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domingo, 6 de novembro de 2011

Berlin, Berlin, wir fahren nach Berlin!

Faz pouco mais de uma semana que cheguei em Berlin e, de certa forma, me sinto como se vivesse aqui há muitos anos. Chegar a uma cidade diferente, mas já conhecendo as regras do país, ajuda muito, claro. Mas Berlin – enorme e sem a beleza de contos de fada que se espera de uma cidade tipicamente alemã – conquista pela diversidade e pela forma prática que se dispõe. É uma cidade viva! Não é preciso andar muito para se encontrar o que precisa. E se precisar ir longe, o sistema de transporte coletivo é eficiente, rápido, limpo e bem organizado. Não falemos dos ônibus, pois... Já descobri que por aqui os tais não costumam ter a pontualidade de outras cidades menores.

Mas quem se importa com ônibus quando tem um livro de história de páginas abertas a cada vez que coloca o nariz para a rua? A beleza das casinhas enxaimel se torna, de certa forma, naive, com o significado das simples pedras encrustadas no chão e que redesenham a trajetória do muro. Aliás, cabe aqui uma explicação que eu sempre achei redundante, mas depois de descobrir que muita gente achava que o Muro de Berlin separava a fronteira das duas Alemanhas, prefiro pecar pelo excesso do que pela falta. O Muro de Berlin separava as metades socialista (DDR) e capitalista da cidade de Berlin na época da Alemanha dividida. As fronteiras dos então dois países não eram muradas: havia postos e controle, mas não um muro cortando o leste e oeste. O Muro cercava uma ilha capitalista encravada no coração da DDR e fazia de Berlin uma cidade recortada. Além disso, no pós-guerra, a parte capitalista era subdividida em setores que eram comandados pelos aliados: França, Inglaterra e Estados Unidos. Charlottenburg, onde vivo hoje, era a parte inglesa de Berlin.

No centro, um museu conta a história da DDR e nos supermercados da cidade, ainda estão a venda tradicionais produtos e marcas dos tempos de socialismo. Já viu o filme Adeus, Lenin? Se não, vale correr pra locadora (ou pro the Pirate Bay!) e resolver isso. Nas áreas circunvizinhas à Alexanderplatz (ou Alex, simplesmente, como chamam os berlinenses) algumas lojas se encarregam de manter viva a nostalgia do Leste: oferecem de artigos de limpeza à brinquedos, o famoso espumante Rotkäppchen (chapeuzinho vermelho!) ou mesmo a versão comunista da Nutella: Nudossi, que usa como propaganda o fato de ter 36% de avelã – disponível com muito mais facilidade nos anos de separação do que o cacau, que precisava ser importado a duras penas, por conta dos embargos econômicos.

Voltando à divisão, vale dizer que Charlottenburg é enorme e, como em toda Berlin, tudo aqui é superlativo: era o centro da antiga Berlin Ocidental. O bairro é tão grande que cabe, dentro dele, uma ilha. E logo eu, apaixonada por Florianópolis e casada com um manezinho, voltei a viver cercada de água por todos os lados. Claro que neste caso chamar a região de Mierendorffplatz de ilha é uma licença poética bem grande: são quatro braços de rio que, de certa forma, cortam a região e formam essa ilha de algumas quadras. Mas não deixa de ter seu charme.

Passear por Berlin é se sentir convidado a ficar: e é isso que fazem cerca de 30 mil novos moradores que se instalam por aqui todos os anos. É uma grande cidade meio feiosa, com 16 distritos que funcionam quase como cidades independentes e que oferecem estilos e personalidades distintas. Ainda não sei qual deles combina comigo: se Charlottenburg ou algum outro. Faz muito pouco tempo que cheguei aqui pra responder isso, mas de certa forma, já sei que não quero ir embora...

E, só pra constar, três observações:

- Berlin, em alemão é com n e prefiro usar dessa forma, embora em Português o correto seja Berlim, com m.

- Berlin, Berlin, wir Fahren nach Berlin! O título desse post é um grito de guerra das torcidas de futebol por aqui. A final da Copa da Alemanha é disputada sempre em Berlin e, dessa forma, para incentivar o time, os torcedores gritam: Berlin, Berlon, nos vamos para Berlin!!!

- A foto que ilustra esse post é do Siegessäule, uma estátua de bronze de cinco metros e cerca de 35 toneladas, erguida em 1873 para celebrar as conquistas militares da Prússia. Mas também da pra imaginar que se trata de um anjo da guarda, de olho nessa feia simpática...


3 comentários:

Eve disse...

Ops! Ganhei uma vizinha? ;)

Lara disse...

Ivana, bem vinda a Berlin! Caso se interesse, os brasileiros de Berlin se encontram todo final de mês para um bate-papo. Além disso, caso alguém por aqui tenha vontade de aprender mais sobre Direito Brasileiro, a Humboldt-Universität zu Berlin oferece um curso de Direito Brasileiro em português (http://frs.rewi.hu-berlin.de/brasilianisch)!

Miller Manteiga disse...

Oie Ivana, tudo bem?
Leio sempre o seu blog, mas nunca postei nenhum comentário.. pois bem, agora estou aqui :)
Te sigo no Twitter também.
Boa sorte nessa nova estadia por Berlim, beijo.

de volta à nave mãe - desde 2008 © Ivana Ebel