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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pequenos detalhes que poderiam fazer Blumenau mais interessante para o turista


A saída de Blumenau foi corrida, assim como são todas as viagens... ainda mais aquelas em que se parte para vários anos. Mas enfim, aqui estou em Berlin (com n, como é o nome da cidade em alemão), como já falei no post anterior. Este, então, é o post derradeiro sobre Blumenau: fiquei devendo as impressões sobre visitar a cidade como turista. Recapitulando: Recebi uma amiga muito querida – a Rebecca – que mora em Hamburg e está fazendo um intercâmbio na USP. Saímos com a missão de conhecer a cidade. Empunhei a máquina fotográfica em plena Oktoberfest e parti. Ai vão algumas impressões, seguindo o nosso roteiro de visita.

No Museu da Família Colonial o atendimento foi muito simpático, mas a visita guiada pelo museu é uma decoreba bem chata. A explicação começa com algo do tipo: essa era a casa de fulana de tal, parente não sei das quantas do Dr. Blumenau. Ok, eu sei quem é o Dr. Blumenau (o fundador da cidade, pra quem não sabe): mas acredito que a maioria dos visitantes não faz a menor ideia de quem seja. Tem que falar isso: dizer quem era, como a cidade começou e por ai vai. Falta essa introdução. A segunda casa, recém agregada ao patrimônio, se parece muito com o que já foi visto na primeira. A terceira casa da visitação – com elementos da cultura local – é a pior: seria interessante que fossem montadas exposições temporárias um pouco mais criativas ou mesmo que o espaço fosse remodelado para abrigar o já tão discutido Museu dos Clubes de Caça e Tiro.

Várias coisas poderiam ser melhores neste museu: a entrada poderia até ser mais cara, mas o visitante deveria receber um impresso bonito sobre o museu e sobre a história da cidade, com sugestões para continuar a visita. Além disso, acho que o Vapor Blumenau deveria ser colocado no lugar onde foi a casa do Dr. Blumenau, completando o espaço. Também seria muito bacana se a cidade fizesse uma parceria com os museus da imigração de Hamburg e Bremerhaven (já dei essa sugestão pra um monte de político, mas parece que as agendas de visita à Alemanha são sempre muito ocupadas!) e agregasse ao Museu da Família Colonial as bases de dados sobre a imigração alemã. Seria bem bacana visitar o espaço e poder pesquisar sobre a história de sua própria família: um chamariz para os próprios blumenauenses.

O fim da visita é no Cemitério dos Gatos: fofo, mas confesso que fiquei com medo de ser assaltada lá no meio do mato, onde não há qualquer tipo de vigilância ou proteção. Deveria ser cercado. De lá, por “acidente”, saímos nos fundos da Fundação Cultural de Blumenau: não havia qualquer placa indicando isso e nem sugerindo as exposições do local. Encontramos uma porta aberta com a Rede Feminina de Combate ao Câncer mostrando seu trabalho: ponto para as mulheres de rosa.

Cemitério dos gatos: Bonitinho, mas a sensação é de insegurança

Do outro lado da rua visitamos o (decepcionante) museu da Cerveja. Sou completamente a favor da cobrança de ingressos que contribua com a profissionalização do espaço. Neste caso, tecnologia daria conta: separar as áreas com divisórias, oferecer um guia em áudio e terminar a visita em uma lojinha com as cervejas locais, camisetas, bonés, porta-copos e todas as tralhas que turista ama e não acha em lugar algum. Há um mini auditório por lá, com uma televisão mostrando qualquer coisa que ninguém tem paciência pra ver: por que não montar a loja nesse lugar? E, durante as festas, para quem paga uns reais a mais, por que não uma degustação de algumas bebidas locais? Eu pagaria feliz e sairia recomendando aos amigos. Do jeito que está agora, não tem qualquer razão de ser.

Museu da Cerveja: Falta profissionalizar a visita, oferecer degustação e vender produtos locais

O Mausoléu Dr. Blumenau nem merece a visita. É um espaço morto. Entramos e saímos sem nem merecer o olhar do responsável, entretido com um jogo de futebol em uma tevê sob a mesa. Quem são as pessoas que estão lá? Quando o espaço foi construído? Mais uma fez faltou um folheto bacana contando tudo isso. Além do mais, por que não aproveitar o espaço para uma exposição de fotos antigas/atuais de Blumenau? Ou como existem em várias prefeituras da Alemanha, que tal algumas maquetes bem bacanas da cidade em diferentes épocas? Aposto que o curso de Arquitetura da Furb seria parceiro em uma empreitada dessas.


Mausoléu Dr. Blumenau: maquetes, como as que as prefeituras alemãs possuem, seriam uma forma interessante de atrair mais público ao espaço

Seguindo pela rua XV, pouca informação está disponível. E ai, vale mais uma vez copiar a Alemanha – esta proposta cheguei a mandar por escrito para um montão de gente... e nada, mais uma vez. Poderia ser como Hannover: por lá, foi pintada uma linha vermelha no chão (literalmente), com números em cada ponto de interesse. Nos centros de informação turística vende-se um livreto, em várias línguas, com a mesma numeração da rua, explicando o que é cada coisa. É tão simples que parece bobo: mas funciona perfeitamente bem e funcionaria também para Blumenau. Com isso, todas as fachadas de casas históricas que estão cuidadosamente espelhadas no leito da Rua XV seriam notadas.

Linha vermelha: Em Hannover, uma linha guia os visitantes, que acompanham o trajeto com um livreto

Nesse passeio turístico, fui contando o que sabia e no fim foi bem divertido. Mas se fossemos realmente duas turistas, o pouco que levaríamos da cidade seriam fotos de suas fachadas e a farra etílica pelo centro. Nada mais. Blumenau é um destino turístico interessante, mas completamente despreparado para se exibir aos seus visitantes. Uma pena. Com investimentos pequenos – que dependem mais da boa vontade do que de dinheiro – poderia se tornar mais acolhedora e mais Rebeccas sairiam bem impressionadas e felizes depois de percorrer os poucos metros tão cheios de história (negligenciada)...

Um comentário:

daniel disse...

A ideia da “linha vermelha”, como existe em Hannover é extramemente interessante!

Em fevereiro estive em Quedlinburg, uma pequena e antiga cidade em Sachsen-Anhalt, Alemanha. Eles têm uma ideia parecida e ainda mais legal por lá.
A cidade também foi mapeada no estilo de Hannover, mas além do livreto informativo, é possível também alugar na central de informações turísticas um aparelho de áudio, ou até mesmo baixar o áudio gratuitamente na internet.

Assim, pode-se fazer de graça um turismo com um guia de áudio por toda a cidade. Esse áudio, que se não me engano tinha +- 2:30, te acompanhava por toda a cidade, dando instruções de onde e por onde ir, e contando a história da cidade. Como você mesmo disse no post, é algo simples, e exige um pouco de vontade, e quase nenhum investimento.

Também tinha dado esta ideia para um conhecido que trabalha na Secretaria de Turismo de Blumenau, mas até agora, nada...

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