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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Natal na Alemanha: seis coisas absolutamente inúteis que você pode comprar pelo correio


Eu adoro o Natal e já escrevi bastante sobre ele aqui no Blog. Já dei receitas de todas as bebidinhas deliciosas dessa época, falei dos mercados aqui na Alemanha que são um encanto, ensinei a fazer Flammkuchen, uma comida bem típica das barraquinhas nos dias gelados. Também entreguei o segredo de como fazer em casa as amêndoas carameladas e meu biscoito favorito, o Vanillekipferl!

Mas hoje eu quero falar de outra coisa. Acabei de receber em casa um catálogo de produtos de uma empresa chamada Pearl. Uma pérola, sem dúvida! Em alguma das centenas de vezes que comprei coisas pelo E-bay devo ter comprado dessa loja e tcham: sou agraciada todos os meses com um livro que parece um festival dos horrores. Só me sinto menos culpada porque o papel vai para a reciclagem.

Enfim... Chegou o tal catálogo com um especial de Natal e fazia tempo que não via nada tão engraçado. É tão bom que resolvi compartilhar as seis coisas mais bizarras que você não precisa para o Natal.

Uma bola de Natal cantante – Claro, você decora sua árvore e entre todos os penduricos e afins, coloca uma bola de plástico com uma cara desenhada nela, dotada de um sensor de movimento que desata a cantar cada vez que alguém se mexe na sala. Mais divertido do que isso só mesmo colocar um daqueles apitos de entrada de loja do interior na estrela – blinnnnnnnnnnnnnnnblonnnng – e ter certeza que ele anuncia cada vez que alguém levanta do sofá.

Uma bola de Natal USB – Nem todo mundo gosta do delicioso som de um speaker rouco pela casa (tin tin tin, tin tin tin, tin tin tin tin tinnnnnnnn) e para essas pessoas que não vão comprar a bola que canta, a novidade do ano é uma bola de Natal com um display digital de 3,8 centímetros para exibir as fotos da família na árvore. Que lindo! Até 70 fotos ficam em destaque nos menos de 4 centímetros cercados por dois metros de árvores, bolas, laços e luzinhas por todos os lados. Se minha mãe tivesse uma assim nunca mais ia sentir minha falta no Natal!

Uma vela a bateria – Até não me parece tão mal uma vela com um LED para um reino de desastrados. Mas essa vai além: ela tem um movimento realista da chama, conforme o catálogo. Tudo o que eu pude imaginar é, naquele minuto de silêncio que sempre ocorre nas conversas, em vez do crepitar do fogo se escuta o motorzinho da vela fazendo nhóim, nhóim, nhóim... Ainda bem que desliga com o controle remoto.

Um pinheirinho que canta e dança – Um não, dois! Dois lindos modelos de pinheirinho que cantam e dançam suas canções natalinas favoritas. Estou tão emocionada que nem posso falar mais sobre isso...

Um boneco de neve inflável – Mas não só isso. Um boneco quase humano: além do brilho próprio – fornecido por duas lâmpadas em seu interior, a criatura de 1,80 treme de frio! Oh! Imagina que lindo, em vez de nhóim, nhóim, nhóim ter um objeto vibrador de quase dois metros no quintal...

Uma toca que canta e dança – Claro, porque não?!?!? Obviamente você precisa primeiro comprar essa roupinha ma-ra-vi-lho-sa de mamãe Noel e pagar o mico do ano saindo do banheiro vestida assim para surpreender sua cara-metade com três primos e dois tios ainda meio bêbados na sala! Por que claro, vestir-se com a temática de Natal é o que há de mais sexy. Mas para fechar a noite de amor, não esqueça de comprar a toquinha e entre fazendo um strip-tease ao som de Jingle-bells, tocado pela própria toca, claro, enquanto a coisa vermelha se contorce na sua cabeça. Será que vem com luzinha no pompom? Vai ser uma noite quente...

E de brinde a sétima, que não é natalina mas pode garantir um ano inteiro de bizarrice:


Peixe de um metro e meio cheio de gás hélio e dirigível por controle remoto. Como eu nunca pensei nisso antes!?!?!?! Já sei o que pedir pro Papai Noel...

