Esse é o
primeiro post de 2012 e tive que me segurar para não falar da festa da virada
ou de resoluções para o ano novo: foi só esperar uns dias para que todos esses
assuntos ficassem “fora de moda” e pronto, cá estou eu pronta pra estreia.
Então, a pauta do dia é Berlin e como conhecer melhor as suas mil facetas. Nós
recebemos visitas por aqui nesse fim de ano e, com isso, acabamos tendo a
desculpa de fazer um pouco mais de turismo por essa cidade tão cheia de coisas.
Na verdade, Berlin é legal por isso: tirando meia dúzia de lugares
obrigatórios, mesmo para quem mora aqui ela nunca se torna repetitiva. Então,
esse post é pra falar de três Berlins diferentes e que podem ser uma pedida
muito legal para quem quer conhecer a cidade de um jeito barato e cheio de
curtição.
A primeira coisa a fazer quando se chega na
cidade é providenciar um ticket para o transporte coletivo. Nada de tentar dar uma de espertinho que pega
mal, muito mal, como fizeram essas criaturas aqui. Eu pessoalmente recomendo os
tickets semanais, se a estada for um pouco mais longa ou os coletivos diários,
para até cinco pessoas. Você vai precisar deles de qualquer forma, a não ser
que esteja hospedado no centro do centro do centro. Ser apanhado no transporte
sem o ticket correto ou validado (tickets do dia precisam ser carimbados nas
máquinas próprias para isso) rende uma
multa de 40 euros. E não tem desculpa.
Instruções
à parte, é hora de falar sobre as opções de turismo na cidade. Uma eu fiz,
outra o marido fez e a terceira, amigos que hospedamos fizeram e nos deram o
feedback (e as fotos! Danke, Josi e Danilo!): e que fique claro que não temos
qualquer ligação com as empresas que fazem isso. Fica a dica porque os produtos
são legais mesmo: todos passeios a pé
pela cidade, mas com temas diferentes. O primeiro, um roteiro mais tradicional,
pelos principais pontos turísticos. Depois, um roteiro para conhecer a arte de
rua da cidade. Para fechar, um volta guiada
pelos bares underground da cidade.
Berlin em três horas e meia
Quem chega
a Berlin logo descobre que a cidade é, na verdade, a conturbação do que já
foram várias cidades independentes. Há muito o que se ver e, sem organização,
pode-se perder muito tempo indo de um lado para o outro quando muito do que se
pode visitar fica perto. Uma boa dica é acompanhar um grupo guiado. Esse aqui,
que o Joatan, meu marido fez, é gratuito, mas espera-se que os participantes
contribuam com algum tipo de gorjeta no final: de 3 a 5 euros por pessoa é a média.
O passeio
(em inglês) dura cerca de três horas e meia e cobre os principais pontos do
centro da cidade, repleto de explicações históricas, arquitetônicas e
contextualizando os monumentos e prédios
visitados: é uma forma de ver – e viver – Berlin com os olhos um pouco
mais abertos e entender porque a cidade é tão diferente de qualquer outra no
mundo. Vale dizer que o guia passa por lugares como o Memorial aos JudeusMortos na Europa, mas não há tempo para visitar os museus. Anote os mais interessantes para voltar no dia
seguinte com mais calma. Curiosidades que estão fora dos guias tradicionais,
como o estacionamento que hoje cobre o espaço onde ficava o búnquer onde Hitler
se escondia e foi morto estão entre as paradas.
O búnquer
de Hitler: hoje um estacionamento cobre a área onde as lideranças nazistas se
refugiavam durante a guerra
Arte de rua
Mesmo em
poucos minutos, é impossível não perceber que tinta spray e colagens são parte
do cenário urbano de Berlin. Mas antes de sair dizendo em tom pejorativo que a
cidade é toda pixada, vale separar o joio do trigo. Há muita arte nas ruas de
Berlin: intervenções de artistas conhecidos e anônimos por todas as partes. Para quem gosta do
cenário mais alternativo, este é o passeio perfeito. Percorre galerias, ruas,
becos por onde você nunca andaria sozinho e explica quem fez o quê e porquê. E
nada de achismos: os guias são, na maioria, estudantes de arte e conhecem a fundo
as peças que vão apresentando, complementando as explicações com imagens de
livros.
