E é por lá que eu ponho a comidinha. Improvisei um galho para pendurar as bolotas e jogo o pãozinho no chão mesmo. Assim, bye-bye solidão (o marido passa quase o dia todo fora de casa!): tenho a visita constante dos passarinhos, que ficam de estripulia no terraço. Brincam, comem e me fazem companhia. Tudo isso por 75 centavos!

Ps.: Esse post vai especialmente pra Luciane Bemfica, amiga de muitos anos, especial e amada... Afinal, "a gente se paga", pra sempre :)

sábado, 19 de novembro de 2011

Berlin tem gosto de Döner Kebab, Currywurst e macarrão chinês

Paixão berlinense: O urso, símbolo da cidade, segura uma currywurst. Quer mais típico que isso?

Se eu precisasse definir comida alemã em apenas um prato, eu diria, sem pestanejar, que o país inteiro come porco com batata. Pode ser batata cozida, frita, assada, em forma de bolinho, croquete ou do jeito que a imaginação mandar. E porco também: bife, bisteca, moído, em forma de hambúrguer ou mesmo como recheio de salsicha. Mas como no Brasil, onde feijão com arroz aparece no prato de Norte a Sul, por aqui também existem variações regionais. E neste caso, Berlin é um capítulo a parte.

A capital da Alemanha é a mais internacional de suas cidades. É também um estado: Berlin, Bremen e Hamburg são as três cidade-estados alemãs. Por aqui, tudo funciona de um jeito um pouco diferente: em uma dinâmica mais efervescente por assim dizer. E isso se reflete na comida. Passear pelas ruas de Berlin é um convite aos aromas: dos que excitam o apetite e dos que reviram o estômago.

Mas é preciso dizer que três tipos de restaurantes – em vários níveis de sofisticação e preço – estão em cada esquina. E não se trata de uma expressão: literalmente em cada quadra das zonas comerciais da cidade é possível encontrar um turco vendendo Döner Kebab, uma lojinha de salsichas cortadas em rodelas e servidas com catchup e curry (o patrimônio gastronômico de Berlin!) e algum comerciante de olhos puxados servindo macarrão frito com legumes e todas as suas variações. Nessa ordem, mesmo. Depois de quase um mês por aqui posso garantir que se vende (e se come!) mais Döner do que Currywurst em Berlin.

Currywurst: o patrimônio gastronômico de Berlin (foto de Reiner Senz, tirada daqui)

Bom, vale explicar um pouco mais sobre o tal do Döner. Trata-se do tal de churrasquinho grego, que já existe para vender em algumas cidades do Brasil. Um rolo de carne (de ovelha ou de frango) assado na vertical e fatiado finamente em lascas. A carne é servida de diversas maneiras: em um prato com arroz, cuscuz e salada; em uma caixinha com batatas fritas; em um pão sírio (aquele bem chatinho) enrolada com saladas e molhos; ou do jeito mais tradicional, em um pão redondo e meio chato (salgado como o pãozinho francês, mas geralmente com formato de pão de hambúrguer), com molho de iogurte, molho de pimenta, salada de alface, pepino, tomate, repolho branco e roxo. É tão (ou mais) tradicional que o X-salada no Brasil. E muito melhor, na minha opinião!

Döner Kebab: carne de ovelha ou frango e muita salada. Bom demais!(foto de Jonathan Groß, tirada daqui)

Em Berlin, além dos sabores tradicionais, já vi restaurantes vendendo Döner de frango com legumes: o legume é colocado entremeando a carne na hora de formar o rolo. E a forma de preparar o tal do churrascão é assunto sério por aqui. Tem até lei que regulamenta o percentual de carne moída aceito na formulação da receita. Eu ri quando encontrei isso. Mas ao menos todo mundo sabe que vai comer, no máximo, 60% de carne moída no seu sanduíche.