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Doutorado na Alemanha: passo-a-passo para conseguir uma vaga, um orientador e uma bolsa de estudos

Bremen: clima ruim, mas uma boa universidade em uma cidade charmosa

Fazer doutorado na Alemanha pode ser uma grande vantagem, uma vez que o ensino por aqui é gratuito, salvo as poucas universidades privadas do país ou alguns cursos muito específicos. O dinheiro do financiamento que se recebe serve para pagar as despesas de moradia e subsistência. Além disso, para os padrões europeus, a Alemanha (exceto do Sul!) é um país bem barato. Esse post detalha os passos para quem pensa em fazer doutorado por aqui. Por isso, antes de enviar qualquer pergunta, leia atentamente.

É preciso dizer que para os brasileiros ficou ainda mais fácil chegar ao doutorado com as bolsas do programa Ciência sem Fronteiras (CsF). Antes, a seleção toda dependia de um convênio entre Capes/Cnpq/Daad, com chamadas anuais e que, em média, concediam cerca de 60 bolsas de doutorado pleno. Essas bolsas ainda existem e contemplam também áreas que estão fora do CsF.

É possível participar dos dois processos seletivos ao mesmo tempo. Uma coisa é independente da outra. Se a sua área não for diretamente engenharias ou computação, fique atento a uma área do CsF que se chama Indústria Criativa: uma série de projetos de moda, design, comunicação e outras áreas distantes da engenharia encontram abrigo ai e, com isso, podem se encaixar no escopo do programa.

Quanto a língua, é preciso ter proficiência pelo menos em inglês. Obviamente não dá para chegar no país sem se comunicar com o professor e sem ter uma língua de trabalho. As universidades aceitam Toefl ou Ielts, além de outros exames de proficiência. As duas bolsas (Capes/Cnpq/Daad e CsF oferecem curso de alemão por um período de um a seis meses antes do início da bolsa, conforme a necessidade do aluno). Para estudar em alemão, exceto na área de Direito, onde a exigência de língua é maior, é preciso ter o TestDaf ou o DSH2 equivalentes ao avançado (C1). No período do curso de alemão recebe-se moradia (indicada pela escola de alemão), curso e uma ajuda de custo financiada pelo Daad. A bolsa de doutorado propriamente dita inicia depois do curso de alemão.

Os tipos de doutorado

Em primeiro lugar é preciso ainda decidir o que se quer fazer aqui: um doutorado integral (de três a quatro anos) ou sanduíche, que é um ano fora quando já se está matriculado no doutorado em alguma universidade brasileira. Se o doutorado for integral, existem quatro possibilidades. O site do Daad também tem dicas importantes.

Programa de doutorado: são raros na Alemanha. São cursos de doutorado como no Brasil, com cadeiras estruturadas, para os quais deve se fazer a inscrição no processo seletivo diretamente na universidade, observando as exigências, datas e prazos de cada uma. Mas note bem: nunca conheci ninguém que fizesse doutorado assim aqui.

Posição de pesquisador: Para essa você não precisa ter uma bolsa. Trata-se de um contrato de trabalho como assistente de pesquisa em uma universidade, geralmente em algum projeto pré-existente. Nesse período de trabalho, o doutorando desenvolve sua pesquisa em paralelo, geralmente relacionada ao projeto em que trabalha. Muitas universidades europeias oferecem posições assim e é fácil encontrar vagas nesse site, nesse e nesse outro ainda.

Doutorado em empresa: Um professor doutor vinculado a alguma universidade orienta o estudante durante uma pesquisa feita diretamente na indústria, com objetivos práticos relacionados a empresa que remunera o doutorando.

Pesquisador livre (Promotion): É a modalidade mais comum de doutorado por aqui. É um acordo entre o professor e o aluno e as regras são estabelecidas nessa relação. São as vagas mais fáceis de se conseguir e as que funcionam melhor junto com o financiamento das bolsas brasileiras. Segue uma explicação mais detalhada de como funciona o acordo.

Como encontrar uma universidade e um orientador

Escrevo como foi a minha abordagem, mas podem existir outras maneiras: a parceria entre universidades, um professor como contato, etc. Bem, fiz sozinha um projeto inicial do que me interessava trabalhar no doutorado e procurei, na Alemanha toda, professores que pesquisassem o tema. A grande maioria tem o curriculo on-line. Observe sempre que para doutorado tem que ser uma Universität (e não uma Hoschule ou Fachhoschulle, que são técnicas!) e obviamente o professor tem que ser doutor (há professores que não são por aqui).

