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sexta-feira, 19 de março de 2010

FairPlay x falta de educação

Eu gosto de viver na Alemanha e de um modo geral, vejo muito mais coisas positivas do que negativas aqui. Mas às vezes, algumas coisas irritam profundamente e nessa hora sinto falta de não saber todos os palavrões possíveis nessa língua tão cheia de consoantes. Pra ser justa, então, divido o post em duas partes e conto a história toda.

FairPlay


Nesta quinta-feira fui ao Weserstadion, a trabalho, acompanhar o jogo Werder x Valencia – segunda rodada das oitavas-de-final da UEFA Europa League. Havia uns 40 torcedores espanhóis por lá, cercados por uns 80 seguranças o que ficou cômico e obviamente, desnecessário. Mas o tal do FairPlay – por parte dos alemães, diga-se bem! – começou cedo.

Recebi, na terça-feira, um e-mail da assessoria do Werder com o convite da festa que a torcida organizada do Werder estava preparando para os espanhóis. Isso mesmo! Não errei os nomes. Os alemães organizaram uma recepção (leia-se “esquenta”, no Brasil) para os torcedores visitantes. Confesso que tal grau de civilidade me deixou boquiaberta. E feliz por morar em um país que sabe se comportar assim.

No jogo – apesar do Valencia não ter retribuído a elegância do FairPlay em campo –, os alemães voltaram a mostrar que sua paixão é pelo bom futebol. O Werder – que tinha empatado o primeiro jogo, lá, em 1 a 1 –, acabou empatando, em casa, por 4 a 4. O resultado – pela regra de gols marcados fora de casa – deu a vaga nas quartas-de-final aos espanhóis e fez os alemães, que na temporada passada chegaram à final, despedirem-se mais cedo da competição.

Como a torcida reagiu ao fim do jogo??!?!?! Aplaudindo o time, de pé, pelo grande espetáculo que assistiu. Foi um jogão de bola e o torcedor soube reconhecer isso. Bateu palmas na saída dos jogadores, cantou o hino do time ‘derrotado’ e foi, civilizadamente, embora. Eu fiquei até mais tarde gravando uma entrevista (que ta aí ilustrando esse post) com o Hugo Almeida – atacante português que marcou um golaço e, sem protecionismo, foi o melhor em campo pelo Werder. Quando saí, ainda vi uns espanhóis bebendo pela rua e os alemães – que amam passar férias em Mallorca – enrolando a língua pra bater um papo. 100% FairPlay.

Falta de educação

Mas nesta mesma Alemanha, as pessoas não fumam: elas comem cigarro. É impressionante o número de tabagistas por aqui e a falta de educação deles. E a falta de leis e regras para disciplinar o consumo de cigarro em ambientes coletivos. O país gira em torno de quem fuma e quem não fuma – e ODEIA cigarro, como eu – que se dane. Foi assim durante o jogo. A tribuna de imprensa não fica separada da torcida: prova de civilidade. Mas tem sempre um cidadão que se acha no direito de passar a partida inteira dando baforadas de um insuportável charuto (um após o outro, na verdade) na cara de quem está por perto. No caso, a minha.

Com todo o português que me cabe: filho da puta, desgraçado, mal educado. Que pegue a merda do charuto e enfie no cu. É o mínimo que ele mereceria ouvir se eu soubesse tudo isso em alemão. E o mesmo vale para todos os fumantes (amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos): não fumem perto de mim. Eu odeio cigarro e o cheiro maldito que ele deixa em toda e qualquer pessoa.

Ufa. Desabafei.

Por outro lado, ontem, fomos a um pub irlandês festejar o St Patrick’s Day... e TODOS os fumantes usavam ou a área reservada ou fumavam na rua. Voltei para casa sem um cheirinho de fumaça... Louvável. Vai ver é porque quase ninguém no pub falava alemão...

Mas hoje, a falta de educação compensou e me fez esquecer o “bom comportamento” do dia anterior. Não bastasse o fumacê do jogo, na volta pra casa, esperando o trem, sentei no banco vazio da parada. Eis que chega um cidadão, de posse de seu fedorento charuto, falando ao celular e, sem o menor vestígio de estar se preocupando, senta-se do meu lado e passa a baforar na minha direção. Outro grandessíssimo filho da puta. Levantei, saí, jurando que vou aprender todos os xingamentos do mundo para essas situações. Por hora, só tenho um desejo: que todos os malditos apreciadores de charuto apodreçam seus pulmões e morram asfixiados na própria fumaça da forma mais horripilante possível. No mínimo.

Um comentário:

Juliana Costa disse...

Assim, aqui no Brasil um cara fumou dentro de uma estação de ônibus fechada, ai, eu como a minha rinite, comecei a passar mal e tive q usar até a minha bombinha.
Nesta hora, o cara FICOU VERDE de medo, começou a me ajudar, pq eu tava sufocada, ele pediu desculpas e fez mil promessas.
Quando eu vi aquilo ai sim eu comecei a fazer cena para ele ver q o cigarro faz mal para ambos os lados. Aqui ta rolando umas mensagens de nao fumar em locais assim.
Q povo cara de pau esse!
Quando vc aprender a xingar, me ensina depois =)
Beijosss

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