Döner Kebap: tem um em cada esquina, até mesmo no subterrâneo. Este ai fica em uma estação de metrô aqui perto de casa

Legislação à parte, encontramos por aqui um restaurante (bom e barato - para o padrão comida de rua!) que parece surreal: um chinês turco ou um turco chinês, se preferir (se chama Yuppis e fica aqui). Você entra e o balcão tem duas metades. Em uma ponta, um staff com traços turcos serve Döner de todas as maneiras possíveis. Na outra metade, um quarteto de asiáticos comanda os Woks. Tudo em harmonia. A única heresia está no cardápio, mas não tive coragem de pedir nem pra fazer a foto. Por 4,50 euros é possível provar um prato bem servido de macarrão chinês com legumes acompanhado de carne de Döner. É o que eu chamo de fim dos tempos gastronômico. Ou globalização. Só falta um puxadinho no lugar pra vender currywurst.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sabores da Alemanha: Suco de chucrute em caixinha

Esse é um post curtinho. Mas nem por isso merece desprezo. Pelo contrário. O assunto é tão sério que precisa de um post só pra ele. Primeiro preciso dizer que sou aberta a provar novos sabores. Não tenho quase nenhuma frescura alimentar. Dou uma chance a quase tudo e gosto de algumas coisas que muita gente tem nojinho. Gosto de dobradinha, de língua com ervilha. Já comi carne de canguru, de gambá e rã e não gostei de nenhuma delas. Comi caracol em Portugal (espia o maridão saboreando a iguaria!): esses de jardim mesmo, mas não tem muita graça. Das coisas da Alemanha, virei fã de Grünkohl (tem uma notinha sobre a couve amarga aqui), como Leberkäse, e até Silze agora desce. Também adoro Sauerkraut ou Chucrute, como o tal do repolho azedo é chamado ai no Brasil.

Mas tem uma coisa que eu já havia visto no mercado algumas vezes, embora nunca tenha tido coragem de comprar por só ter encontrado em caixinhas de um litro: suco de chucrute. Isso mesmo! Suco de caixinha assim como de maça, laranja ou abacaxi, mas sabor Sauerkraut. Desta vez achei uma embalagem mais modesta, com meio litro e resolvi investir um eurinho na brincadeira. Bom, pra quem não sabe, Sauerkraut é repolho azedo. Minha vó costumava fazer em casa: corta o repolho bem fininho, salga e coloca em um pote de barro pra coisa toda azedar e criar aquele caldinho fermentado. Então, depois de bem “podrinho”, é só comer. E é uma delícia, juro!!!! Mas ai a pegar o tal do caldinho, espremer e colocar em uma caixinha pra beber... Isso não se faz! Espia a foto ai da caixinha...


No rótulo diz que o suco é de chucrute com maçã, mas eu juro que não senti sabor de nada parecido com maçã na hora que eu provei. E só consegui tomar um golinho. A coisa é salgada, azeda e tem cheiro de peido. Sem exageros... De tudo o que eu provei na Alemanha, essa foi a experiência menos prazerosa. Fica a dica. Mas se quiser provar, assino embaixo. Tem coisas que a gente só acredita que existem (e que gosto pavoroso elas tem!) depois do primeiro copo... Prosit!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lá e cá: impressões sobre um Brasil que poderia ser melhor

Já estou instalada em Berlin e até já recebi visita. De certa forma, isso significa estar em casa e adiciona mais uma linha ao meu repertório de não saber mais onde é meu lugar. Considerando apenas as primeiras impressões, diria que meu lugar é nesta cidade grande e cinzenta, mas ao mesmo tempo acolhedora. Mas as primeiras impressões são perigosas e esse post é pra falar exatamente disso: das primeiras impressões que tive, mas não aqui e sim quando cheguei no Brasil.

Já falei aqui das diferenças entre um e outro país e as vantagens de cada um deles. Mas preciso adicionar alguns itens que ficaram de fora da lista, esquecidos na época pelos três anos que fiquei longe dos trópicos ou pelo romantismo que nos invade com a distância. Vamos a eles, então. E depois disso, prometo que não falo mais de Brasil e volto a dedicar esse espaço às aventuras pela Nave Mãe.

Em primeiro lugar é preciso que seja dito: o Brasil é um país extremamente barulhento. Nos meus primeiros dias achei que ia ficar maluca e, volta e meia, precisava correr para o quarto, fechar a porta e ficar cinco minutos em silêncio. A regra brasileira é: você chega em casa e liga a televisão, de preferência em um volume ensurdecedor e então começa a conversar com as pessoas que estão em volta em um volume ainda mais alto. Some isso a mães aos berros com crianças, carros buzinando, ônibus com motores a diesel que parecem turbinas de avião e os malditos carros de som com propaganda até mesmo nas ruas mais pacatas e longe do centro da cidade.