Depois dessa busca, selecionei doze professores que poderiam me orientar e enviei a eles um email me apresentando, falando da minha ideia de pesquisa (dois parágrafos, não mais! Para ter certeza de que leriam!) e dizendo que não estava procurando bolsa, já que poderia contar com financiamento de bolsa do Brasil. Dos 12, um disse que tava se aposentando, outro sugeriu um colega mais na área e DEZ disseram que aceitariam me orientar e pediram para mandar mais detalhes de projeto, curriculo, minhas notas, etc.

Na sequência, dei uma melhor selecionada pela universidade, pela região que queria morar e então agradeci os demais e escolhi um. Esse professor te da uma carta de aceite: nela ele diz que, caso você consiga a bolsa, ele aceita ser o teu orientador. Isso basta para se inscrever nos editais. Ai é torcer para que o projeto esteja bem feito e que seja aprovado pelo comitê de seleção das bolsas no Brasil.

Já com a bolsa, a matrícula na universidade

O segundo passo é dentro da universidade alemã: o professor vai sugerir ajustes no projeto (ou não!) e vai encaminhar ao PhD comitê da universidade. Esse comitê se reúne três ou quatro vezes ao ano, não mais. Esse comitê avalia o projeto e diz se o aluno pode ou não se matricular, se terá ou não que cursar disciplinas como formação complementar.

Caso seja negado, nada de desespero: é preciso refazer ou ajustar o projeto para a próxima reunião. Isso não é um problema para a bolsa: uma carta do seu professor dizendo que você já está trabalhando é o bastante para que os pagamentos sejam efetuados. Depois da aprovação do comitê, você é autorizado a se matricular como PhD Candidate na universidade (algumas faculdades têm uma modalidade especial de matrícula que é de Perspective PhD Candidate: isso permite a matrícula de quem ainda está fazendo os ajustes no projeto, por exemplo, mas garante benefícios de estudante e visto enquanto ainda está aguardando a aprovação do comitê).

A forma como se vai trabalhar - se o aluno vai ter uma sala na universidade, se vai usar a biblioteca, se vai trabalhar de casa - é definida entre aluno e professor, bem como a periodicidade dos encontros. As regras podem variar um pouco em cada universidade, assim como a lista de documentos exigidos para a matrícula, prazos e afins. Mas em um resumo bem geral é assim que funciona o processo.

Outras bolsas de estudo para brasileiros

Mas as bolsas para doutorado não se resumem a Capes/Cnpq/Daad e CsF. Brasileiros podem se candidatar a uma série de outros financiamentos oferecidos por instituições alemãs e internacionais. Mas ai, nada como usar o bom e velho Google, né! :)



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Turismo em Berlim: dicas para se hospedar barato na capital da Alemanha

 

Estou empacotando a vida mais uma vez: vou voltar a viver em Berlim, cidade pela qual eu morro de amores, mesmo com o desgaste que isso traz. E explico o porquê. Quem vive em Berlim sabe bem o que é ter sua casa transformada em um hotel. Na primeira vez que vivi na cidade, organizamos um calendário para dar conta de acomodar as visitas: em vários dias, saia uma pessoa de manhã, chegavam duas a tarde.

Não me entenda mal: eu adoro receber visitas, mesmo. Mas gosto de receber as visitas com tudo o que elas têm direito: cozinho pra elas, deixo toalhas cheirosas, lençóis limpos e quero ter tempo de passear com elas pela cidade, de conversar. Mas eu tenho uma vida também. Eu trabalho de casa e não ter um horário a cumprir não significa que eu não tenha muito o que fazer. Não posso abrir mão do calendário todos os dias para receber alguém.

Sei que muito mais gente passa por isso e dá de cara com aqueles que não entendem porque eu não tenho uma reação de felicidade extrema quando fico sabendo que o amigo do meu amigo (que provavelmente é um cara gente boa pacas!) está vindo pra cidade. Ou porque prontamente não ofereço hospedagem para aquele colega do segundo grau (sim, na minha época era segundo grau!) que nunca falou comigo nas últimas décadas.

Pois bem. Terminado o muro de lamentações, eu quero deixar duas coisas bem claras: primeiro, se você é meu amigo de verdade eu vou fazer questão de te receber e pode vir sem ter vergonha, porque se fiz o convite, foi sincero. Se você é meu amigo de verdade e eu não te convidei para ficar na minha casa, pode ter certeza que fiz isso com o coração partido, mas não pude receber você naquele momento. Se você é meu amigo de verdade, vai entender que não posso hospedar aquele SEU amigo de verdade, sua prima, o vizinho da sua mãe. E por isso fiz uma listinha de opções de hospedagem que cabem no bolso de todo mundo que decidiu incluir Berlim no seu roteiro de Europa mágica.

