Mas não me dei por vencida: do stream oficial da monarquia britânica eu vi o casamento de William e Kate. (Pausa para os suspiros de decepção, xingamentos e afins). Vi e achei lindo! A noiva deslumbrante no seu McQueen, o noivo meio calvo, nervoso e com cara de bobão. Um desfile da chapelaria mais refinada da Europa e o povo todo celebrando nas ruas como se cada um fosse convidado da festa. Foi um conto de fadas ao vivo: uma historinha da Disney Family se desenrolando sem cortes na TV.
Se eu estivesse em Londres – ou ao menos com tempo e dinheiro a mais na conta – eu teria ido me juntar à multidão. Não porque sou fã da realeza e menos ainda tiete de plantão de quem quer que seja. Mas por que sou jornalista e, em essência, a curiosidade me move. Mais ainda me impulsiona a vontade de ver ao vivo a vida acontecendo. Um capítulo da história, porque não, mesmo que seja uma historinha de água com açúcar e muitos souvenirs.
Por falar nisso, mesmo sem ter visto uma única vitrine com ofertas do enlace, já havia decidido qual comprar. Bateria pernas a cidade toda até achar a caneca que os chineses mandaram em contêineres com a foto do príncipe errado! Quer mais kitsch do que isso? Até premonitória, podem aventar as más línguas... já que o príncipe novinho tem a maior pinta de fanfarrão. Mas isso é assunto pros tabloides dos próximos anos.
Por hora, faço minha confissão: Amei o casamento e aceito as críticas. Futilidade, consumismo, reality show, pantomima, pão e circo. Tudo isso sim, mas também a delicadeza de uma história de amor moderna e real. Um pouco de fantasia em uma rotina tão fria e mecânica como a das ruas europeias. E como em todo o filme em que o final tem que ser perfeito, até a instável Londres soube cumprir seu papel mais do que ensaiado e ofereceu aos noivos um (inestimável) solzinho de presente.
Liguei a TV pouco antes do SIM e depois do beijo – meio sem graça – desliguei a e voltei ao papel de gata borralheira, tentando remover os quilos de pólen que me atormentam nessa primavera. A minha vida não mudou nada com o casamento real: mas certamente o dia ficou mais leve e feliz com a promessa renovada de que existe amor e que os contos de fadas, mesmo que temporários e apenas de 20 em 20 anos, podem ser reais. “Que seja eterno enquanto dure” e um brinde à rainha.