Vamos somar a essa lista o problema dos brasileiros com o relógio: alô, pontualidade mandou lembranças! Eu entendo que tem trânsito, que o ônibus não funciona direito... mas eu não entendo você marcar as 10 e a pessoa chegar as 10h45 achando que está tudo perfeitamente em ordem. SMS, telefone? Oi! Ou marca mais tarde de uma vez... Meu tempo vale tanto quanto o seu! E nesse item tem ainda algo pior: a pessoa telefona, marca o compromisso – que pode ser o de ir na sua casa, sair ou uma festa –, confirma e não aparece. Alo???

Tem também quem aparece demais. Aparece sem avisar. E pode me chamar de chata a essa altura do post: se estiver sem paciência, agradeço a leitura até esse ponto e convido para voltar no próximo post, já que vou reclamar mais um pouco por aqui. Neste período de férias eu trabalhei em um jornal de Blumenau, o Santa, como colunista, durante a Oktoberfest (você pode ler as colunas aqui), mas produzia meu material de casa. Assim, mesmo em casa, eu estava trabalhando (como sempre fiz aqui na Alemanha) e, para a grande maioria do mundo, estar em casa é folga: a pessoa chega na sua casa para fazer uma visitinha espontânea e não se dá ao trabalho de perguntar se você pode recebê-la naquele momento. Quer me visitar de surpresa? Hmmmm... tá, ok. Mas liga 10 minutos antes e pergunta se eu tô de saída ou com rolos na cabeça. Juro que vou fazer o possível pra receber quem eu gosto e ainda passar um café fresco pra tomar com o visitante.

E tem a última reclamação. O Brasil é um país caro, caríssimo. Alguém pode me explicar a barbaridade que são os preços de tudo e qualquer coisa nas lojas e no supermercado? Fora as frutas (hmmm, que delícia) e a carne bovina, tudo é muito mais barato na Alemanha, mesmo em tempos de Euro carinho. Produtos da cesta básica, material de limpeza, leite, queijo, enfim... tudo. Fiquei chocada com os preços.

Além disso, paga-se muito caro e a qualidade é pouca. A diferença maior entre qualquer coisa que encontro aqui na Alemanha e no Brasil está na qualidade. E isso vale para bens duráveis ou de consumo. Vale também para os serviços, as obras, a educação. Os dois mundos não são tão diferentes, mas o diabo mora nos detalhes. Não se trata de falar mal do Brasil o post inteiro (tá, eu acho que fiz isso!), mas de mencionar as sutilezas e as lapidadas que fariam dessa terra rica, linda e cheia de alegria um lugar ainda melhor pra se viver.

E que fique claro: estou feliz e empolgada com essa Berlin cheia de encantos, mas já estou morrendo de saudades do Brasil.

Ps.: A foto que ilustra o post foi "emprestada" daqui.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pequenos detalhes que poderiam fazer Blumenau mais interessante para o turista


A saída de Blumenau foi corrida, assim como são todas as viagens... ainda mais aquelas em que se parte para vários anos. Mas enfim, aqui estou em Berlin (com n, como é o nome da cidade em alemão), como já falei no post anterior. Este, então, é o post derradeiro sobre Blumenau: fiquei devendo as impressões sobre visitar a cidade como turista. Recapitulando: Recebi uma amiga muito querida – a Rebecca – que mora em Hamburg e está fazendo um intercâmbio na USP. Saímos com a missão de conhecer a cidade. Empunhei a máquina fotográfica em plena Oktoberfest e parti. Ai vão algumas impressões, seguindo o nosso roteiro de visita.

No Museu da Família Colonial o atendimento foi muito simpático, mas a visita guiada pelo museu é uma decoreba bem chata. A explicação começa com algo do tipo: essa era a casa de fulana de tal, parente não sei das quantas do Dr. Blumenau. Ok, eu sei quem é o Dr. Blumenau (o fundador da cidade, pra quem não sabe): mas acredito que a maioria dos visitantes não faz a menor ideia de quem seja. Tem que falar isso: dizer quem era, como a cidade começou e por ai vai. Falta essa introdução. A segunda casa, recém agregada ao patrimônio, se parece muito com o que já foi visto na primeira. A terceira casa da visitação – com elementos da cultura local – é a pior: seria interessante que fossem montadas exposições temporárias um pouco mais criativas ou mesmo que o espaço fosse remodelado para abrigar o já tão discutido Museu dos Clubes de Caça e Tiro.