Sites para reservar hotéis: eu costumo usar o Booking. Para quem quiser tentar outras alternativas, tem um post bem interessante aqui, com sites pra economizar na reserva.

Hotéis baratos: Em Berlim tem um Easy Hotel. É a versão hoteleira low cost, e não por acaso é da mesma rede da aérea Easy Jet. Funciona bem para casal: um quarto minúsculo, mas muito limpo. Um micro banheiro com chuveiro (tudo de vidro, sem muita privacidade) dentro do quarto, mas com preço de hostel (ou mais barato!). Ficamos lá varias vezes, quando vamos a Berlim: a gente sabe que nem sempre os amigos podem nos receber! A cadeia de hotéis Ibis Budget segue o mesmo esquema, mas com uma porta de banheiro opaca que garante um mínimo de dignidade para quem vai fazer o número dois.

Hostel: Não sou muito fã desse tipo de hospedagem. Acho que já passei da validade. Mas se o quarto for só para duas pessoas, até não me importo em dividir o banheiro se for por uma noite ou duas. O próprio site do Booking localiza hostel também. Uma rede famosa de hostel é a A&O, embora eu pessoalmente nunca tenha experimentado. Se alguém tiver uma dica melhor nesse quesito, é só comentar que adiciono aqui! 

Atualizando: Me hospedei no A&O que fica nos fundos da Estação Central de Berlim nos 25 anos da queda do Muro e, apesar do hotel/hostel estar bem cheio, o quarto que ficamos (na parte que é hotel - ou seja, com banheiro privativo e uma cama de casal) estava silencioso. As cortinas são finas e pequenas, mal cobrem a janela. Essa é minha única observação negativa. Não tomei café da manhã por lá.

Airbnb – Atualmente é o meu queridinho. O Airbnb é um site que faz o meio de campo entre quem tem uma casa, um quarto ou uma cama para alugar e quem precisa de um canto para dormir. Todas as experiências que tive até agora foram ótimas, mas para isso é preciso ler com cuidado todas as avaliações feitas pelos outros usuários. Funciona assim: você faz um cadastro, cria um perfil e começa a procurar o que precisa. Eu gosto de alugar o apartamento inteiro, o que significa ter uma cozinha para o café da manhã ou mesmo para o jantar, se quiser economizar um pouco. Mas é possível alugar só um quarto, com a família na casa ou mesmo só a cama em um quarto. Os preços variam conforme a localização, os serviços oferecidos. É um baita negócio pra ambas as partes. Mas lembre-se: não é uma reserva de hotel. Você precisa ser simpático – e aos poucos construir uma reputação pelas avaliações que recebe – para convencer o dono da casa a te receber.

Couchsurfing e Hospitality club: os dois sites funcionam da mesma forma. Você entra, fala com as pessoas, pede hospedagem e, com sorte, acha alguém que queira te receber, de graça, em casa. Como a coisa toda não envolve dinheiro, é preciso sorte e simpatia para assegurar um colchão na sala. É a forma mais barata de viajar, dá para conhecer muita gente bacana, mas em cidade turísticas pode ser mais difícil de conseguir espaço. Mas sempre vale tentar.

Para fechar, é obvio que em Berlim existem hospedagens de 20 a 2000 euros (provavelmente mais, mas eu nunca pensei muito no assunto!). Eu, particularmente, não procuro muito luxo quando saio por ai. Quero comodidade, segurança e bom preço – e usar o dinheiro economizado para viajar mais! Em todas as cidades da Europa que já visitamos – e Berlim não difere muito – uma hospedagem para casal em um lugar limpinho e bem localizado (o que pode significar ser perto de um metrô!), com banheiro privativo, sai entre 50 e 75 euros. Em Berlim eu sugiro ficar nas imediações do Centro (Mitte, Tiergarten, Moabit, etc) ou no coração da balada, em Prenzlauer Berg, por exemplo. De qualquer forma, o transporte da cidade é bastante eficiente, mesmo a noite. 

Se quiser uma dica do que fazer na cidade, escrevi um post bem completinho com um roteiro de três dias. Para quem não sabe o que comer, opções baratas e saborosas nesse post! A hashtag Berlim aqui do Blog tem vários posts interessantes pra conhecer tudinho da capital alemã. Boa procura e boa estada em Berlim!


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