Galerias e
intervenções: o passeio mostra Berlin em seu lado mais colorido e vibrante, como nessa obra de El Bocho (Foto: Danilo Nascimento)
O passeio
termina na famosa East Side Gallery, um trecho preservado do muro onde estão
pinturas que se tornaram ícones da arte de rua depois da reunificação alemã.
Com ou sem guia, o local precisa ser visitado: é interessante por seu valor
artístico e histórico. Em alguns pontos, ainda apresenta o segundo muro e da
pra ter uma ideia de como era o espaço entre as duas Alemanhas, a chamada terra
de ninguém. Ah, para esse passeio
alternativo, vale a mesma regra do primeiro: gorjetas em torno de 5 euros por
pessoa são esperada, embora não obrigatórias.
Um dos clássicos da East Side Gallery: o beijo
dos líderes comunistas Leonid Brezhnev e Erich Honecker pintado originalmente
pelo russo Dmitri Vrubel (o nome da pintura é: Mein Gott hilf mir, diese
tödliche Liebe zu überleben)
Pelos bares underground
Se você
chega em uma cidade como Berlin logo vai se sentir motivado a conhecer a noite: a atmosfera convida para incursões em bares e clubes. Para quem não sabe
onde ir, para quem veio sozinho e quer companhia para a balada, ou mesmo para
quem quer apenas fugir da lista tradicionais de clubes apresentada pelos livros
de turismo, há um passeio perfeito. Esse não é de graça: custa 10 euros por
pessoa, mas dá direito a algumas bebidinhas pra embalar o percurso. O roteiro
inclui uma série de bares e difere a cada noite: são cinco locais, onde se
passa cerca de 40 minutos e os preços dos ingressos, quando cobrados, já estão
incluídos no pacote.
Na noite em
que fizemos isso, começamos por um bar muito simpático chamado Yesterday, que é
na verdade o ponto de encontro da aventura. Uma decoração psicodélica e muito
rock na trilha sonora. Na sequência, visitamos um bar onde a maior atração é
uma mesa de pingue-pongue onde dezenas de pessoas circulam em volta, em fila
indiana, para dar seu quique na bolina. Depois, o melhor da noite: um bar
gótico que foi criado – de acordo com a guia – por um dos integrantes da banda
Rammstein. O lugar se chama Last Cathedral: é tão temático que chega a ser
kitsch, mas nem por isso menos divertido. Esteja preparado para ouvir muito
metal pesado. As duas últimas paradas
foram em clubes, com pista de dança e tal. Como eu não gosto de música
eletrônica e o maridão não dança, acabamos não curtindo muito. Mas teve gente
que achou a melhor parte: vai muito do gosto de cada um.
Gótico
kitsch: a decoração do Last Cathedral beira o exagero, mas o bar é bacana
(Foto: Josiane Raguzzoni)
Nesse
passeio, o curioso é que os drinks inclusos no preço não são sempre servidos
nos bares visitados. São, na verdade, pequenos shots, organizados pelos
próprios guias durante a jornada: nada de muito especial, mas interessante pelo
contexto. O bacana de fazer um passeio assim é que, depois de uns goles, todo
mundo vira amigo e a noite fica bem mais engraçada mesmo para quem saiu sem
qualquer perspectiva. Ah, só para os não-fumantes fica um aviso. Apesar de já
ser lei na Alemanha a proibição de fumar em lugares fechados, essa prática não
chegou ainda os bares do roteiro. Cheguei em casa completamente “defumada”,
cansada, meio embriagada, mas feliz o bastante pra recomendar o tour aqui no
blog!
Um comentário:
Quero fazer!! Pelo menos o primeiro (apesar de j'a conhecer vários dos lugares) e o terceiro hehehe alguem topa?
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