Várias coisas poderiam ser melhores neste museu: a entrada poderia até ser mais cara, mas o visitante deveria receber um impresso bonito sobre o museu e sobre a história da cidade, com sugestões para continuar a visita. Além disso, acho que o Vapor Blumenau deveria ser colocado no lugar onde foi a casa do Dr. Blumenau, completando o espaço. Também seria muito bacana se a cidade fizesse uma parceria com os museus da imigração de Hamburg e Bremerhaven (já dei essa sugestão pra um monte de político, mas parece que as agendas de visita à Alemanha são sempre muito ocupadas!) e agregasse ao Museu da Família Colonial as bases de dados sobre a imigração alemã. Seria bem bacana visitar o espaço e poder pesquisar sobre a história de sua própria família: um chamariz para os próprios blumenauenses.

O fim da visita é no Cemitério dos Gatos: fofo, mas confesso que fiquei com medo de ser assaltada lá no meio do mato, onde não há qualquer tipo de vigilância ou proteção. Deveria ser cercado. De lá, por “acidente”, saímos nos fundos da Fundação Cultural de Blumenau: não havia qualquer placa indicando isso e nem sugerindo as exposições do local. Encontramos uma porta aberta com a Rede Feminina de Combate ao Câncer mostrando seu trabalho: ponto para as mulheres de rosa.

Cemitério dos gatos: Bonitinho, mas a sensação é de insegurança

Do outro lado da rua visitamos o (decepcionante) museu da Cerveja. Sou completamente a favor da cobrança de ingressos que contribua com a profissionalização do espaço. Neste caso, tecnologia daria conta: separar as áreas com divisórias, oferecer um guia em áudio e terminar a visita em uma lojinha com as cervejas locais, camisetas, bonés, porta-copos e todas as tralhas que turista ama e não acha em lugar algum. Há um mini auditório por lá, com uma televisão mostrando qualquer coisa que ninguém tem paciência pra ver: por que não montar a loja nesse lugar? E, durante as festas, para quem paga uns reais a mais, por que não uma degustação de algumas bebidas locais? Eu pagaria feliz e sairia recomendando aos amigos. Do jeito que está agora, não tem qualquer razão de ser.

Museu da Cerveja: Falta profissionalizar a visita, oferecer degustação e vender produtos locais

O Mausoléu Dr. Blumenau nem merece a visita. É um espaço morto. Entramos e saímos sem nem merecer o olhar do responsável, entretido com um jogo de futebol em uma tevê sob a mesa. Quem são as pessoas que estão lá? Quando o espaço foi construído? Mais uma fez faltou um folheto bacana contando tudo isso. Além do mais, por que não aproveitar o espaço para uma exposição de fotos antigas/atuais de Blumenau? Ou como existem em várias prefeituras da Alemanha, que tal algumas maquetes bem bacanas da cidade em diferentes épocas? Aposto que o curso de Arquitetura da Furb seria parceiro em uma empreitada dessas.


Mausoléu Dr. Blumenau: maquetes, como as que as prefeituras alemãs possuem, seriam uma forma interessante de atrair mais público ao espaço

Seguindo pela rua XV, pouca informação está disponível. E ai, vale mais uma vez copiar a Alemanha – esta proposta cheguei a mandar por escrito para um montão de gente... e nada, mais uma vez. Poderia ser como Hannover: por lá, foi pintada uma linha vermelha no chão (literalmente), com números em cada ponto de interesse. Nos centros de informação turística vende-se um livreto, em várias línguas, com a mesma numeração da rua, explicando o que é cada coisa. É tão simples que parece bobo: mas funciona perfeitamente bem e funcionaria também para Blumenau. Com isso, todas as fachadas de casas históricas que estão cuidadosamente espelhadas no leito da Rua XV seriam notadas.

Linha vermelha: Em Hannover, uma linha guia os visitantes, que acompanham o trajeto com um livreto

Nesse passeio turístico, fui contando o que sabia e no fim foi bem divertido. Mas se fossemos realmente duas turistas, o pouco que levaríamos da cidade seriam fotos de suas fachadas e a farra etílica pelo centro. Nada mais. Blumenau é um destino turístico interessante, mas completamente despreparado para se exibir aos seus visitantes. Uma pena. Com investimentos pequenos – que dependem mais da boa vontade do que de dinheiro – poderia se tornar mais acolhedora e mais Rebeccas sairiam bem impressionadas e felizes depois de percorrer os poucos metros tão cheios de história (negligenciada)...

domingo, 6 de novembro de 2011

Berlin, Berlin, wir fahren nach Berlin!

