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sábado, 19 de novembro de 2011

Berlin tem gosto de Döner Kebab, Currywurst e macarrão chinês

Paixão berlinense: O urso, símbolo da cidade, segura uma currywurst. Quer mais típico que isso?

Se eu precisasse definir comida alemã em apenas um prato, eu diria, sem pestanejar, que o país inteiro come porco com batata. Pode ser batata cozida, frita, assada, em forma de bolinho, croquete ou do jeito que a imaginação mandar. E porco também: bife, bisteca, moído, em forma de hambúrguer ou mesmo como recheio de salsicha. Mas como no Brasil, onde feijão com arroz aparece no prato de Norte a Sul, por aqui também existem variações regionais. E neste caso, Berlin é um capítulo a parte.

A capital da Alemanha é a mais internacional de suas cidades. É também um estado: Berlin, Bremen e Hamburg são as três cidade-estados alemãs. Por aqui, tudo funciona de um jeito um pouco diferente: em uma dinâmica mais efervescente por assim dizer. E isso se reflete na comida. Passear pelas ruas de Berlin é um convite aos aromas: dos que excitam o apetite e dos que reviram o estômago.

Mas é preciso dizer que três tipos de restaurantes – em vários níveis de sofisticação e preço – estão em cada esquina. E não se trata de uma expressão: literalmente em cada quadra das zonas comerciais da cidade é possível encontrar um turco vendendo Döner Kebab, uma lojinha de salsichas cortadas em rodelas e servidas com catchup e curry (o patrimônio gastronômico de Berlin!) e algum comerciante de olhos puxados servindo macarrão frito com legumes e todas as suas variações. Nessa ordem, mesmo. Depois de quase um mês por aqui posso garantir que se vende (e se come!) mais Döner do que Currywurst em Berlin.

Currywurst: o patrimônio gastronômico de Berlin (foto de Reiner Senz, tirada daqui)

Bom, vale explicar um pouco mais sobre o tal do Döner. Trata-se do tal de churrasquinho grego, que já existe para vender em algumas cidades do Brasil. Um rolo de carne (de ovelha ou de frango) assado na vertical e fatiado finamente em lascas. A carne é servida de diversas maneiras: em um prato com arroz, cuscuz e salada; em uma caixinha com batatas fritas; em um pão sírio (aquele bem chatinho) enrolada com saladas e molhos; ou do jeito mais tradicional, em um pão redondo e meio chato (salgado como o pãozinho francês, mas geralmente com formato de pão de hambúrguer), com molho de iogurte, molho de pimenta, salada de alface, pepino, tomate, repolho branco e roxo. É tão (ou mais) tradicional que o X-salada no Brasil. E muito melhor, na minha opinião!

Döner Kebab: carne de ovelha ou frango e muita salada. Bom demais!(foto de Jonathan Groß, tirada daqui)

Em Berlin, além dos sabores tradicionais, já vi restaurantes vendendo Döner de frango com legumes: o legume é colocado entremeando a carne na hora de formar o rolo. E a forma de preparar o tal do churrascão é assunto sério por aqui. Tem até lei que regulamenta o percentual de carne moída aceito na formulação da receita. Eu ri quando encontrei isso. Mas ao menos todo mundo sabe que vai comer, no máximo, 60% de carne moída no seu sanduíche.

Döner Kebap: tem um em cada esquina, até mesmo no subterrâneo. Este ai fica em uma estação de metrô aqui perto de casa

Legislação à parte, encontramos por aqui um restaurante (bom e barato - para o padrão comida de rua!) que parece surreal: um chinês turco ou um turco chinês, se preferir (se chama Yuppis e fica aqui). Você entra e o balcão tem duas metades. Em uma ponta, um staff com traços turcos serve Döner de todas as maneiras possíveis. Na outra metade, um quarteto de asiáticos comanda os Woks. Tudo em harmonia. A única heresia está no cardápio, mas não tive coragem de pedir nem pra fazer a foto. Por 4,50 euros é possível provar um prato bem servido de macarrão chinês com legumes acompanhado de carne de Döner. É o que eu chamo de fim dos tempos gastronômico. Ou globalização. Só falta um puxadinho no lugar pra vender currywurst.

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