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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Casamento real: um dia para celebrar a pieguice

A linha do tempo das redes sociais passou o dia em disputa na tela do meu computador. Orkut, Facebook, Twitter e afins entremeavam comentários sobre o casamento real e sobre o tormento de este ser o único assunto do dia. Alguns mais exaltados questionavam se ninguém tinha nada melhor pra fazer. Outros pediram o apoio pra causa A ou B. Eu, particularmente, só dei um palpite e ainda assim foi reclamando: queixas do porque a TV alemã resolveu dublar o casório em todos os três ou quatro canais que transmitiam ao vivo.

Mas não me dei por vencida: do stream oficial da monarquia britânica eu vi o casamento de William e Kate. (Pausa para os suspiros de decepção, xingamentos e afins). Vi e achei lindo! A noiva deslumbrante no seu McQueen, o noivo meio calvo, nervoso e com cara de bobão. Um desfile da chapelaria mais refinada da Europa e o povo todo celebrando nas ruas como se cada um fosse convidado da festa. Foi um conto de fadas ao vivo: uma historinha da Disney Family se desenrolando sem cortes na TV.

Se eu estivesse em Londres – ou ao menos com tempo e dinheiro a mais na conta – eu teria ido me juntar à multidão. Não porque sou fã da realeza e menos ainda tiete de plantão de quem quer que seja. Mas por que sou jornalista e, em essência, a curiosidade me move. Mais ainda me impulsiona a vontade de ver ao vivo a vida acontecendo. Um capítulo da história, porque não, mesmo que seja uma historinha de água com açúcar e muitos souvenirs.

Por falar nisso, mesmo sem ter visto uma única vitrine com ofertas do enlace, já havia decidido qual comprar. Bateria pernas a cidade toda até achar a caneca que os chineses mandaram em contêineres com a foto do príncipe errado! Quer mais kitsch do que isso? Até premonitória, podem aventar as más línguas... já que o príncipe novinho tem a maior pinta de fanfarrão. Mas isso é assunto pros tabloides dos próximos anos.

Por hora, faço minha confissão: Amei o casamento e aceito as críticas. Futilidade, consumismo, reality show, pantomima, pão e circo. Tudo isso sim, mas também a delicadeza de uma história de amor moderna e real. Um pouco de fantasia em uma rotina tão fria e mecânica como a das ruas europeias. E como em todo o filme em que o final tem que ser perfeito, até a instável Londres soube cumprir seu papel mais do que ensaiado e ofereceu aos noivos um (inestimável) solzinho de presente.

Liguei a TV pouco antes do SIM e depois do beijo – meio sem graça – desliguei a e voltei ao papel de gata borralheira, tentando remover os quilos de pólen que me atormentam nessa primavera. A minha vida não mudou nada com o casamento real: mas certamente o dia ficou mais leve e feliz com a promessa renovada de que existe amor e que os contos de fadas, mesmo que temporários e apenas de 20 em 20 anos, podem ser reais. “Que seja eterno enquanto dure” e um brinde à rainha.

Um comentário:

Tornado Magal disse...

"Se eu estivesse em Londres – ou ao menos com tempo e dinheiro a mais na conta – eu teria ido me juntar à multidão. Não porque sou fã da realeza e menos ainda tiete de plantão de quem quer que seja. Mas por que sou jornalista e, em essência, a curiosidade me move. Mais ainda me impulsiona a vontade de ver ao vivo a vida acontecendo."
Que post maravilhoso, Ivana.
Concordo com cada uma das tuas delicadas palavras. Belíssimo texto, doce leitura, e um adorável clichê: o encantamento de (e com)uma história de amor. Também acompanhei tudo, fiz comentários -um deles, citando a elegância da noiva, sustentada graciosamente por sua simplicidade e graça, na tentativa de despertar uma reflexão nas "noivas "piriguetes", cheias de fendas, volúpias, apliques, peitos infláveis e poses de felicidade ensaiada para ficar bem nas fotos. Eu acredito no amor e na(s) sua(s) linda(s) história(s). Vi o casamento por isso, para ter um dia de asbtração de um mundo tão hostil. E terminei o dia beijada pelo Cleber, que me disse, confortando-me em seus braços: "Vamos casar casar mesmo, meu amor, não por cerimônias ou burocracias, mas para celebrar a coisa mais importante desta vida: o amor."

Susan Liesenberg

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