Faz pouco mais de uma semana que cheguei em Berlin e, de certa forma, me sinto como se vivesse aqui há muitos anos. Chegar a uma cidade diferente, mas já conhecendo as regras do país, ajuda muito, claro. Mas Berlin – enorme e sem a beleza de contos de fada que se espera de uma cidade tipicamente alemã – conquista pela diversidade e pela forma prática que se dispõe. É uma cidade viva! Não é preciso andar muito para se encontrar o que precisa. E se precisar ir longe, o sistema de transporte coletivo é eficiente, rápido, limpo e bem organizado. Não falemos dos ônibus, pois... Já descobri que por aqui os tais não costumam ter a pontualidade de outras cidades menores.

Mas quem se importa com ônibus quando tem um livro de história de páginas abertas a cada vez que coloca o nariz para a rua? A beleza das casinhas enxaimel se torna, de certa forma, naive, com o significado das simples pedras encrustadas no chão e que redesenham a trajetória do muro. Aliás, cabe aqui uma explicação que eu sempre achei redundante, mas depois de descobrir que muita gente achava que o Muro de Berlin separava a fronteira das duas Alemanhas, prefiro pecar pelo excesso do que pela falta. O Muro de Berlin separava as metades socialista (DDR) e capitalista da cidade de Berlin na época da Alemanha dividida. As fronteiras dos então dois países não eram muradas: havia postos e controle, mas não um muro cortando o leste e oeste. O Muro cercava uma ilha capitalista encravada no coração da DDR e fazia de Berlin uma cidade recortada. Além disso, no pós-guerra, a parte capitalista era subdividida em setores que eram comandados pelos aliados: França, Inglaterra e Estados Unidos. Charlottenburg, onde vivo hoje, era a parte inglesa de Berlin.

No centro, um museu conta a história da DDR e nos supermercados da cidade, ainda estão a venda tradicionais produtos e marcas dos tempos de socialismo. Já viu o filme Adeus, Lenin? Se não, vale correr pra locadora (ou pro the Pirate Bay!) e resolver isso. Nas áreas circunvizinhas à Alexanderplatz (ou Alex, simplesmente, como chamam os berlinenses) algumas lojas se encarregam de manter viva a nostalgia do Leste: oferecem de artigos de limpeza à brinquedos, o famoso espumante Rotkäppchen (chapeuzinho vermelho!) ou mesmo a versão comunista da Nutella: Nudossi, que usa como propaganda o fato de ter 36% de avelã – disponível com muito mais facilidade nos anos de separação do que o cacau, que precisava ser importado a duras penas, por conta dos embargos econômicos.

Voltando à divisão, vale dizer que Charlottenburg é enorme e, como em toda Berlin, tudo aqui é superlativo: era o centro da antiga Berlin Ocidental. O bairro é tão grande que cabe, dentro dele, uma ilha. E logo eu, apaixonada por Florianópolis e casada com um manezinho, voltei a viver cercada de água por todos os lados. Claro que neste caso chamar a região de Mierendorffplatz de ilha é uma licença poética bem grande: são quatro braços de rio que, de certa forma, cortam a região e formam essa ilha de algumas quadras. Mas não deixa de ter seu charme.

Passear por Berlin é se sentir convidado a ficar: e é isso que fazem cerca de 30 mil novos moradores que se instalam por aqui todos os anos. É uma grande cidade meio feiosa, com 16 distritos que funcionam quase como cidades independentes e que oferecem estilos e personalidades distintas. Ainda não sei qual deles combina comigo: se Charlottenburg ou algum outro. Faz muito pouco tempo que cheguei aqui pra responder isso, mas de certa forma, já sei que não quero ir embora...

E, só pra constar, três observações:

- Berlin, em alemão é com n e prefiro usar dessa forma, embora em Português o correto seja Berlim, com m.

- Berlin, Berlin, wir Fahren nach Berlin! O título desse post é um grito de guerra das torcidas de futebol por aqui. A final da Copa da Alemanha é disputada sempre em Berlin e, dessa forma, para incentivar o time, os torcedores gritam: Berlin, Berlon, nos vamos para Berlin!!!

- A foto que ilustra esse post é do Siegessäule, uma estátua de bronze de cinco metros e cerca de 35 toneladas, erguida em 1873 para celebrar as conquistas militares da Prússia. Mas também da pra imaginar que se trata de um anjo da guarda, de olho nessa feia simpática...


de volta à nave mãe - desde 2008 © Ivana Ebel